sexta-feira, 17 de junho de 2011

Baralho de Aleister CROWLEY



Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.
("Do what thou wilt shall be the whole of the Law.")
Amor é a lei, amor sob vontade
("Love is the law, love under will.")
Aleister crowley



Este é o lema da filosofia proposta por Aleister Crowley, antes de ser um filósofo inglês, era um profundo pensador. Indiscutivelmente um homem “a frente de seu tempo”. Inteligente, estudioso,... mas, que a meu ver deixou de usar o “equilíbrio” de Libra (seu Signo Solar) e de forma intrépida, foi descortinando os véus do ocultismo, sem a menor prudência. Isso, as perdas, além de outros augúrios de seu Mapa Natal, o tornou uma “presa fácil” de energias que ele pensava que conhecia, acabando por se tornar um homem perseguido, cheio de vícios e muito angustiado, levando-o quase a loucura. No fim de sua vida transformou-se numa figura decadente.







Foi na Universidade, que Crowley finalmente se encontrou. Com muito dinheiro (da herança de seu pai) e livre da repressão da família, exerceu todas as atividades pelas quais ficou conhecido: alpinismo, poesia, enxadrismo, sexo e magia, e, dizem, foi excepcional em cada uma delas.


Edward Alexander Crowley, ou Aleister Crowley (12 de outubro de 1875 - 1 de dezembro de 1947.) - No entanto se julga ele - era um homem fascinante que viveu uma vida incrível. Ele é mais conhecido como sendo um influente ocultista britânico responsável pela fundação da doutrina Thelema. Co-fundador da AA e eventualmente um líder da Ordo Templi Orientis (O.T.O.). Um ocultista infame e o escriba do Livro da Lei, que introduziu Thelema para o mundo. Crowley foi um membro influente nas organizações ocultas, várias, incluindo a Golden Dawn. Ele foi um escritor prolífico e poeta, um viajante do mundo, montanhista, mestre de xadrez, o artista, yogi, provocador social, viciado em drogas e libertino sexual. A imprensa adorava demonizá-lo e apelidado - Crowley "O pior homem do mundo".




Criador da filosofia de Thelema como é entendida atualmente.


Em 1904, (no Retorno de Saturno – 29 anos) em uma experiência mística, teve o Livro da Lei ditado a ele por uma entidade denominada Aiwass, livro sagrado que atua como pedra fundamental para o sistema filosófico, religioso, social e mágico chamado Thelema. E que Crowley resumia seu pensamento e pregação no conteúdo desta obra.

Os princípios hedonistas de Crowley, com a pregação do aproveitamento dos prazeres terrenos, incluindo sexo e drogas, foram base para todas as doutrinas satanistas que se seguiram, embora Crowley não tenha de maneira clara em sua obra se declarado satanista, sendo mais apenas um anti-cristão, tendo tomado para si a denominação de "Número 666". Por ser uma figura controversa, Aleister Crowley despertou muito interesse entre artistas de rock, em especial de heavy metal.





THELEMA

Do grego θέλημα: Vontade, a partir do verbo θέλω: desejar, ter um propósito.

Thelema é a filosofia ou religião - dependendo do ponto de vista - baseada nos dois preceitos fundamentais da chamada Lei de Thelema:
 
Estes foram apresentados ao mundo, desta forma, no Livro da Lei (Liber AL vel Legis), escrito por Aleister Crowley nos dias 8 a 10 de abril de 1904. Seus adeptos são chamados de "thelemitas".
 
Crowley desenvolveu o sistema thelemico a partir de uma série de experiências metafísicas experimentadas por ele e sua então esposa, Rose Edith Kelly Crowley, no início de 1904. A partir dessas experiências ele argumentava ter sido contatado por uma inteligência não-corpórea denominada [Aiwass] também conhecido como oz (a quem identificou mais tarde como seu Sagrado Anjo Guardião), a qual ditou a ele, entre o meio-dia e as 13 horas dos dias 8, 9 e 10 de abril daquele ano, o Livro da Lei (Liber AL vel Legis). Sabe-se, além disso, que pensadores anteriores a Crowley apresentaram traços da cosmovisão e sistema contidos no livro, de modo que o conhecimento thelêmico, embora coroado pelo Liber AL, não se restringe a ele.

O livro contém tanto a frase "Faze o que tu queres será o todo da Lei" quanto o termo θέλημα, o qual Crowley tomou como nome do sistema filosófico, místico e religioso que veio a se desenvolver a partir do texto daquele livro, considerado como sagrado pelos thelemitas (aqueles que seguem a filosofia ou religião de Thelema). O sistema thelemico inclui uma série de referências de magia, ocultismo, misticismo e religião, tanto ocidentais quanto orientais, tais como a Cabala e a Yoga. Segundo Crowley, Thelema representaria um novo sistema ético e filosófico para a humanidade, caracterizando um Novo Eon (nova era).



É comum que a Lei de Thelema seja compreendida, à primeira leitura, como uma licença para que se executem todos os desejos e caprichos que uma pessoa tenha, sem que haja responsabilidade ou consequências por seus atos. Contudo, esta filosofia prega justamente o oposto, partindo da idéia de que cada ser humano, por possuir livre arbítrio, é inteiramente responsável por sua existência e por suas ações, sem ser absolvido ou culpado por nenhum Deus ou Diabo no que tange o destino de sua própria vida. A liberdade de todo Homem e toda Mulher é, portanto, cultuada, uma vez que, como consta no Liber AL, "todo homem e toda mulher é uma estrela". O resultado disso é um profundo respeito a si próprio, à cada indivíduo e à cada forma de vida, como sendo expressões particulares do Divino.

Além disso, Thelema conclama cada um à descoberta e realização de sua Vontade (a inicial maiúscula sendo utilizada para diferenciar esta da vontade trivial, a expressão Verdadeira Vontade também sendo utilizada para tanto). Cada um de nós tem por obrigação descobrir e cumprir essa Verdadeira Vontade, deixando de lado todo capricho e distração que possa nos afastar deste objetivo máximo. Ao realizá-la, estamos nos integramos perfeitamente à nossa Natureza, que reflete a ordem do Universo. Portanto, realizar a Verdadeira Vontade é despertar para a Vontade do Universo.
 
Em Thelema, considera-se a Divindade como algo imanente: isto é, que vive dentro de tudo. Logo, conhecer sua Vontade mais íntima também é conhecer a Vontade de Deus. Esse processo de descoberta da Vontade além dos desejos do Ego constitui um método de realização espiritual baseado principalmente no autoconhecimento. Infelizmente, os escritos de Crowley são usualmente mal interpretados e incrivelmente tomados no sentido oposto ao original, dando origem a comportamentos anti-sociais que nada têm a ver com Thelema.
 
A nível social, Thelema pode ser entendida como a luta pela vivência da Liberdade de cada indivíduo, de modo que ele possa se realizar de acordo com sua órbita particular, isto é, dentro de suas vivências e escolhas específicas. Considerar a importância essencial do indivíduo para o mundo pode ser uma postura menos pragmática do que a tradição política adotada por sociedades opressoras e massificantes. No entanto, pelo que foi explicado anteriormente, está claro como a tirania e regimes tirânicos nada têm a ver com Thelema.



Aleister Crowley era um libriano nada diplomático ou afável: ele nasceu quando Mercúrio já se encontrava no signo de Escorpião, daí o sarcasmo e a ironia de seus escritos aliados a um conhecimento aprofundado de pesquisador obsessivo nas áreas da Magia, da Egiptologia, da Mitologia, Astrologia, Numerologia, Cabala, Gematria dentre outras.
Ele é conhecido hoje em dia por seus escritos sobre magia, especialmente o Livro da Lei, o texto sagrado e central da Thelema, apesar de ter escrito sobre outros assuntos esotéricos como magia, Crowley também era um hedonista, usuário recreacional de drogas, e crítico social. Em muita de suas façanhas ele "iria contra os valores morais e religiosos do seu tempo", defendendo o libertarianismo baseado em sua regra de "Faz o que tu queres". Por causa disso, ele ganhou larga notoriedade em sua vida, e foi declarado pela imprensa do seu tempo, como já vimos acima, "O homem mais perverso do mundo”.


O protestantismo vitoriano foi uma das manifestações mais repressoras de que já se teve notícia e Crowley, juntamente com alguns artistas de vanguarda de sua época teve a ousadia de se colocar contra todo esse sistema de valores e criar um sistema próprio, que por pior que fosse era melhor do que o sistema estabelecido.


A mente de Crowley, um misto de Nietzsche e Rabelais, com uma estética egípcia e um negro senso de humor, era, de certa forma, inescrutável. Apesar de freudianamente seus complexos serem óbvios, lendo Crowley nunca se tem certeza do que ele realmente quis dizer. Ele brincava com o leitor, geralmente o superestimando (principalmente nos primeiros livros, cheios de referências obscuras imprecindíveis para a compreenção da obra).


Apesar disto escreveu excelentes poesia e prosa, mas que de forma alguma superaram o interesse do mundo na história de sua vida, atribulada, trágica e cheia de aventuras como foi, por si só uma obra de arte.





Crowley nasceu em 1875, filho de um pastor de uma seita fundamentalista protestante, que também era dono de uma fábrica de cerveja. Seu pai morreu cedo, deixando boas lembranças no menino, mas sua mãe, segundo ele, era uma "estúpida criatura", e as brigas da adolescência logo fizeram com que sua mãe o chamasse de "Besta", apelido que adotou posteriormente e que lhe trouxe mais tarde boa parte da fama.


Aleister Crowley



Em 29 de Fevereiro de 1880, uma irmã, Grace Mary Elizabeth, nasceu mas sobreviveu apenas cinco horas. Crowley foi levado para ver o corpo, em suas próprias palavras em As Confissões de Aleister Crowley, o qual escreveu em terceira pessoa:


"O incidente criou uma curiosa impressão nele. Ele não entendia o porque de ser perturbado tão inutilmente. Ele não poderia fazer nada; a criança estava morta; aquilo não era de sua conta. Essa atitude continuou com o passar de sua vida. Ele nunca visitara outro funeral a não ser o do próprio pai, que ele não se importou em fazer, pois sentiu que ele na verdade era o centro de interesse."

Na escola se mostrou brilhante e obediente, até que foi culpado injustamente de um pequeno delito e foi posto de castigo, a pão e água, o que piorou sua já fraca saúde (tempos depois lhe receitariam heroína para a asma, substância que usou até os 72 anos de idade, quando morreu de parada cardíaca).
Crowley na velhice

Crowley nunca esqueceu desse tratamento, e desde menino começou a achar que havia algo de errado com o "senso comum" da época. Decidiu ser um homem santo, e cometer o maior pecado, como em uma lenda dos Plymouth Brothers (culto de seu pai) que afirmava que o maior santo cometeria o maior pecado.



Crowley pode parecer extremamente arrogante e narcisista em seus escritos, mas isso não parece ser verdade, se examinamos sua vida a fundo. Ele sempre buscou o reconhecimento e aprovação das pessoas, e quando notou que isso não era possível, mantendo sua crítica atroz aos absurdos do puritanismo inglês, ele resolveu aparecer fazendo escândalos, reais ou falsificados, ao estilo do esteriótipo "falem mal, mas falem". Seus escândalos com drogas e sexo foram muitos, e essa sua faceta poderia ser explicada (talvez até possa ser justificada) como uma fuga genial da pútrida sociedade ultrapuritana em que foi criado.

Mesmo assim em sua autobiografia ("Confessions of Aleister Crowley") ele se mostrou extremamente magoado quando a imprensa marrom inglesa (conhecidíssima até hoje e abominada pela família real inglesa) inventava alguma coisa absurda e terrível ao seu respeito, como em uma ocasião em que o acusaram de comer carne humana na expedição ao monte K2.
 
Ele tomou a decisão de mudar o nome Edward Alexander para Aleister. Sobre isso ele declarou:
"Por muitos anos eu me aborreci sendo chamado de Alick, em parte devido ao som desagradável e a visão da palavra, e em parte pois esse era o nome que minha mãe me chamava. Edward não parecia se ajustar a mim e os diminutivos Ted ou Ned eram ainda menos apropriados. Alexander era muito longo e Sandy sugeria ser loira com sardas. Eu tinha lido em um livro ou outro que o nome mais favorito a se tornar famoso era composto de um dátilo seguido por um espondeu como no fim de um hexametro... Aleister Crowley preenchia essas condições e Aleister é a forma gaélica de Alexander. Adotar este nome satisfaria meu ideal romântico. A ortografia atroz A-L-E-I-S-T-E-R foi sugerido como a forma correta pelo Primo Gregor, que deveria saber melhor. De qualquer modo, A-L-A-I-S-D-A-I-R cria um dátilo muito ruim. Por essas razões eu decidir ficar com meu pseudonimo presente—Eu não posso dizer que tenho certeza que facilitei o processo de ficar famoso com isso. Eu deveria ter feito isso sem dúvida, qualquer que tivesse sido o nome que eu escolhesse.”


Crowley, na época da universidade, travou contato com a Golden Dawn, uma ordem pseudo-maçonica de prática ritualística e iniciatória que esteve em seu auge no fim do século passado, quando Crowley a frequentou. Subiu rapidamente pelos graus da ordem, mas foi barrado por um grupo de pessoas que chegaram a afirmar que a "ordem não era um reformatório". Crowley era desconsiderado pelos intelectuais e desprezado pela burguesia, fato que o pode ter levado a suas inúmeras viagens e expedições de alpinismo.
 
A Golden Dawn recusou iniciação a Crowley, mas seu chefe, McGreggor Mathers não. Talvez interessado no dinheiro do jovem Aleister Crowley ele o iniciou, e logo se tornou um mestre para Crowley.
 
A crença de que existe um grupo de iniciados secretos que carregam o conhecimento humano e são os verdadeiros "chefes" da terra é compartilhada no sentido estritamente literal por muitas pessoas e seitas. Crowley aceitou essa idéia de uma forma ou de outra até o fim da vida, mas empregou diversas interpretações para estas entidades, algumas baseadas na psicologia (recém estabelecida como uma ciência por Freud, na mesma época).

Seus trabalhos mágicos e estudos místicos o levaram as mais diversas partes do mundo, experimentando com todas as formas de catarse e intoxicaçõo, que considerava como bases da religião. Mas pouco a pouco se distanciava de Mathers, que a essa altura já havia se proclamado em contato direto com os "mestres" que regem a terra, e com isso seu autoritarismo se tornou insuportável. Crowley foi o único a defendê-lo até o final, quando percebeu que tudo não passava de uma farsa.

Mas, desiludido, passou alguns meses afastado da magia, e pouco a pouco se reaproximou, trabalhando sozinho. Então numa viagem ao Cairo em 1904, recém casado, sua esposa começou a falar algumas coisas estranhas das quais ela não poderia ter conhecimento.
Ela o mandou invocar o deus Hórus. Dessa invocação surgiu um texto pequeno, de três capítulos, intenso e esquisito, ditado por um dos "ministros" da forma de Hórus conhecida por "Hoor-Paar-Kraat", Harpócrates, Hórus, a criança. Aiwass era o nome dessa entidade, depois reconhecida como o Sagrado Anjo Guardião do próprio Crowley.
 
Com isso três coisas estão subentendidas: Aiwass era um dos "mestres" que regiam o presente Éon, dedicado ao Deus Hórus, seu mentor; era também uma entidade não totalmente separada de Crowley, embora devesse ser tratado como tal, alguns poderiam dizer que ele era o self junguiano de Crowley (mesmo ele reconheceu isso), outros, maldosamente, que era sua Sombra (termo que em psicologia junguiana designa a parte de nós que reprimimos e que contém aquilo que temos medo de admitir)
 
Crowley demorou cerca de 5 anos para acatar o que o texto dizia. Uma das profecias previa a morte de seu filho, que acabou por morrer mesmo, de doença desconhecida.
(Inclusive, ele perturbadamente, permitia que seu filho de cinco anos fumasse e bebesse)
 
A queda de Crowley começou depois que uma pessoa morreu na abadia em virtude de ferimentos recebidos durante uma punição. Crowley teve de abandonar a Sicília e sua esposa - que retornou a Londres, tornou públicas as práticas realizadas na abadia e liquidou de vez sua reputação.O mago faleceu em 1947, tendo ao seu lado a Mulher Escarlate, Leah, que depois desapareceu misteriosamente.

Esposa de Crowley








Crowley sobreviveu de doações e venda de livros até o fim da vida. E morreu em relativa miséria, ainda viciado em heroína, pouco tempo depois de terminar seu último trabalho, um livro sobre o Tarô que Lady Frieda Harris havia pintado com suas indicações. Um baralho magnífico.


Crowley decadente

Quando finalmente aceitou o Livro da Lei estava em contato com um corpo germânico de iniciados, que em outro livro dele ("The Book of Lies") encontraram um segredo de magia sexual que pensavam ter o monopólio no ocidente. Nem Crowley havia entendido o que tinha escrito, mas aceitou mesmo assim um alta posição hierárquica na Ordem. Era a Ordo Templi Orientis, que até hoje detém os direitos sobre os textos de Crowley posteriores a 1910.

A O.T.O. existe até hoje (ou melhor existem, visto que houveram cisões e brigas e etc, que somando com os charlatães, devem somar mais de 30 O.T.Os., por alto. A maioria clama legitimidade.)
 
Crowley perdeu muito dinheiro publicando seus próprios livros e os vendendo a preço de banana. E a incompetência de um tesoureiro da O.T.O., que perdeu um galpão cheio de livros num lance mal entendido até hoje, acabou causando sua bancarrota final.
 
Além da O.T.O. que tinha bases massônicas, Crowley criou um corpo próprio, designado como A.:.A.:.., esse corpo, muito mais velado, deveria servir como que "escola de treinamento" para os possíveis "mestres" da humanidade.



Para aqueles que se interessarem e desejarem saber um pouco mais do profeta da Nova Era, este site disponibiliza a maioria de seus trabalhos em inglês
Infelizmente, em português o material sério é muito escasso, já que o tradutor também deve ser um iniciado para não cair nas armadilhas metafóricas. Entretanto, para conhecer um pouco do Tarot de Thoth vale a pena adquirir o “Tarot de Crowley - Palavras Chave” de Hajo Banzhaf e Brigitte Theller lançado pela Madras Editora.



O título completo deste livro é
Liber AL vel Legis
sub figura CCXX
O Livro da Lei
como entregue por XCIII=418 a DCLXVI




O movimento místico/ocultista conhecido como Thelema foi estabelecida com a escritura do Livro da Lei. Este foi escrito (ou recebido) por Aleister Crowley no Cairo, Egito, no ano de 1904. É formado por três capítulos totalizando 220 versículos (referenciados normalmente como AL C:v, onde C é o capítulo e v o versículo), cada qual escrito no período de uma hora, começando ao meio-dia, dos dias 8, 9 e 10 de abril. Segundo Crowley, o autor foi uma entidade espiritual elevada denominada Aiwass, a qual posteriormente ele identificou como sendo seu próprio Sagrado Anjo Guardião. Os ensinamentos contidos nesse curto livro são claramente expressos na Lei de Thelema, sintetizada nestas duas frases:


• "Faze o que tu queres será o todo da Lei" (AL I:40) e
• "Amor é a lei, amor sob vontade" (AL I:57)
 

A interpretação deste livro é considerada uma questão estritamente individual. A colocação de idéias pessoais acerca do livro ou seu conteúdo é fortemente desencorajada para que não se criem dogmas ou interpretações oficiais sobre ele. Ainda que Crowley tenha expressado o desejo de ver a Lei de Thelema promulgada em todas as áreas da sociedade, o sucesso desta promulgação baseia-se mais no exemplo pessoal de cada thelemita, levando a que outras pessoas considerem aquela filosofia de vida como válida para si mesmas, assim adotando-a, do que pela evangelização ou tentativas de conversão. Como se diz no próprio Livro, "O sucesso é a tua prova: não argumentes, não convertas; não fales demasiado!" (AL III:42)


É também proibida qualquer alteração, redução ou inclusão de trechos no Liber AL vel Legis, devendo ser mantida intacta sua estrutura, texto e mesmo o estilo de escrita. Todas as edições devem, também, trazer incluso o fac-símile do manuscrito original e, se possível, as traduções devem ter presente também o texto original em inglês. Isso é feito para evitar versões do livro sagrado.


As Invocações

De acordo com Crowley, a história do Livro da Lei tem início em 16 de março de 1904, quando ele buscava "invocar os Silfos" por meios ritualísticos para entreter sua esposa, Rose Kelly. Ainda que ela não tenha conseguido ver nada, pareceu entrar em uma forma leve de transe e repetidamente começou a dizer "Eles estão esperando por você!". Posto que Rose não tinha o menor interesse em magia ou misticismo, Crowley não lhe deu muita atenção. Porém, em 18 de março, após invocar a divindade egípcia Thoth (o deus do conhecimento), ele a ouviu mencionar outra divindade egípcia, Hórus, dizendo que este o estava esperando. Crowley, ainda cético, fez a sua esposa várias perguntas sobre Hórus, as quais ela respondeu acertadamente, ainda que sem nenhum conhecimento ou estudo prévio sobre aquela mitologia. A prova final de que a mensagem era verdadeira foi a identificação da figura de Hórus em uma peça funerária egípcia hoje conhecida como a Estela da Revelação, então exposta no Museu Boulaq, com o número de identificação 666 (que para os ocultistas está ligado não ao demônio, mas sim às divindades solares).
Em 20 de março Crowley invocou o deus Hórus, sendo bem sucedido na tarefa. De 23 de março a 8 de abril passou traduzindo os hieróglifos da Estela. Ainda, Rose revelou que seu "informante" não era Hórus por si, mas seu porta-voz, Aiwass. Finalmente, em 7 de abril, Rose deu a Crowley instruções sobre como proceder dali em diante. Por três dias ele entrou no "templo" no horário determinado e escreveu até as 13h.



A Escritura


Crowley escreveu o Livro da Lei nos dias 8, 9 e 10 de abril de 1904, entre o meio-dia e as 13h. Crowley descreve seu encontro com Aiwass no "The Equinox of the Gods" ("O Equinócio dos Deuses"). Ele conta que a Voz de Aiwass vinha por sobre seu ombro esquerdo, como se o orador estivesse parado em um dos cantos do quarto. A voz é descrita como [...] de um timbre profundo, musical e expressivo, com tons solenes, voluptuosos e tenros, flamejante e despida de tudo que não fosse o conteúdo da mensagem. Não um baixo, talvez um rico tenor ou barítono.


Posteriormente, a voz de Aiwass foi dita por Crowley como destituída de qualquer sotaque, nativo ou estrangeiro.


Ainda que ele não tenha olhado ao redor, Crowley teve a impressão de que Aiwass era feito de um corpo de "matéria fina" como um "véu de gaze". Posteriormente, após outras experiências de contato com essa entidade dita "preter-humana", ele o descreveu como "um homem alto e escuro, com cerca de trinta anos, composto, ativo e forte, com o rosto de um rei selvagem, cujos olhos eram velados pois seu olhar poderia destruir o que estivesse olhando". As roupas não seriam árabes mas vagamente sugerindo vestes assírias ou persas.


Crowley também deixou claro que a escritura não foi um ato de escrita automática ou psicografia e sim que ele apenas escrevia o que era ditado por uma voz real falando a ele. Isso é mostrado pelos vários erros de escrita no manuscrito original, corrigidos na hora por Crowley. Ele admitia que Awiass podia ser uma manifestação de seu subconsciente, mas mesmo assim considerava que a mensagem ditada estava além da experiência ou conhecimento humanos, sendo necessária uma inteligência de nível superior que apenas um deus poderia possuir. Sobre isso, comentou:
 

É claro que eu o escrevi, tinta no papel, no sentido material; mas aquelas não eram Minhas palavras, a não ser que Aiwass não fosse mais do que meu self subconsciente (sic) ou alguma parte disto: nesse caso, meu Self consciente, sendo ignorante acerca da Verdade do Livro e hostil à maior parte da ética e da filosofia do Livro, Aiwass seria uma parte severamente suprimida de mim. Esta teoria implicaria que eu sou, ainda que desconhecendo, possuidor de toda sorte de conhecimento e poder preternaturais”.


Em sua introdução ao "The Law is for All" ("A Lei é Para Todos"), o discípulo e secretário de Crowley, Israel Regardie coloca que:


De fato, faz pouca diferença no fim das contas se o Livo da Lei foi ditado a [Crowley] por uma inteligência preter-humana chamada Aiwass ou se fluiu das profundezas criativas de Aleister Crowley. O livro foi escrito. E se tornou a pedra fundamental para o Zeitgeist, acertadamente expressando a natureza intrínseca de nosso tempo como ninguém mais havia feito até então.



Mudanças ao Manuscrito Original

A versão final do Liber AL vel Legis inclui textos que não apareciam no manuscrito original, incluindo muitas pequenas alterações de grafia. Em vários casos, trechos da Estela da Revelação foram inseridos no texto. Por exemplo, na segunda página do Capítulo I, na linha 9 está escrito "V.1. of Spell called the Joy", que foi alterado para:

Above, the gemmed azure is
The naked splendour of Nuit;
She bends in ecstasy to kiss
The secret ardours of Hadit.
The winged globe, the starry blue,
Are mine, O Ankh-af-na-khonsu!
(Acima, o adornado azul-celeste é
O esplendor nu de Nuit;
Ela se curva em êxtase a beijar
Os ardores secretos de Hadit.
O globo alado, o azul estrelado,
São meus, Ó Ankh-af-na-khonsu!)

Na página 6 do Capítulo I, o seguinte estava no manuscrito original:

And the sign shall be my ecstasy, the consciousness of the continuity of existence, the unfragmentary non-atomic fact of my universality.
(E o sinal deverá ser meu êxtase, a consciência da continuidade da existência, o fato infragmentável não atômico da minha universalidade.)

Juntamente com uma nota: "Escrever isso com palavras mais claras. Mas seguir adiante."
Posteriormente, isso foi alterado para:

And the sign shall be my ecstasy, the consciousness of the continuity of existence, the omnipresence of my body. (AL I:26)
(E o sinal deverá ser meu êxtase, a consciência da continuidade da existência, a onipresença de meu corpo.)
Novamente, no Capítulo I, na página 19, Crowley escreveu "(Perdi uma frase) A forma de minha estrela é--". Posteriormente, foi Rose Kelly quem completou a frase perdida: "A Estrela de Cinco Pontas com um Círculo no Meio, & o círculo é Vermelho." (AL I:50)
O Capítulo II tem muito poucas correções. O Capítulo III tem algumas correções de grafia e inclui grandes pedaços de paráfrases da Estela da Revelação incluídos por Crowley.


Interpretação do Livro da Lei

Considera-se que a interpretação do Livro da Lei - principalmente por causa do Comento - deva ser feita sempre de forma individual, a partir da leitura pessoal do texto e das vivências, conhecimentos e intuições particulares de cada um. De modo a não se criarem dogmas ou interpretações oficiais do texto é amplamente aceita entre os thelemitas a idéia de que não se devem escrever textos que expliquem ou interpretem as passagens do Liber AL vel Legis. Diz-se que ao ser questionado sobre um trecho do livro, a melhor resposta de um thelemita seria sempre "o que você acha?". Desta forma, toda e qualquer interpretação do Livro da Lei é considerada correta dentro do escopo individual e ninguém deveria impor sua própria leitura a outrem.

De acordo com o próprio Livro (especificamente em AL I:36), o único autorizado a escrever um comento sobre o Livro da Lei foi o próprio Crowley. O método que ele geralmente utilizava para interpretar o Liber AL vel Legis era a Cabalá, especialmente através da ferramenta conhecida como Gematria, a numerologia cabalística. Ele escreveu:
Muitos casos de duplo sentido, paronomásia em uma língua ou outra, às vezes as duas coisas de uma vez, quebra-cabeças numéricos e literais, e até mesmo (em uma ocasião) uma esclarecedora conexão de letras em várias linhas em uma disposição arrasadora, será encontrada na sessão cabalística do Comentário.

No "Magick Without Tears" ("Magick Sem Lágrimas"), ele disse também:

Agora era compreensível o suficiente no momento para assegurar-me que o autor do livro sabia Cabala pelo menos tanto como eu: eu descobri posteriormente, mais do que suficiente que ele sabia sem possibilidade de erro muitíssimo mais, e que de uma ordem totalmente superior, do que eu sabia; finalmente, tempo e estudo desesperado, jogaram lampejos de luz em muitas outras passagens obscuras, para estabelecer sem qualquer dúvida em minha mente que ele é realmente o cabalista supremo de todos os tempos.

Entenda-se que Crowley dá ao leitor de seus comentário sobre o Livro da Lei (o "Comento" e o "The Law is for All" ["A Lei é para Todos"]) não respostas prontas ou interpretações definitivas mas pistas e ferramentas que auxiliem o próprio leitor do Livro Sagrado a encontrar sua própria leitura.



Os Três Capítulos

Ainda que o "mensageiro" do Liber AL vel Legis seja Aiwass, o Livro apresenta várias personalidades que são as reais inteligências por trás das palavras dele. As três figuras principais são as divindades ligadas individualmente a cada um dos três capítulos do Livro: Nuit, Hadit e Ra-Hoor-Khuit.

Primeiro Capítulo

O Primeiro Capítulo é ditado por Nuit, a deusa egípcia do céu noturno, chamada Rainha do Espaço. Crowley a chamava de "Senhora dos Céus Estrelados, que é também Matéria em seu sentido metafísico mais profundo, que é o infinito em quem todos vivemos e nos movemos e possui nosso ser".

Este capítulo também introduz:

        Ankh-af-na-Konshu, o sacerdote histórico que criou a Estela da Revelação
        A Besta, representativa do arquétipo masculino em sua natureza mais instintiva
        A Mulher Escarlate, também chamada de Babalon, a Prostituta Sagrada
        Thelema como sendo a Palavra da Lei.

Segundo Capítulo

Este é ditado por Hadit, que refere-se a si mesmo como sendo o "complemento de Nu", sua noiva. Ele é o ponto infinitamente condensado, o centro da infinita circunferência de Nuit. Crowley diz dele:

Ele é a energia eterna, o Infinito Movimento das Coisas, o núcleo central de todo ser. O Universo manifestado vem do casamento de Nuit e Hadit; sem o quê nada poderia ser. Este festejar eterno, perpétuo é, assim, a própria natureza das coisas em si; e assim, tudo que é, é uma "cristalização do êxtase divino", e "Ele vê a expansão e o desenvolvimento da alma através da alegria.
Terceiro Capítulo

Ra-Hoor-Khuit é o terceiro a falar, identificado como a Criança Coroada e Conquistadora, e como um deus de Guerra e Vingança. Dos três Capítulos, este é o que costuma deixar impressões mais fortes nos que lêem o Livro da Lei de forma despreparada e superficial. Seus versículos iniciais são os que mais facilmente são vistos como conflituosos; contudo a segunda metade assume já um tom mais ameno, estabelecendo um equilíbrio.

Crowley une os três da seguinte forma:

Temos Nuit, Espaço, Hadit, o ponto de vista; estas experiências se unem, e então produz-se Heru-Ra-Ha, que combina as idéias de Ra-Hoor-Khuit e Hoor-paar-Kraat.



O Comento
 

Baseado em diversas passagens, incluindo "Meu escriba Ankh-af-na-khonsu, o sacerdote dos príncipes, não deve uma só letra mudar deste livro; mas a fim de que não haja tolice, ele comentará a respeito pela sabedoria de Ra-Hoor-Khu-It." (Liber AL I:36), Crowley sentiu-se compelido a interpretar por escrito o Livro da Lei. Ele deixou dois grandes grupos de comentários onde tentava decifrar linha por linha. Contudo, não se sentiu satisfeito com estas tentativas. Em 1912, preparou o Liber AL vel Legis e seus comentários de então para serem publicados em "The Equinox, vol I". Em seu livro "Confessions" ("Confissões") ele recorda-se ter considerado os comentários existentes como "vergonhosamente escassos e incompletos". Posteriormente, ele explica:


Eu havia estupidamente suposto este comentário serem uma exposição acadêmica do Livro, uma elucidação de suas obscuridades e uma demonstração da sua origem preter-humana. Entendo finalmente que esta idéia é um disparate. O comentário deve ser uma interpretação do livro inteligível para a mente mais simples e tão prático como os Dez Mandamentos.


Mais do que isso, esse Comentário deveria ocorrer por inspiração, como o próprio Livro da Lei sugeria.
 

Anos mais tarde, em 1925, quando estava na Tunísia, Crowley recebeu sua inspiração. Publicou, então, o que foi chamado simplesmente de "O Comento" (também conhecido pelos nomes de "Breve Comento" ou "Comento de Túnis"), assinando-o como Ankh-f-n-Khonsu (que se traduz literalmente como "Aquele que vive em Khonsu", nome de um sacerdote real da 26ª Dinastia egípcia, criador da Estela da Revelação). Nele, o leitor é advertido que "o estudo" do Livro é proibido e declara que aquele que "discutir seu conteúdo" deve ser evitado como um "centro de pestilência". O resultado é a idéia de que a interpretação por vezes críptica do Livro é de responsabilidade apenas do leitor.
 

Posteriormente, deu a seu amigo pessoal e companheiro da OTO, Louis Wilkinson, a tarefa de preparar uma versão editada dos comentários de Crowley que foram publicados após sua morte com o título de "The Law os for All" ("A Lei é para Todos").


No Brasil, Marcelo Ramos Motta publicou uma versão do Livro da Lei (curiosamente faltando dois versículos do Primeiro Capítulo, provavelmente por erro de revisão) onde ele fazia também a sua interpretação das passagens do Liber AL vel Legis versículo a versículo. Este livro, hoje considerado uma raridade, contudo vai de encontro a todos os conselhos de não se criar interpretações públicas.





Publicações



As principais publicações do Livro da Lei são:



• Ordo Templis Orientis, Londres, 1938, edição privativa (a edição estadunidense é de 1942, ainda que datada de 1938)
• Weiser Books (Reimpressão; maio, 1987; ISBN 0-87728-334-6)
• Weiser Books (Edição do 100º Aniversário; março, 2004; ISBN 1-57863-308-7)
• Mandrake of Oxford (abril, 1992; brochura; ISBN 1-869928-93-8)


O Livro da Lei foi publicado também como parte de outros livros, dentre os quais:


• The Equinox (III:10). (2001). York Beach, ME : S. Weiser. ISBN 0-87728-719-8
• The Holy Books of Thelema (Equinox III:9). (1983). York Beach, ME : S. Weiser. ISBN 0-87728-579-9
• Magick : Liber ABA, Book Four, Parts I-IV. (1997). York Beach, ME : S. Weiser. ISBN 0-87728-919-0
 

Em Português, as principais publicações do Livro da Lei são:


• "O Equinócio dos Deuses", de Marcelo Ramos Motta (1976). Publicação particular
• "Os Livros de Thelema". Ed. Madras (1997). ISBN 85-7374-017-5
• "Os Livros Sagrados de Thelema". Ed. Madras (1998). ISBN 85-86453-09-9
• "Liber AL vel Legis - O Livro da Lei". Loja Quetzalcoatl/OTO (2004). Edição limitada comemorativa






Desinformação sobre o Livro


Graças a fama de Aleister Crowley ser um "mago negro" ou satanista (reputação esta baseada sempre em difamações e mitos acerca de sua pessoa e não em pesquisas biográficas sérias), deu-se também ao Livro a fama de ele ser uma obra ligada a outras religiões, como o Satanismo, ou ainda um livro de invocações demoníacas. O que é de se espantar e se constitui de puro preconceito e desinformação, já que em nenhum momento do Livro da Lei é feita qualquer descrição de rituais de invocação a qualquer entidade "demoníaca", pactos, ou menção ao diabo, Satã ou semelhante figura que represente uma idéia de maldade. O Livro da Lei se baseia na cosmologia egípcia, para a qual essa visão do mal sequer existe.
 

O Livro também não incita a violência, intolerância religiosa ou atitude criminosa. Além disso, a Lei de Thelema, que é uma Lei de Liberdade, não é desculpa para libertinagem. Crowley escreveu, em "A Mensagem do Mestre Therion":

(...) Deve tornar-se claro que "Faze o que tu queres" não quer dizer "Faze o que quiseres". A Lei é a apoteose da liberdade; mas é também a mais estrita das injunções. Faze o que tu queres - então faze nada mais. Deixa que nada te desvie daquela tarefa austera e santa Liberdade para fazer a tua vontade é absoluta, mas procura fazer qualquer outra coisa, e instantaneamente obstáculos devem levantar-se. Todo ato que não está definitivamente no curso daquela órbita única é um ato errático e um empecilho. A vontade não pode ser duas, mas uma.


O Livro, assim, convida todos que o lerem a atingir o conhecimento e consecução do objetivo de sua própria existência (a chamada Verdadeira Vontade, ou Thelema, em grego), o respeito ao indivíduo (pois todo homem e toda mulher é uma estrela, viajando em sua própria órbita) e a criação de uma sociedade baseada no Amor Universal, fluindo através das Verdadeiras Vontades individuais, que são parte e estão afinadas com a Vontade do próprio Universo, sendo portanto harmônicas.



O Livro da Lei Contra a Bíblia



O Livro da Lei: "O estudo deste Livro é proibido. É sábio destruir esta cópía após a primeira leitura. Quem não presta atenção a isto incorre em perigo e risco pessoais. Estes são dos mais pavorosos Aqueles que discutem o conteúdo deste Livro devem ser evitados por todos, como focos de pestilência."
Bíblia: "E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro." (Apocalipse 22 : 19)
O Livro da Lei: "[Faze o que tu queres], que há de ser todo da [Lei]" (Faça sua vontade)
Bíblia: "Venha o teu reino, seja feita [a tua vontade], assim na [terra] como no [céu];" (Mateus 6 : 10)
O Livro da Lei: "[Amor é a lei], amor sob vontade"
Bíblia: "O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da [lei é o amor]." (Romanos 13 : 10)

O Livro da Lei: "3. Todo homem e toda mulher é uma estrela."
Bíblia: "Eis que até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos." (Jó 25 : 5)

O Livro da Lei: 4. Todo número é infinito não há diferença
Bíblia: "Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; [o seu entendimento é infinito]." (Salmos 147 : 5)
O Livro da Lei: "10. Que [meus seguidores] sejam poucos & secretos: eles regirão os muitos & os conhecidos"
Bíblia: "Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; [quem me segue] não andará em trevas, mas terá a luz da vida." (João 8 : 12)

O Livro da Lei: "13. Eu estou sobre vós e em vós. Meu êstase está no vosso. Minha alegria é ver vossa alegria."
Bíblia: "A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo." (Romanos 10 : 9)
O Livro da Lei: "15. Agora sabereis que o escolhido vate & apóstolo do espaço infinito é o sacerdote-príncipe a [Besta]; e em sua mulher chamada a [Mulher Escarlate] é todo poder dado. Eles ajuntarão minhas crianças em seu cercado: eles trarão a glória das estrelas para dentro dos corações dos homens."
Bíblia: "E EU pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma [besta] que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia." (Apocalipse 13 : 1) "E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma [mulher] assentada sobre uma [besta] de cor de [escarlata], que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres." (Apocalipse 17 : 3)
O Livro da Lei: "21... Eu sou o Céu, [e não outro Deus que] mim e meu senhor [Hadit]"
Bíblia: "Eu sou o SENHOR, [e não há outro]; fora de mim não há [Deus]; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças;" (Isaías 45 : 5)
O Livro da Lei: "57. [Invocai-me] sob as minhas estrelas! Amor é a Lei, amor sob vontade"...
Bíblia: "Dizendo: [Graças] te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste." (Apocalipse 11 : 17)
O Livro da Lei: "6. Eu sou a chama que queima em todo coração do homem, e no ãmago de toda estrela. [Eu sou Vida], e o doador de Vida. no entanto por isto conhecer-me é conhecer a morte."
Bíblia: "Disse-lhe Jesus: [Eu sou] o caminho, e a verdade e a [vida]; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14 : 6)

O Livro da Lei: "7. Eu sou o Mago e o Exorcista. Eu sou o eixo da roda, e o cubo no circulo "[Vinde a mim]" [é uma palavra tola]; pois sou eu que vou"
Bíblia: "[Vinde a mim], todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." (Mateus 11 : 28)

O Livro da Lei: "15. Pois eu sou [perfeito], Não sendo"...
Bíblia: "Disse-lhe Jesus: Se queres ser [perfeito], vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me." (Mateus 19 : 21)

O Livro da Lei: "21. Calçai os pés dos [fracos]: está é a lei do forte: está é nossa lei."
Bíblia: "[Fiz-me como fraco] para os fracos, [para ganhar os fracos]. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar [a salvar] alguns." (I Coríntios 9 : 22)
O Livro da Lei: "22. [Eu sou] a Serpente que dá Conhecimento & Deleite e brilhante glória, e movo os corações dos homens com embriaguês." ...
Bíblia: "E Jesus lhes disse: [Eu sou] o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede." (João 6 : 35)

O Livro da Lei: "23. Eu sou só: não existe Deus onde Eu sou"
Bíblia: "E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele;" (Marcos 12 : 32)

O Livro da Lei: "26. Eu sou a secreta [Serpente] enroscada a ponto de pular: em minhas roscas há alegria."
Bíblia: "ORA, a [serpente] era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?" (Gênesis 3 : 1)

O Livro da Lei: "27. [Existe grande perigo em mim]; pois quem não compreende estas runas fará uma grande falha. Ele cairá dentro do mundéu chamado Por que, e lá [perecerá] com os Cães da Razão"
Bíblia: "[Mas não perecerá] um único cabelo da vossa cabeça." (Lucas 21 : 18)

O Livro da Lei: "45. Existe morte para os câes"
Bíblia: "[Ficarão de fora os cães] e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira." (Apocalipse 22 : 15)

O Livro da Lei: "48. Não tenhais piedade dos caídos! [Eu nunca os conheci]. Eu não sou para eles. Eu não consolo: Eu odeio o consolado & [o consolador]"
Bíblia: "E então lhes direi abertamente: [Nunca vos conheci]; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade." (Mateus 7 : 23) "Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, [o Consolador] não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei." (João 16 : 7)

O Livro da Lei: "49. Eu sou unico & conquistador. Eu não sou dos escravos que perecem. Sejam eles danados & mortos! Amen"
Bíblia: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." (Mateus 11 : 28)

O Livro da Lei: "51. Com minha cabeça de Falcão Eu bico os olhos de [Jesus] enquanto ele se dependura da [cruz]."
Bíblia: "Bem sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o [Filho do homem] será entregue para ser [crucificado]." (Mateus 26 : 2)
O Livro da Lei: "52. Eu ruflo minhas asas na face de [Mohammed] & cego-o 53. Com minhas garras eu dilacero e puxo fora a carne do [Hindu] e do [Budista], [Mongol] e [Din]. 54. [Bahlast]! [Ompehda]! Eu cuspo nos vossos credos crapulosos. 55. Que [Maria] inviolada seja despedaçada sobre rodas: por causa dessa que todas as mulheres castas sejam compretamente desprezadas entre vóz!"
Bíblia: "E abriu a sua boca em [blasfêmias] contra Deus, para [blasfemar] do seu nome, e do seu tabernáculo, [e dos que habitam no céu]." (Apocalipse 13 : 6)
O Livro da Lei: 56..."Todas as palavras são sagradas e [todos profetas verdadeiros]; apenas salvo que eles compreendem um pouco; resolvem a primeira metade da equação, deixam a segunda inatacada"...
Bíblia: "E surgirão muitos [falsos profetas], e enganarão a muitos." (Mateus 24 : 1)

O Livro da Lei: "47. [Este livro] será traduzido em [todas as línguas]: mas sempre o original pela mão da Besta;"
Bíblia: "E [este evangelho] do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a [todas as nações], e então virá o fim." (Mateus 24 : 14)

O Livro da Lei: "63. [O tolo] lê este livro, e seu comento & ele não o compreende"
Bíblia: "[O tolo] cruza as suas mãos, e come a sua própria carne." (Eclesiastes 4 : 5)
O Livro da Lei: "65. [Eu sou o Mestre]: tu és o Santo Escolhido"
Bíblia: "Vós me chamais [Mestre] e Senhor, e dizeis bem, porque [eu o sou]." (João 13 : 13)

O Livro da Lei: "70. Eu sou o Senhor de Cabeça de Falcão do [Silêncio & da Força]; minha [nêmes] cobre o céu azul noturno."
Bíblia: "Eu sou o [Alfa e o Ômega], o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o [Todo-Poderoso]." (Apocalipse 1 : 8)
O Livro da Lei: "72. Eu sou o Senhor da [Dupla Baqueta] de poder; a baqueta da força de Coph Nia - mas minha mão esquerda está vazia, pois [Eu esmaguei o Universo & nada resta]"
Bíblia: "Eu sou o [Alfa e o Ômega], o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro." (Apocalipse 22 : 13)

O Livro da Lei: "O Livro da Lei está Escrito e Escondido Aum. Ha."
Bíblia: "A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém." (Apocalipse 22 : 21)



Antecedentes Históricos

Hexagrama Unicursal, um dos mais comuns símbolos de Thelema.

A palavra Thelema é incomum no Grego Clássico, significando o desejo, mesmo o sexual. Porém já se torna comum na Septuaginta (versão da Bíblia hebraica para o dialeto grego Koiné). Antigas escrituras cristãs utilizavam esta palavra por vezes para se referir à vontade humana, mas era mais usual como referência à vontade de Deus. Na oração do Pai Nosso, por exemplo, em "Venha a nós o Vosso reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu;" (Mateus 6:10), o original de "vontade" é θέλημα. Ainda no mesmo evangelho, em Mt 26:37, tem-se Jesus dizendo a Deus: "faça-se a Tua vontade", novamente com o termo Thelema no original. Ainda além, Santo Agostinho, em um sermão do Séc. V d.C., utiliza a frase "dilige et quod vis fac" ("ama e faze o que tu queres").

O texto renascentista "''Hypnerotomachia Poliphili''", creditado ao monge dominicano Francesco Colonna e com primeira publicação em 1449, possui uma personagem chamada Thelemia, representativa da vontade ou desejo, que em conjunto com Logistica (a razão) guiavam o protagonista Polifilo por sua jornada em busca de sua amada. Quase sempre, ao ser obrigado a escolher entre os conselhos de Logistica e Thelemia, Polifilio dava ouvidos à seus impulsos sexuais e não à lógica. Esse livro teve grande influência sobre outra obra de grande importância para a base filosófica thelemica, a novela do Séc. XVI, "Gargantua e Pantagruel", do monge franciscano François Rabelais. Neste texto clássico se descreve a "Abadia de Thélème", cuja única regra consistia em "faix çe que tu veux" ("faze o que tu queres"). Já em meados do Séc. XVIII, Sir Francis Dashwood inscreve este adágio, que se tornaria o lema do Hellfire Club, na porta de entrada de sua própria abadia, em Medhenmam, Inglaterra. "Gargantua e Pantagruel" também é referenciado na novela de Sir Walter Besant e de James Rice, Os Monges de Thelema (1878), e na utopia A Construção de Thelema (1910), de C. R. Ashbee.



François Rabelais

Rabelais, que viveu no Sec. XVI, foi inicialmente um monge franciscano e posteriormente beneditino que depois deixou o monastério para estudar medicina em Lyon (1532). Lá escreveu "Gargantua e Pantagruel", uma série de livros muitas vezes satíricos sobre dois gigantes, respectivamente pai e filho, e suas aventuras divertidas e extravagantes, a partir de uma perspectiva humanista cristã. Nestas histórias, thelema é referenciada sempre como a vontade divina, a qual seria a suprema regente da Abadia. Ainda que os textos apresentem elementos de estoicismo e caridade cristã, estes são considerados precursores diretos da filosofia thelemica.
A Abadia de Thelema é descrita no primeiro livro (caps. 52 a 57). Construída por Gargantua - uma clássica utopia gerada como crítica à sociedade nos tempos de Rabelais, nela os desejos de todos eram plenamente satisfeitos. Ainda que satíricos, os princípios ali colocados correspondem os ideais considerados por Rabelais como os mais elevados. Os habitantes da Abadia eram governados apenas por sua livre vontade e por seu prazer, sendo o "faze o que tu queres" a única regra. Rabelais acreditava que o ser humano livre, bem nascido e com suas necessidades supridas seria pleno de honra; o que terminaria por resultar em atos virtuosos. A natureza nobre do ser humano, entretanto, seria suprimida juntamente com sua liberdade, pois quando os desejos são negados busca-se alcançá-los por quaisquer meios.
Alguns thelemitas contemporâneos consideram o trabalho de Crowley como visando justamente a natureza intrinsecamente nobre do homem, tal como no pensamento de Rabelais. Assim, credita-se ao franciscano a criação da base filosófica de Thelema, tendo sido um dos primeiros a se referirem a tais idéias. Muitas vezes, Rabelais é chamado de "O Primeiro Thelemita". Contudo, nas palavras de Sabazius, o atual Rei (Grande Mestre Nacional) da Ordo Templi Orientis para os Estados Unidos da América:

São Rabelais jamais considerou que sua ficção satírica fosse um esquema para uma sociedade humana real… [A filosofia de] Thelema é aquela do Livro da Lei e dos escritos de Aleister Crowley.

Por outro lado, Aleister Crowley escreveu no texto "Os Antecedentes de Thelema" (1926) que Rabelais, tanto quanto possível, chegou muito perto da Lei de Thelema conforme Crowley a compreendia, antecipando-se, assim, à escritura do Livro da Lei. Porém, afirmava também que seu próprio trabalho era mais profundo, apresentando uma metodologia praticável por qualquer pessoa, baseada nos mesmos princípios da pesquisa científica, revelando mistérios que Rabelais guardou para si mesmo ao buscar um ideal, ao invés de uma forma prática de se pensar questões políticas, econômicas e sociais. Sem esse trabalho prático, segundo Crowley, é impossível a realização da Lei.

Rabelais está incluído entre os Santos da Ecclesia Gnostica Catholica, juntamente com 70 outros nomes como Virgílio, Catullus, Swinburne e William Blake.



Francis Dashwood e o Clube do Inferno (Hellfire Club)
  
Acima retrato de Francis Dashwood, 15º Barão de le Despencer, por William Hogarth, final dos anos 1750.
 
Sir Francis Dashwood adotou alguns dos ideais de Rabelais e aplicou a regra do "faze o que tu queres" no grupo fundado por ele, os Monges de Medmenham (grupo mais conhecido como Hellfire Club). Uma abadia foi estabelecida em Medmenham, uma propriedade que englobava as ruínas de uma abadia cisterciense fundada em 1201. O grupo era conhecido como "franciscanos", ainda que sem ligação com a ordem católica dos Franciscanos ou com São Francisco de Assis, mas sim por conta de seu fundador. Dentre os membros do clube destacam-se políticos como John Wilkes e George Dodington. Há poucas evidências das atividades ou crenças praticadas no Clube do Inferno. Os poucos testemunhos existentes foram deixados por Wilkes, que jamais entrou na capela principal ou chegou a ser membro do círculo interno. Contudo, ele descreve os membros como hedonistas que "se encontravam para celebrar as mulheres e o vinho" e acrescentavam às suas atividades as idéias dos antigos apenas para tornar a experiência mais decadente.
 
Na opinião do Tenente-Coronel Towers, o grupo tinha pouco mais com Rebelais do que a inscrição "faze o que tu queres" sobre a porta de entrada. O pesquisador acredita que eles usavam o complexo de cavernas na propriedade como um templo oracular dionisíaco, baseando-se nas próprias interpretações dos capítulos de "Gargantua e Pantagruel" que interessavam a Dashwood. Sir Nathaniel Wraxall, em suas "Memórias Históricas" (1815), acusou os monges de realizarem rituais satânicos, mas os membros do Clube alegaram que isso era uma heresia. Gerald Gardner e outros como Mike Howard alegam que os monges adoravam "a Deusa". Daniel Willens, que estariam ligado à Maçonaria (o que é negado por instituições maçônicas) bem como que Dashwood poderia ter conhecimentos sobre sacramentos secretos da Igreja Católica, sem entretanto apresentar qualquer evidência de tanto.

Frontstpício do Liber AL vel Legis, o Livro da Lei
  
O sistema thelemico tem início com a escritura do Livro da Lei, cujo nome oficial é Liber AL vel Legis. Foi escrito no Cairo, Egito, durante a lua de mel de Crowley e sua primeira esposa, Rose Kelly. Este pequeno livro contém três capítulos, cada um escrito durante o período entre o meio-dia e as 13h00, dos dias 8, 9 e 10 de abril de 1904. Crowley dizia que escreveu o livro segundo o que lhe foi ditado por uma entidade "preter-humana" de nome Aiwass, a qual posteriormente identificou como sendo o seu próprio Sagrado Anjo Guardião. Israel Regardie, discípulo e secretário particular de Crowley, preferia atribuir a voz ao próprio subconsciente de Crowley, mas as opiniões sobre a identidade de Aiwass variam enormemente entre os thelemitas. Apesar das referências a Rabelais, a análise de Dave Evans do Livro da Lei apresenta maiores semelhanças com o texto "O Amado de Hathor e a Capela do Gavião Dourado", peça de Florence Farr, do que com "Gargantua e Pantagruel". Evans diz que isso pode resultar do fato de que tanto Farr quanto Crowley terem sido membros da Ordem Hermética da Aurora Dourada e dela tenham absorvido os ensinamentos e a simbologia, e que Crowley talvez conhecesse o material anterior e tenha se inspirado nos textos de Farr. Sutin também encontra similaridades com o trabalho de W. B. Yeats, atribuindo tais similaridades a "inspirações compartilhadas" (como em uma espécie de ''zeitgeist'') ou talvez ao conhecimento por parte de Yeats do trabalho do próprio Crowley.
Crowley escreveu vários comentários sobre o Livro da Lei, o último dos quais em 1925. Este breve trabalho, intitulado apenas "O Comento" avisa sobre os perigos do estudo do Livro e da discussão de seu conteúdo, assinando como ANKH-F-N-KHONSU e deixando claro que
Todas as questões da Lei são para serem decididas apenas por apelos aos meus escritos, cada pessoa por si mesma.



Verdadeira Vontade

De acordo com Crowley, todo indivíduo é dotado de uma Verdadeira Vontade, a qual deve ser diferenciada das vontades ordinárias e dos desejos do ego. A Verdadeira Vontade é, essencialmente, o "chamado" ou "propósito" da vida de alguém. Alguns magos recentes concluem disso que chegar à auto-realização deve ser feito por seus próprios esforços, sem a ajuda de Deus ou qualquer outra autoridade divina. De trabalhos como o "Liber II - A Mensagem de Mestre Therion" pode-se entender que a Verdadeira Vontade do indivíduo é nada mais que uma porção da própria vontade divina. "Faze o que tu queres será o todo da Lei" não se refere ao hedonismo, acatando-se qualquer desejo mundano, mas no atender do chamado desse propósito maior. O thelemita é um místico que, de acordo com Lon Milo Duquette, baseia suas ações no sentido de descobrir e executar essa Vontade; quando alguém a realiza é como se encontrasse sua própria órbita entre os demais corpos celestes na ordem universal, e o universo passa a auxiliá-lo. Não se deve confundir esta idéia com o a chamada "Lei da Atração", proposta no livro "O Segredo": Thelema não implica no desejo por algo, mas sim na descoberta da sua própria natureza [intima, de modo a se alcançar paz e unidade com o Universo. De forma a alguém se tornar capaz de seguir sua Verdadeira Vontade, as inibições instiladas pela sociedade no Self devem ser quebradas por um processo de descondicionamento. Crowley acreditava que isso seria alcançado pela libertação de todos os desejos inconscientes e pelo controle da mente consciente, especialmente das restrições colocadas à expressão sexual, que é associada ao poder da criação divina. Thelema associa a Verdadeira Vontade de cada indivíduo com o Sagrado Anjo Guardião, o daimon único de cada ser humano. A busca espiritual para se alcançar e cumprir essa Verdadeira Vontade também é conhecida em Thelema como parte da chamada Grande Obra.
 

Cosmologia


A Estela da Revelação, onde se vêem Nuit, Hadit como o globo solar alado, Ra-Hoor-Khuit sentado em seu trono, e o criador da estela, o escriba Ankh-af-na-khonsu .
Thelema utiliza como principais divindades de sua cosmologia os deuses e deusas da religião do Antigo Egito. Os três principais deuses são os relativos aos três capítulos do Livro da Lei. Estes deuses são
• Nuit, representada na arte antiga como uma mulher cujo corpo estrelado e curvado de horizonte a horizonte é a própria abóboda celeste. Ela é percebida como a Grande Mãe, a fonte primal de todas as coisas. Ligada ao Primeiro Capítulo do Livro da Lei.
• Hadit, o ponto infinitesimal, complemento e consorte de Nuit. Hadit simboliza a manifestação, o movimento e o tempo. Também é descrito no Livro da Lei como "a chama que queima em todo coração humano, e no âmago de cada estrela" (Liber Al vel Legis II:6). Ligado ao Segundo Capítulo do Livro da Lei.
• Ra-Hoor-Khuit, uma das manifestações de Hórus. Ele é simbolizado como o homem entronado com cabeça de falcão, carregando um cetro. É associado ao Sol e às energias ativas na magia thelemica. Ligado ao Terceiro Capítulo do Livro da Lei.
Outras divindades de importância em Thelema são:
• Hoor-Paar-Kraat (ou Harpócrates), deus do silêncio e da força interior, irmão e contraparte de Ra-Hoor-Khuit,
• Babalon, a deusa de todos os prazeres, conhecida como a Prostituta Sagrada, também ligada ao conceito da Grande Mãe e pertencente à linhagem de arquétipos de Nana, Inana, Astarte, Afrodite e outras.
• Therion, a besta montada e controlada por Babalon, que representa o aspecto viril e dinâmico da Natureza, além das forças mais naturais do ser humano.



Magia e Ritualística

Magick

Thelema possui um conjunto próprio de práticas mágicas que recebe o nome de "Magick". Esta denominação foi utilizada por Crowley (a partir da forma vitoriana do termo "magic") para diferenciar seu sistema mágico da magia de salão (em inglês, não existem termos distintos para magia e mágica). É um sistema físico, mental e espiritual englobando exercícios e práticas que buscam levar o adepto ao encontro de seu Sagrado Anjo Guardião e, através dele ao conhecimento da Verdadeira Vontade e sua execução - ainda que alguns dos ritos sejam de celebração de datas ou aspectos. Crowley foi um autor prolífico, integrando práticas místicas orientais com práticas ocultistas ocidentais, muitas advindas do trabalho da Aurora Dourada. Ele recomendava uma série básica destas práticas a seus discípulos, incluindo o básico do Yoga (asana e pranayama), o Ritual Menor do Pentagrama, da Aurora Dourada, a Missa da Fênix e o Liber Resh, que consiste de quatro adorações diárias ao Sol (representando o Self). São também práticas criadas ou recomendadas por Crowley várias de magia sexual e de origem gnóstica. Muito de seu trabalho pode ser encontrado tanto em livros como o "Magick Without Tears" ("Magick sem Lágrimas") e o "Gems of the Equinox" ("Jóias do Equinox"), bem como em diversos sites da Internet.

Em ordens thelemicas como a Ordo Templi Orientis ou a Astrum Argentum o trabalho mágico é feito através de uma série de Graus iniciáticos. Thelemitas que seguem seus caminhos de forma autônoma costumam basear-se em trabalhos de Crowley disponíveis publicamente como um guia e em sua própria intuição.

A ênfase da magia thelemica não é na obtenção de resultados materiais (para tanto, os thelemitas costumam recorrer a outros sistemas mágicos como a Goécia, a Sigilização ou a Feitiçaria) mas sim no desenvolvimento espiritual através do auto-conhecimento e do contato com o Sagrado Anjo Guardião, sendo este seu principal objetivo. Este contato consciente é conhecido como o "Conhecimento e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião" e leva ao conhecimento da Verdadeira Vontade. Ainda que Crowley considerasse o Sagrado Anjo Guardião como uma entidade separada da pessoa, muitos thelemitas atuais o vêem como uma manifestação do Self - isto é, centro da totalidade psíquica do ser humano, o que, para a Psicologia Jungiana, equivale a Deus.

Nas linhas de trabalho por Graus mágicos, os Graus mais altos são alcançados através do cruzar do Abismo com o auxílio do Sagrado Anjo Guardião e o abandonar do ego. Contudo, caso o adepto não esteja preparado adequadamente, será tragado por seu próprio ego, tornando-se um Irmão Negro. Assim, ao invés de se tornar uno com Deus, derramando seu sangue na taça de Babalon e se abrindo pela fórmula do Amor para todo o Universo, o Irmão Negro passa a considerar seu ego como sendo Deus, fechando-se nele. De acordo com Crowley, o Irmão Negro desintegra-se gradualmente, passando a depender da adoração de outras pessoas para seu próprio auto-engrandecimento.

Crowley pregava um exame cético sobre todos os resultados obtidos através da meditação ou da magia. Ele insistia na necessidade da manutenção de um diário mágico, que deveria conter todas as condições observáveis de um evento para posterior análise e comparação. Com isso, buscava uma metodologia para a experiência mística ou mágica semelhante à metodologia empregada pela ciência tradicional e, com isso, separar ''Magick'' do misticismo barato e da superstição. Crowley definia Magick como tendo "o método da ciência e o objetivo da religião", alegando que toda experiência mágica deveria ser passível de comprovação e repetição não acidental. Sendo a magia, porém, uma ciência empírica, os resultados são quase sempre subjetivos, de modo que o que pode ser visto como sucesso por um praticante pode ser entendido como fracasso por outro ou como fantasia por um cético. Contudo, a idéia é que se um mesmo praticante repete o mesmo processo com as mesmas condições, os resultados obtidos devem ser reconhecíveis como sendo suficientemente próximos para que se aceitem como verdadeiros.

Não é necessário, entretanto, que se pratique qualquer forma de sistema mágico para ser um thelemita. Considera-se como sendo um thelemita todo aquele que aceita o Livro da Lei como seu livro sagrado e siga a filosofia ali expressa segundo suas próprias interpretações.


Ética

O Liber AL vel Legis coloca alguns preceitos básicos para a conduta individual. O principal destes é o "Faze o que tu queres", que representa tanto a primeira instância da Lei como um direito inerente a todo ser humano. Posto que os thelemitas utilizam a Lei de Thelema também como um cumprimento, entende-se que esse direito inclui a obrigação de permitir que o outro cumpra também sua Vontade sem interferências, ainda que tal pensamento não esteja presente no Liber AL de forma explícita.

Ainda que Crowley tenha dito não haver necessidade de se detalhar uma ética thelemica, uma vez que tudo está incluso na própria Lei de Thelema, escreveu vários documentos apresentando sua visão pessoal de conduta individual à luz da Lei thelemica, sendo que alguns fazem referência à questão da interferência sobre o caminho alheio: "Liber Oz", "Dever", "Liber II". "Liber Oz", considerado por muitos como a primeira Carta de Direitos Humanos, enumera uma série de direitos individuais derivados do "Faze o que tu queres", que incluem, entre outros, o direito de viver por sua própria lei, trabalhar como desejar, morrer como e quando desejar, amar quem, como e quando desejar etc. Estas declarações, contudo, não devem ser interpretadas como uma licença para que se ignore a legislação ou o direito alheio, uma vez que em Thelema considera-se que cada um deve assumir integralmente a responsabilidade por seus atos e suas consequências.
 
"Dever" é descrito como "Uma nota sobre as principais práticas de conduta a serem observadas por aqueles que aceitam a Lei de Thelema". Divide-se em quatro sessões:

• A - Seu dever para consigo mesmo: descreve o Self como o centro do universo, com um chamado a que cada um aprenda sua natureza interna. Incita o leitor a desenvolver cada faculdade sua de forma equilibrada, estabelecendo sua própria autonivia e devotando-se ao serviço de sua própria Verdadeira Vontade.
• B - Seu dever para com os outros: explica que se deve eliminar a ilusão de que exista uma separação entre alguém e todos os outros, a lutar quando necessário, a evitar a interferência com a Vontade alheia, a iluminar os outros quando necessário e a adorar a natureza divina de todas os outros seres.
• C - Seu dever para com a Humanidade: coloca que a Lei de Thelema deveria ser a única base de conduta, que as leis mundanas deveriam ter como objetivo assegurar a liberdade maior de cada indivíduo, sendo o crime descrito como uma violação da Verdadeira Vontade de alguém.
• D - Seu dever para com todos os outros seres e coisas: diz que a Lei de Thelema deveria ser aplicadas a todos os problemas e usada para se decidir toda questão ética, sendo uma violação da Lei utilizar um animal ou objeto para um propósito distinto daquele para o qual foi criado, tal como é arruinar algo de forma que se torne inútil a seu propósito; os recursos naturais podem ser utilizados pelo ser humano, mas isso deve ser feito sabiamente ou a quebra da Lei seria vingada (por exemplo, o deflorestamento causando erosão do solo).
 
Em "Liber II - A Mensagem de Mestre Therion", a Lei de Thelema é apresentada sucintamente como sendo "faze o que tu queres, então não faça mais nada". Crowley descreve a busca da Vontade não apenas como alheia a qualquer resultado como também com incansável energia. É o Nirvana alcançado e mantido de forma dinâmica e não estática. A Verdadeira Vontade é descrita como uma órbita individual e, se apenas ela é buscada, sem obstáculos em seu caminho.

De forma geral, cada thelemita é instigado a estabelecer seu próprio código de conduta e sua própria ética, de acordo com sua interpretação individual do Livro da Lei e de sua própria experiência de vida, seus estudos e suas conclusões. Em Thelema um código padronizado de conduta é impossibilitado pela inexistência de dogmas ou interpretações oficiais ou "corretas" de qualquer um dos textos sagrados.


O Fim do Eon

Ao contrário da absoluta maioria das religiões, que se baseiam em uma continuidade eterna de suas verdades espirituais, dentro do próprio Liber AL vel Legis já se prenuncia o fim da validade da fórmula atual de Thelema (Liber AL III:34), na chamada queda do Grande Equinócio: quando Hrumachis erguer-se-á e aquele da dupla baqueta assumirá meu trono e lugar. Um outro profeta deverá erguer-se, e trazer febre fresca dos céus; uma outra mulher despertará a volúpia e a adoração da Serpente; uma outra alma de Deus e da besta misturar-se-á no sacerdote englobado, um outro sacrifício maculará a tumba; um outro rei deverá reinar; e a bênção não mais será derramada Ao místico Senhor da cabeça de Falcão.

Isso se deve à idéia thelemica de que a evolução espiritual humana baseia-se em ciclos, chamados Eons, cada um regido por um arquétipo, normalmente representado por uma divindade egípcia entre os thelemitas. Até hoje dois ciclos foram completados:

Eon de Ísis - A época da Deusa Mãe, onde o ser humano cultuava os aspectos femininos da nutrição. O ser humano é visto espiritualmente como um bebê de colo.
Eon de Osíris - A época do Deus Pai, cultuando-se os aspectos masculinos da ordem e do sacrifício. Entende-se o ser humano espiritualmente como uma criança que já não mais se nutre do leite materno, mas necessita ainda do amparo e da disciplina paternas.
Thelema atua dentro do terceiro ciclo, o Novo Eon:
Eon de Hórus - A época do Deus Interior, onde cultua-se a individuação (não o individualismo), nos aspectos hermafroditas, equilibrando masculino e feminino, disciplina e compaixão. O ser humano evolui até a maturidade, não necessitando mais de divindades externas e tornando-se ele próprio um deus em seu próprio contexto.
Crowley assume que o próximo Eon - que deve ocorrer por volta do ano 3100, será o de Maat, a deusa da Justiça, quando a fórmula atual já terá cumprido seu objetivo e não será mais necessária, devendo deixar um novo pensamento tomar lugar no mundo.


Lugares Importantes

Cefalú

Em 1920 Crowley fundou na cidade de Cefalú, sul da Itália, uma comunidade à qual deu o nome de Abadia de Thelema. Nesta comunidade foi escrito um de seus mais pungentes livros, "Diary of a Droug Fiend" ("Diário de Um Viciado em Drogas"), onde conta sua luta para livrar-se do vício em heroína (adquirido como forma de tratamento da época para a asma) e sua derrota. Sua filha, Anna Leah morreu ali de febre tifóide ainda na infância, ocasionando um dos momentos de maior dor na vida de Crowley.
 
Raoul Loveday discípulo de Crowley e morador da Abadia morreu lá de infecção e sua esposa, Betty May, narrou o caso de forma sensacionalista para tablóides britânicos. Isso resultou em um escândalo que fez com que o governo fascista de Benito Mussolini expulsasse Crowley da Itália em 1923. As ruínas da Abadia, cujas paredes ainda exibem pinturas murais de Crowley, atraem turistas até hoje. Próximo a elas, algumas vezes encontram-se pequenas cruzes de madeira cobertas de rosas.


Boleskine

Em outubro de 1899 Crowley comprou uma mansão às margens do lago Loch Ness, próximo à Inverness, na Escócia, chamada de Boleskine. Lá realizou o rito de Abramelin, cuja execução completa durou um ano e meio. Por este motivo, Boleskine é considerada como o "Leste Mágico" de Thelema, similar à Meca dos muçulmanos. Lá foi também executada pela primeira vez o mais importante rito da Ordo Templi Orientis, a Missa Gnóstica - Liber XV.

A casa mudou de donos várias vezes e nos últimos anos foi propriedade do músico Jimmy Page, guitarrista do grupo Led Zeppelin. Page é um dos maiores colecionadores de materiais relativos a Crowley e permite que turistas acampem na propriedade.


Celebrações
  
Entre os thelemitas, os dias 8, 9 e 10 de abril são considerados como sagrados, chamados de "Três Dias da Escritura do Livro da Lei". Costuma-se celebrá-los lendo-se a cada dia o Capítulo correspondente.

Conforme definido pelos versículos II:36 a II:44, uma série de celebrações são festejadas anualmente ou esporadicamente pelos thelemitas.

Celebrações Anuais

• As Festas das Estações: os Equinócios e Solstícios, aproximadamente nos dias 20 dos meses de março, junho, setembro e dezembro
• O Supremo Ritual: comemorado durante o Ano Novo Astrológico, no Solstício de março (corresponde ao Ano Novo Thelemico)
• Os Três Dias de Escritura do Livro da Lei: em celebração à escrita do Liber AL vel Legis, nos dias 8, 9 e 10 de abril
• Primeira Noite do Profeta e Sua Noiva: comemorando a união de Crowley e Rose Kelly, que resultou no Livro da Lei, no dia [12 de agosto]
• O Equinócio dos Deuses: comemorado durante o Equinócio de Outono
Também é muito comum entre os thelemitas que se comemore o Nascimento do Profeta (12 de outubro) e a Morte do Profeta (1º de dezembro).

Celebrações Esporádicas

• Festa para o Fogo: maturidade de um menino, em seu aniversário de 14 anos
• Festa para a Água: maturidade de uma menina, no dia de sua menstruação
• Festa para a Vida: nascimento de uma criança
• Festa para a Morte: também chamado de Grande Celebração, no falecimento de um thelemita


Números Importantes

Já na leitura do Liber AL vel Legis percebe-se que os números ocupam um lugar importante dentro da simbologia thelemica. Em Liber AL I:3 há uma pista em relação a isso quando se diz que "todo número é infinito, não há diferença". Assim, todo número assume uma condição especial, com um denominador comum. Alguns números são conhecidos por seu uso regular na simbologia thelemica:

• 31 - Não presente no Liber AL vel Legis mas, de acordo com Crowley, é "a chave para o Livro da Lei", uma vez que o termo hebraico "EL" - que geralmente é utilizado para representar Deus - possui esse valor dentro da Gematria, a numerologia cabalística.
• 93 - É o próprio valor numérico de Thelema, bem como de Agape (o Amor sublime que é citado na segunda injunção da Lei de Thelema). Desta forma, Vontade e Amor são correspondentes dentro da filosofia thelemica.
• 11 - Correspondendo à soma de 5 (o Microcosmo) com 6 (o Macrocosmo), representa o todo, a Grande Obra. É também relativo à 11ª Esfera da Árvore da Vida, Daath, cujo Abismo deve ser cruzado para que se chegue ao pleno auto-conhecimento.
• 220 - É a totalidade do Universo.
• 418 - Valor numérico da palavra "Abrahadabra", considerada por Crowley como a fórmula mágica do Novo Eon.
• 666 - Número de catálogo da Estela da Revelação no Museu Boulaq, onde estava. Costuma ser considerado pelo cristianismo como o número do Anti-Cristo, mas dentro do ocultismo (vide quadrado mágico do Sol para mais detalhes) é o número correspondente ao Sol, símbolo do Self para a filosofia thelemica, não recebendo conotações ligadas ao mal.

Thelema Hoje

A Diversidade do Pensamento Thelemico

O núcleo do pensamento thelemico é a Lei de Thelema: "Faze o que tu queres será o todo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade." Contudo existe uma vasta variedade de interpretações para esta Lei, sendo cada adepto de Thelema possui a sua e cada uma delas é considerada correta dentro do escopo individual. Thelemitas evitam fortemente todo tipo de pensamento dogmático ou fundamentalista a respeito da Lei de Thelema, o que torna Thelema, nos dias de hoje, uma filosofia ou religião altamente sincrética. Crowley colocou forte ênfase na natureza única da Vontade inerente a cada indivíduo, insistindo que não deveria ser seguido em suas idéias particulares ou em seu caminho individual, dizendo que não desejava ser mais um em meio a muitos.


Desta forma, muitos thelemitas entendem Thelema como uma religião em si enquanto outros seguem outras religiões como o Discordianismo, Wicca, Gnosticismo, Satanismo, Cristianismo (em suas várias vertentes), religiões afro como a Umbanda, o Candomblé ou o Voodoo, ou mesmo Agnosticismo ou Ateísmo. Reconhecendo as ligações entre as práticas thelemicas e as de outras linhas de magia ou religiões, muitos thelemitas praticam métodos provenientes das mais diversas fontes como o Taoísmo, o Tantra, a Astrologia, a Cabalá, Magia do Caos e outras.

Alguns thelemitas aceitam o Liber AL vel Legis, mas não os outros trabalhos de Crowley (sejam ou não "inspirados"), ou seus ensinamentos. Outros tomam aspectos específicos do sistema como um todo - tal como as práticas de Magick - e ignoram o resto. Alguns preferem criar seus próprios sistemas, sem problemas em distanciar-se do pensamento original de Crowley, tal como Maggie Ingalls (Nema) e sua "Maat Magick", ou Keneth Grant. Todos estes são considerados thelemitas.


Literatura Thelemica Crowleyana

Aleister Crowley escreveu intensamente sobre Thelema durante mais de 35 anos e muitos dos seus livros estão em catálogo até os dias de hoje, sendo que vários textos podem ser encontrados livremente na Internet. Os textos clássicos de Crowley dividem-se em dois tipos básicos: os Libri (plural de Liber) e os textos escritos como cartas, livros, artigos e outros livremente criados. Os Libri, em sua marioria escritos "inspirados" (sagrados) ou criados como instruções para a Astrum Argentum ou ritos são classificados da seguinte forma:

• Classe A - Textos considerados sagrados e que não podem ser modificados de forma alguma
• Classe B - Textos considerados inspirados mas não sagrados
• Classe C - Textos considerados de grande importância
• Classe D - Rituais e instruções oficiais
• Classe E - Explicações e ensaios




Literatura Thelemica Contemporânea

Outros autores têm produzido uma extensa literatura thelemica, ampliando o conhecimento e o campo de visão sobre Thelema, sua filosofia, seus rituais, etc. Dentre os grandes autores podem ser citados Charles Stansfeld Jones (Achad), cujos trabalhos sobre Cabalá ainda são publicados.
Jack Parsons, cientista do Instituto de Tecnologia da Califórnia, um dos primeiros discípulos estadunidenses de Crowley e membro líder de um grupo local da Ordo Templi Orientis. Ele escreveu vários textos durante sua vida, alguns deles compilados no livro "Freedom is a Two-Edged Sword" ("A Liberdade é uma Espada de Dois Gumes"). Morto em uma explosão em seu laboratório particular, teve sua vida descrita em duas biografias: "Sex and Rockets" ("Sexo e Foguetes"), de John Carter, e "Strange Angel" ("Estranho Anjo"), de George Pendle.

Israel Regardie não apenas editou muitos trabalhos de Crowley como escreveu uma biografia sobre ele: "The Eye in the Triangle" ("O Olho no Triângulo"). Sua obra thelemica é restrita, sendo mais conhecidos seus trabalhos sobre Cabalá (como "O Jardim das Romãs") ou sobre a Ordem Hermética da Aurora Dourada.

Kenneth Grant escreveu vários livros sobre Thelema e sobre ocultismo em geral, tais como "O Renascer da Magia", "Aleister Crowley e o Deus Oculto", "Fora dos Círculos do Tempo" e "A Fonte de Hécate".
 
Lon Milo Duquette é um dos mais prolíficos escritores thelemicos atuais, com vários livros explorando o sistema mágico de Crowley, como "Understanding Aleister Crowley's Thoth Tarot" ("Entendendo o Tarot de Thoth de Aleister Crowley"), "The Chicken Qabalah of Rabbi Lamed Ben Clifford" ("A Cabalá Galinácea do Rabi Lamed Ben Clifford"), "The Magick of Aleister Crowley" ("A Magia de Aleister Crowley") e "The Key to Solomon's Key." ("A Chave para a Clavícula de Salomão").

Nema apresenta uma visão própria de Thelema, com elementos Maatianos. Dentre seus vários livros destaca-se "A Magia Thelemica de Maat".
 
Outros notáveis escritores contemporâneos de Thelema incluem Jerry Edward Cornelius, Gerald del Campo, J. Daniel Gunther, Allen H. Greenfield, Christopher Hyatt, Richard Kaczynski, Jason Augustus Newcomb, Rodney Orpheus, James Wasserman, and Sam Webster.
 
Fora isso, várias publicações especializadas em Thelema podem ser encontradas como "Doomsayer's Digest", "Cornelia", "Journal of Thelemic Studies", "Light In Extension", "Lion & Serpent" e "The Scarlet Letter", em sua maioria editadas por grupos afiliados à Ordo Templi Orientis. No Brasil, a revista "Safira Estrela" foi muito conhecida durante o início dos anos 90 mas atualmente não é mais publicada. Em português existiu também a revista eletrônica "eMagick", editada pela Loja Quetzalcoatl, grupo da O.T.O. radicado no Rio de Janeiro.



Organizações Thelemicas
O Lamen (símbolo mágico)
e marca registrada da Ordo Templi Orientis.
Várias organizações contemporâneas seguem os preceitos thelemicos, aceitando ou não o Livro da Lei como sua obra sagrada. As mais importantes foram comandadas por Aleister Crowley durante sua vida: a Astrum Argentum (fundada por Crowley tendo por base os Graus iniciáticos da Aurora Dourada) e a Ordo Templi Orientis, originalmente uma organização maçônica que sob o comando de Crowley afastou-se da Maçonaria em termos de filosofia e ritualística, não possuindo mais ligação nenhuma com esta. Dentro da O.T.O. encontra-se também a Ecclesia Gnostica Catholica, seu braço religioso.

Selo da Astrum Argentum.
  
Desde a morte de Crowley em 1947 várias organizações foram formadas sob a égide de Thelema ou adotaram-na como filosofia principal. Dentre estas podemos citar o Colégio de Thelema de Phyllis Seckler, o Templo de Thelema, a Ordem Typhoniana de Kenneth Grant, a Sociedade OTO de Marcelo Ramos Motta (sem ligação com a Ordo Templi Orientis), a Ordem Thelemica da Aurora Dourada, a Sagrada Ordem de Ra-Hoor-Khuit, a Ordem Aberta da Aurora Dourada, a Ordem dos Cavaleiros Thelemicos e a Ordem dos Cavaleiros de Thelema de Euclydes Lacerda (sem ligação com a Ordem dos Cavaleiros Thelemicos).
Outros grupos, ainda que não adotem Thelema como sua filosofia principal, buscam inspiração nesta filosofia e em seus métodos, como os Illuminati de Thanateros e o Templo de Set. Alguns grupos aceitam a Lei de Thelema mas omitem certos aspectos do sistema de Crowley, incorporando o trabalho de outros místicos, filósofos ou sistemas religiosos. Dentre estes podemos citar a Fraternitas Saturnii, a Sociedade de Thelema, também alemã e a Loja Horus-Maat de Nema. A presidente da Igreja de Todos os Mundos, LaSara Firefox, identifica-se como thelemica e maga sexual, sendo que uma pequena parte de seus seguidores também se identifica como thelemita.




Influência Cultural



Ainda que em grande parte desconhecida das pessoas, a filosofia thelemica exerceu influência em vários setores da cultura mundial, principalmente na cultura pop e no meio musical.

  

Música



• Os Beatles, na capa de seu icônico disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" colocaram imagens de várias personalidades que tiveram influência sobre sua música, dentre as quais está uma fotografia de Aleister Crowley.

• O tecladista Graham Bond, líder da banda Graham Bond Organisation gravou uma música intitulada "Holy Magick", baseada na Missa Thelemica (Liber XV) de Crowley.

• A música "Quicksand", de David Bowie, do álbum "Hunky Dory'" traz o trecho "sou ligado à Aurora Dourada, imerso no imaginário uniforme de Crowley".

• Crowley aparece no início da música "Bal-a Versailles", do grupo australiano de pub rock Cold Chisel.

• Um sem número de bandas e músicos de heavy metal incorporaram o nome de Crowleyàs suas letras, ainda que pelo viés "satanista" do ocultista do que por seu trabalho real. Tais letras costumam citar o uso por vezes sarcástico ou blasfemo de Crowley do imaginário cristão, como o número 666.

• Ozzy Osbourne, em seu álbum solo "Blizzard of Ozz", gravou a música "Mr. Crowley", sobre as crenças e posturas de Crowley.

• O grupo Ministry faz referências a Crowley na letra de "Golden Dawn", do disco "Rape and Honey", na qual samplearam gravações de sua voz. No álbum "Psalm 69", nos versos finais da música de mesmo nome, traz o trecho "A forma de se ter sucesso ou o modo de sugar ovos", plagiada de "The Book of Lies" ("O Livro das Mentiras"), de Crowley.

• A banda de heavy metal Iron Maiden também faz referências a Crowley em várias de suas músicas (como em "Moonchild, título de um romance de Crowley, do álbum "Seventh Son of a Seventh Son"). Bruce Dickinson, líder do grupo é fã de ocultismo e costuma fazer referências a Crowley em seus projetos solo.

• Na Suécia existe a banda chamada Therion, abertamente ligada a Thelema.

• A banda de thrash metal/black metal suíça Celtic Frost gravou um álbum intitulado "To Mega Therion", um dos títulos adotados por Crowley.

• O grupo alemão de power metal Edguy tem uma música, "Out of Control", que cita Crowley nominalmente.

• O roqueiro performático Marilyn Manson já declarou ser Crowley um de seus autores favoritos. Em seu álbum "Antichrist Superstar", a frase "quando estiver sofrendo, saiba que eu terei te traído" alegadamente baseia-se em um versículo do Livro da Lei: "Debandai! vós zombadores; ainda que gargalheis em minha honra, vós não gargalhareis por muito tempo; então quando estiverdes tristes sabereis que eu vos abandonei." (AL II:56). Também na letra de "Disposable Teens" está a frase "Jamais odiei um deus verdadeiro mas o deus daqueles a quem odeio", parafraseada de "Confessions" ("Eu não odeio Deus ou Cristo, mas apenas o Deus ou o Cristo daqueles a quem eu odiei"). Ainda na música "Misery Machine" o coro canta "Tomemos o caminho da Abadia de Thelema".

• O grupo experimental Coil, próximo ao final de seu remake do vídeo da música "Tainted Love" (uma referência à AIDS) mostra as frases "LOVE IS THE LAW" e "LOVE UNDER WILL", tiradas diretamente da segunda parte da Lei de Thelema.

• O grupo britânico Current 93, que recebeu seu nome de um termo diretamente referente à filosofia Thelemica, também chamada de Corrente 93, manifesta extensa inspiração na obra de Crowley. O líder do grupo, David Tibet, ex-membro da OTO, escreveu um artigo para a revista Flexipop sobre a influência de Crowley na música contemporânea.

• O grupo de death metal Behemoth possui um disco intitulado "Thelema 6"

• A banda de gothic rock britânica Fields of the Nephilim faz várias referências a Thelema em seu trabalho, como nas músicas "Moonchild" e "Love Under Will". O álbum " Elizium" traz trechos da gravação da voz de Crowley lendo um de seus trabalhos.

• O grupo de música pop Alphaville, que possui em sua obra vários exemplos de influência mística, gravou a faixa "Red Rose" em homenagem à primeira esposa de Crowley, Rose Kelly, co-responsável pelo Liber AL vel Legis, com referências a Thelema e outras ligações com o ocultismo.

• O grupo estadunidense de folk music Annwn gravou uma música intitulada "The Scarlet Muse", sobre Leila Waddell, amante de Crowley. O mesmo grupo, com o nome Nuit, gravou o álbum "Mother Night", parcialmente baseado em conceitos thelemicos.

• O quarteto de nu metal estadunidense Mudvayne tem em seu álbum "The End of All Things to Come" a sentença "a dor da divisão é como nada, e a alegria da dissolução é tudo", retirado diretamente do Livro da Lei (AL I:30). A Lei de Thelema é parafraseada em "(K)now F(orever)" como "Faça o que quiser, faça isso a totalidade de sua lei".

• A banda de rock britânica Manic Street Preachers mostra uma imagem de Crowley no vídeo de sua música "You Love Us".

• O guitarrista Jimmy Page, da banda Led Zeppelin é conhecido por seus estudos de ocultismo dentro da filosofia thelemica, influência esta que passou para várias músicas do grupo. Page também foi o proprietário de Boleskine, antiga residência de Crowley, entre os anos 1971 e 1992. Um retrato de Crowley já idoso aparece na capa do quarto álbum do Led Zeppelin, ("IV, Zoso, Runes etc").

• John Frusciante, do Red Hot Chili Peppers é um admirador de Crowley e suas músicas "666", "I'm Around", "Emptiness" e "Look On" (do álbum solo "Inside of Emptiness") são todas de inspiração thelemica.

• Raul Seixas não apenas teve uma série de músicas influenciadas por Thelema, em parceria com Paulo Coelho e Marcelo Ramos Motta como gravou uma versão musicada do "Liber Oz" e baseou nessa filosofia a criação de sua Sociedade Alternativa.

• O grupo Os Mutantes, de Rita Lee possui também influência de Thelema em algumas de suas músicas.

• A música MR. Crowley da banda Cradle of filth é uma clara homenagem ao místico.


  

Cinema e Televisão



Vários cineastas tiveram suas obras ou mesmo alguns de seus filmes baseados nas idéias de Thelema ou fizeram filmes onde elementos desta filosofia estão presentes.



• No filme "House of 1000 Corpses", do rockeiro Rob Zombie, foi utilizada uma gravação da voz de Crowley lendo seu poema "The Poet" ("O Poeta").

• O cineasta experimental Kenneth Anger possui obras inteiras baseadas tanto na ritualística quanto na filosofia de Thelema. Os filmes "Lucifer Rising" teve a trilha sonora composta por Jimmy Page enquanto a de "Invocation of my Demon Brother" foi escrita por Mick Jagger.

• No curta-metragem "Crowley", de 1987, apresenta um monólogo onde o próprio Crowley (Ricardo Islas) fala sobre Thelema.

• O documentário uruguaio de 1990, ""Las cenizas de Crowley" busca estabelecer uma biografia do ocultista inglês.

• O curta-metragem "Apocrifi sul caso Crowley", de 1994, é um pequeno documentário sobre os acontecimentos na Abadia de Thelema.

• Crowley é citado como uma das inspirações das religiões satânicas estadunidenses no documentário "America's Best Kept Secret", (EUA, 1998).

• A série de documentários britânica "Masters of Darkness" teve um episódio dedicado a Aleister Crowley: Aleister Crowley - The Wickedest Man in the World" (2002)

• O curta-metragem biográfico espanhol "Perdurabo" (um dos nomes mágicos de Crowley), de 2003, conta um pouco da vida na Abadia de Thelema.

• O curta-metragem canadense "Aleister Crowley: The Beast 666" (2007) mostra outra biografia de Crowley.

• O filme estadunidense "Abbey of Thelema", de 2007, também conta, de forma mais romanceada, a história da Abadia em Cefalú.

• A animação de micro-metragem tcheca "The Adventure of a Worm: A Short Tribute to Mr. Aleister Crowley, the Magus" (2008) faz uma brincedeira com a vida e as idéias de Crowley.

• O longa-metragem brasileiro "Bellini e o Demônio" (2010) utiliza o Livro da Lei e o nome de Aleister Crowley em seu roteiro, mas de forma descontextualizada e com graves erros históricos.




Literatura



Fora a extensa literatura thelemica própria, vários autores incorporaram as idéias de Thelema em seus escritos Alguns dos mais famosos são Aldous Huxley, W. Somerset Maugham e Robert A. Heinlein. Fora da literatura clássica, os quadrinistas e novelistas ingleses Neil Gaiman e Alan Moore são fortemente influenciados pelo pensamento e obra de Crowley. A série de quadrinhos "Promethea", de Moore traz numerosas referências não apenas à filosofia de Thelema quanto a seu sistema de magia; sendo que o próprio Crowley é citado ou aparece em diversos pontos da história. Gaimann, em seu livro "As Belas e Terríveis Maldições" tem como um dos personagens centrais um demônio bem humorado chamado Crowley, que termina ajudando a salvar o mundo do Apocalipse. A visão do divino de Thelema aparece em sua série de romances interligados "Deuses Americanos", "Os Filhos de Anansi", etc.



 
Thelema no Brasil



A introdução de Thelema no Brasil ocorreu com a chegada da Fraternitas Rosicruciana Antiqua, de Arnold Krumm-Heller, em fevereiro de 1933. Além de ter os seus rituais dos primeiro e segundo graus calcados no Liber Al vel Legis, e de haver publicado, pioneiramente, em sua revista GNOSE vários artigos de Aleister Crowley, os irmãos da FRA denominavam-se Thelemitas, ainda que disso não fizessem alarde, e muito menos proselitismo.



Contudo, a ocultação dos ensinamentos do Mestre Therion acabou, com o ingresso de Marcelo Ramos Motta na A.•. A.•., cerca de trinta anos depois, na década de 1960. Saindo da FRA, por não aceitar a maneira velada com que tratavam os ensinamentos thelemicos, Marcelo Motta tornou-se discípulo de Karl Germer na A.•. A.•., e, baseando-se no fato de seu Mestre ser também líder internacional da Ordo Templi Orientis tentou assumir a liderança desta Ordem na ocasião da morte de Germer. Todavia, perdeu a batalha judicial, mesmo tendo criado, nos EUA, a Society-OTO, organização sem ligação com a OTO, mas, ainda assim, primeiro grupo thelemico, após a FRA, a atuar no Brasil de forma regular. Contudo, após a morte de Motta, as atividades da S-OTO foram diminuindo gradativamente até praticamente não se manterem mais.

Na década de 1980, o Mestre Genelohim, Iniciado egresso da FRA, criou, em Niterói e no Rio de Janeiro, o Sagrado Círculo de Thelema - SCT, com o objetivo de divulgar os ensinamentos do Mestre Therion, já que a FRA permanecia ocultando-os. Mas os mestres do SCT foram surpreendidos com a Ordem Superior da Hierarquia, determinando a recepção de uma nova mensagem de Horus, o Novo Livro da Lei (NLL), que seria, na visão dos membros do SCT, a qual não é compartilhada pela maior parte dos seguidores de Thelema, o continuador e atualizador do Liber Al vel Legis recebido em 1904 pelo Mestre Therion. Ainda hoje o SCT continua atuante, divulgando essa nova mensagem e os elementos que criou: a Spira Legis e o Oráculo de Thelema.



Em novembro de 1995 é fundado o primeiro Corpo Local (grupo oficial) da OTO no Brasil, o Acampamento Sol no Sul, embrião do Oásis Quetzalcoatl, atualmente Loja Quetzalcoatl, grupo thelemico ainda em atividade no Rio de Janeiro. A Ordo Templi Orientis conta também com outro Corpo Local no estado de Minas Gerais, o Acampamento Opus Solis. Funcionando continuamente desde sua chegada ao Brasil, a OTO é a mais regular presença thelemica em terras brasileiras e principal fonte de referência.



Outros grupos thelemicos também tiveram , como a Loja Nova Isis, em Niterói, estado do Rio de Janeiro e a Ordem dos Cavaleiros de Thelema. Ainda ativo encontra-se o Collegium ad Lux et Nox, organização não-iniciática voltada para o ensino de magia sob a égide thelemica.



A Lei de Thelema também foi divulgada no Brasil por Raul Seixas na década de 1970. Inclusive, Raul Seixas e Paulo Coelho chegaram a criar a Sociedade Alternativa baseada nos preceitos do Livro da Lei de Crowley. A música Sociedade Alternativa é um grande exemplo disso. Na música A Lei, Raul Seixas chega a ditar todos os preceitos do Livro da Lei.



 
Thelema em Religião Comparada



Thelema vem atraindo muita atenção nos últimos anos de estudiosos de outras linhas religiosas, especialmente dos interessados em novos movimentos religiosos, como o Gnosticismo Contemporâneo e o Hermetismo. Talvez a tentativa mais fora do comum tenha sido feita pelo bispo Frederico Tolli, em seu livro ((em alemão)) "Thelema — Im Spannungsfeld zwischen Christentum, Logentradition und New Aeon" ("Thelema - Na Tensão Entre o Cristianismo, a Tradição e o Novo Eon"). Para Tolli, Thelema é uma consequência dialética do Cristianismo. A Cristiandade, para Tolli, existe como uma comunidade em Cristo, de forma que Thelema seria uma resposta individualística para o mundo.
 

Tomando de um dicionário teológico de 1938 (para o Novo Testamento) o conceito de "salvação histórica" (Heilsgeschichte) teve grande efeito no pensamento de Tolli e é neste conceito que ele discute Thelema. Tolli vê o Heilsgeschichte de Crowley como aquele em que o todo do Universo (logo, a Vontade de Deus) está para se combinar (análogo à fórmula alquímica do "coagula"). O Amor, na forma da combinação atrativa ("Amor é a lei, amor sob vontade") é um princípio universal, estando assim próximo ao conceito de uma religião natural. A principal diferença, para Tolli, é que na Cristiandade a salvação do Universo como um todo ("Ganzheit") não pode ser feita pelo homem solipsista. O bispo vê Crowley como um artista ou um "mistagogo" falho - ainda que brilhante - mas não como "satanista". O mérito e contribuição do bispo Tolli para os estudos thelemicos reside no fato de ter primeiro experimentado uma genuína compreensão de que a idéia de Thelema não necessariamente contradiz os ensinamentos de Jesus, como o próprio Crowley afirmava.




Outras Leituras



• Del Campo, Gerald. Rabelais: The First Thelemite. The Order of Thelemic Knights.

• Melton, J. Gordon (1983). "Thelemic Magick in America." Alternatives to American Mainline Churches, ed. Joseph H. Fichter. Barrytown, NY: Unification Theological Seminary.

• Starr, Martin P. (2004) A Hundred Years Hence: Visions of a Thelemic Future (Conference Paper presented at the Thelema Beyond Crowley )

• Starr, Martin P. (2003). The Unknown God: W.T. Smith and the Thelemites. Bolingbrook, IL: Teitan Press.

• van Egmond, Daniel (1998). "Western Esoteric Schools in the Late Nineteenth and Early Twentieth Centuries." in van den Broek, Roelof and Hanegraaff, Wouter J. Gnosis and Hermeticism From Antiquity To Modern Times. Albany: State University of New York Press.



Textos de Aleister Crowley ((em inglês))



• OTO-USA Web Library - Coleção limitada de textos de alta qualidade, incluindo quase todos os Libri Classe A

• The Libri of Aleister Crowley - Extensa coleção de obras de Aleister Crowley (alguns documentos contém erros ou omissões)





Notas e referências


1. ↑ Não há um consenso sobre a tradução da Lei de Thelema para o Português. Além da tradução apresentada neste artigo existem outras versões como "Faze o que tu queres deverá ser o todo da Lei." (OTO/Pt), "Faze o que tu queres pois é tudo da Lei." (Raul Seixas), "Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei." (Marcelo Motta) e outras. Desde que seja mantido o estilo literário utilizado, não seja alterada a pontuação da frase e que se respeite o uso da maiúscula em "Lei" todas são consideradas válidas. A forma aqui colocada é a utilizada pela OTO brasileira.



ATENÇÃO: Em minhas experiências pessoais, soube que o Tarô de Crowley é incorreto, no que diz respeito as correspondências com letras hebraicas. De forma, que acredita-se que ele pode ter feito isso propositalmente, para levar a quem estuda a determinadas experiências "negativas". Então, está avisado.


Baralho de Taro que Crowley desenvolveu e Lady Frieda Harris ilustrou:



Arcano I.
O Mago

O Verdadeiro Eu é o significado da Verdadeira Vontade:
Conhecete-te a ti mesmo segundo o teu Caminho.
Calcule bem a Fórmula do Teu Caminho.
Criar livremente; absorver alegremente; dividir atentamente;
consolidar completamente.
Trabalho tu, Onipotente, Onisciente, Onipresente,
em e pela Eternidade.

Aquele que realiza, trabalhador, o que põe em prática, habilidade, astuto, sábio, sabedoria,
 impulso rápido, inteligência.
Sabedoria, habilidade, destreza, a elasticidade de artesanato, astúcia, engano, roubo. Às vezes, sabedoria oculta ou poder, às vezes um impulso rápido, um de ondas cerebrais ". Pode implicar mensagens, transações de negócios, a interferência de aprendizagem ou de inteligência com o assunto em mãos.

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Arcano II
A Sacerdotiza

Pureza é viver apenas para o Altíssimo,
e o Altíssimo é Todo;
sejas tu como Artemis para Pan
Lê no Livro da Lei, e abra-te passo
através do véu da Virgem.

Intuição, confiança, boa influência, troca, alternância, necessidade de manter o equilíbrio.
Influência, exaltadas e gracioso entra no assunto. Assim, mudança, alternância aumentar, ou diminuir, de flutuação. Há, no entanto, um passivo a ser levado pelo entusiasmo; pode tornar-se uma "lua-golpeado" a menos cuidadoso equilíbrio é mantido.

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Arcano III
A Imperatriz

Esta é a Harmonia do universo, que o Amor
se una a Vontade para criar com a Compreensão
dessa Criação:
Compreende tu a tua própria
Vontade.
Ame e deixe amar.
 Alegrai-vos em cada forma de amor,
e obtenha o teu êxtase e teu alimento dele.

Amor, beleza, felicidade, determinação, fertilidade, amizade, doçura, êxito, equilíbrio, consecução, prazer, sucesso, realização, graciosidade, elegância, luxo, ociosidade, dissipação, libertinagem, gentileza, prazer.


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Arcano IV
O Imperador
  
 Verte água sobre ti mesmo: assim serás uma Fonte para o Universo.
descobre-te em cada Estrela.
Leve à cabo toda possibilidade.
Use toda a energia para governar teu pensamento:
queima
o teu pensamento como a Fênix.

Vitória, conquista, guerra, ambição, integralidade, estabilidade, poder, tendencioso, obstinado, guerra, vitória, conflito, ambição, originalidade, confiança jactanciosa e megalomania, belicosidade, energia, vigor, teimosia, impraticabilidade, precipitação, têmpera-tratos.

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Arcano V
O Hierofante


Oferece-te Virgem ao Conhecimento e
Conversação do teu Sagrado Anjo Guardião.
Tudo mais é uma armadilha.
Seja um atleta nos oitos ramos do Yoga: pois
sem elas não estás disciplinado para
luta alguma.

 Manipulador, amoral, esforço, busca, organização, ensinamento, resistência obstinada, labuta, resistência, placidez, manifestação, explicação, ensino, bondade de coração, a ajuda de superiores, paciência, organização, paz.


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Arcano VI
Os Amantes

 O Oráculo dos Deuses
é a Voz da Criança do Amor
em Tua própria Alma; escuta-a.
Ouça a Voz da Sereia dos Sentidos,
ou a Voz do Espectro da Razão;
descansa na Simplicidade, e escuta o Silêncio.

 Multiplicidade de emoções, necessidades, emotividade, instabilidade, união superficial, inteligência, contradição, frivolidade, indecisão, autocontradição, trivialidade, separação, intuição, união perfeita,
abertura à inspiração, intuição, inteligência, segundo a visão, infantilidade, frivolidade, divorciado da consideração de ordem prática, a indecisão, auto-contradição união, em um grau superficial com os outros, instabilidade, contradição, trivialidade, o "testa alta".


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Arcano VII
A Carruagem


A Prole do Abutre, Dois-em-Um, unidos;
transmitida;
esta é a Carruagem do Poder.
TRINC: o oráculo passado.
O último oráculo.

Multiplicidade de idéias, vitória, decisão, fidelidade, impiedoso, esperança,obediência, autoridade sob a autoridade, triunfo, esperança, a autoridade de memória, digestão, violência na manutenção de idéias tradicionais, crueldade, luxúria de destruição, obediência, fidelidade, sob autoridade.


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Arcano VIII
O Ajustamento


Contrapese cada pensamento
com seu oposto exato.
Pois o Matrimônio destes
é a Aniquilação da Ilusão.
  
Ajustamento, busca do equilíbrio, pactos, Justiça, ou melhor, justesse, o ato de ajuste, a suspensão de todas as decisões de ação pendente; em matéria material, pode se referir a processos judiciais ou processos. Socialmente, casamento ou contratos de casamento; politicamente, tratados.


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Arcano IX
O Eremita

   
Vá só; leve a Luz e o Báculo.
E que a Luz seja tão brilhante que nada te veja.
Que nada de fora ou de dentro te influencie:
guarda sempre Silêncio
em todos os sentidos.
  
Introspecção, estudo, reflexão, planos práticos, solidão, o grande buscador, pureza do caminho, Iluminação do interior, impulso secreto de dentro; planos práticos derivados em conformidade. Aposentadoria da participação em eventos atuais.


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Arcano X
A Fortuna

 Siga a tua Fortuna sem preocupar-te aonde te levará.
O eixo não se move: tu que deverá atingir.
alcance-o.
  
Mudança de sorte, estabilidade, matéria, interiorização, fase, movimento, oportunidades constantes, boa fortuna.
Mudança de fortuna. (Isso geralmente significa boa sorte, porque o fato da consulta implica ansiedade ou descontentamento).

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Arcano XI
A Luxúria (O Tesão)


Modere a Energia com Amor,
mas deixe o Amor devorar todas as coisas
Adore o nome ____, quadrangular, místico,
maravilhoso, e o nome de Sua Casa 418.
  
Ansiedade, domínio da situação, valor, energia, força, geração, coragem, energia e ação, une a paixão grande, recorrer à magia, o uso de poder mágico.



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Arcano XII
O Homem Pendurado

 Que as águas por quais viajas não te molhem.
E, uma vez tenhas chegado a praia, planta a
Videira e goze sem envergonhar-se.
  
Sacrifício sob vontade, superação, sofrimento inevitável e imposto, forçados sacrifícios, castigo, perda fatal ou voluntária, derrota, fracasso, morte.

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Arcano XIII
A Morte

 O Universo é Mudança; toda Mudança é o
efeito de um Ato de Amor, todos os Atos de Amor
contém pura alegria. Morrem diariamente. A morte é o ápice de uma curva da Vida da serpente:
contemple todos os opostos como complementos necessários e regozija-te.

Transformação consciente, necessidade de renovação, fim de uma etapa, desenvolvimento lógico de uma situação, morte ou destruição manifestadas, mudança, voluntário ou involuntário, em qualquer caso, o desenvolvimento lógico das condições existentes, mas talvez repentina e inesperada. Aparente morte ou destruição, mas tal interpretação é ilusão.

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Arcano XIV
A Arte

 Despeje todos os teus livre e generosamente
do Vaso em tua mão direita,
sem perder nenhuma gota.
Não tem a tua mão esquerda um vaso?
Transmuta tudo na Imagem de tua Vontade,
e leve cada coisa a seu verdadeiro signo de Perfeição.
Dissolva a Pérola na Taça de vinho; bebe, e põe de manifesto a Virtude dessa Pérola.

Combinação de forças, união perfeita, realização, ação baseadas em cálculos corretos após elaboradas manobras, o caminho de fuga, sucesso.


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Arcano XV
O Diabo


Com teu Olho direito cria tudo para ti,
e com o esquerdo aceite tudo criado de outra forma.
  
Confusão, libido, impulso cego, rigidez, tudo o que foge ao controle da vontade, iniciação,
obstinação, desequilíbrio, unidade, irresistivelmente forte e inescrupuloso, ambição, tentação, obsessão, plano secreto prestes a ser executado; trabalho duro, a rigidez, obstinação descontentamento dor, resistência.


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Arcano XVI
A Torre

 Destrua a fortaleza de teu Eu Individual
para que tua Verdade saia liberta de suas ruínas.
  
Transformação radical, perigo, ruína, combate, morte repentina, disputa, destruição de planos, morte súbita, fuga da prisão.


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Arcano XVII
A Estrela

 Derramar água sobre ti mesmo,
assim, tu serás uma fonte para o Universo.
Veja tu mesmo em toda Estrela.
Alcance todas as tuas possibilidades.
Dedica toda tua energia a governar tua mente:
queima teus pensamentos como a Fênix.


Claridade de visão e de idéias, ajuda inesperada,  julgamento errôneo, decepção, precepção de possibilidades, ilusão, visão espiritual, esperança, a realização de possibilidades, discernimento espiritual, com aspectos ruins, erro de julgamento, devaneio, desapontamento.


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Arcano XVIII
A Lua


Desligue-se da Ilusão do Mundo; não lhe preste atenção,
quando passares da Meia-noite à Manhã.

 Ilusão, decepção, loucura, engano, falsidade, ante-sala de uma mudança importante, engano, confusão, histeria, devaneio, erro, crise, "hora mais escura antes do amanhecer", à beira da mudança importante.


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Arcano XIX
O Sol


Projete sem reparos tua luz no todo;
as nuvens e sombras carecem para ti de importância.
Faz da Palavra e do Silêncio, da Energia e da Calma
formas gêmeas de teu jogo.


Glória, riqueza, sucesso, proteção, ganância, arrogância, união de forças, ganho, triunfo, prazer, franqueza, verdade, despudor, vaidade, manifestação, a recuperação da doença, mas às vezes morte súbita.



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Arcano XX
O Aeon



Seja todo Ato um Ato de Amor e Adoração.
Seja todo Ato o Fiat de um Deus.
Seja todo Ato uma fonte de Glória radiante.


Olhar para frente, rompimento radical com o passado, novos projetos, futuro, nascimento;
decisão final em relação ao passado, nova corrente em relação ao futuro, sempre representa a tomada de um passo definitivo.

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Arcano XXI
O Universo

Tratar o tempo e todas as condições dos Eventos
como Servos de tua Vontade,
designados para apresentar o Universo para
ti em forma de teu Plano.
E: bênção e adoração ao profeta da
amável Estrela.

Expansão, rompimento com as limitações, inércia, demora na realização, paciência, perseverança, cristalização de algo muito desejado e importante, A questão de a pergunta em si, a síntese, o fim da questão, pode significar atraso oposição, obstinação, teimosia persistente na dificuldade. A cristalização de toda a questão envolvida.



Vontade pura, desaliviada da ânsia de resultado, é de todo perfeita
Aleister Crowley





3 comentários:

  1. Pois é pessoal, faz um ano que um amigo e integrante do Grupo de Astrologia_autoconhecimento, o Antônio Guilherme Dolzan, faleceu. Ele adorava Crowley. E eu sempre dizia a ele, que o mínimo que se espera quando se estuda Aleister Crowley, é PRUDÊNCIA. Ele estava no Retorno de Saturno e aos 29 anos nos deixou.
    Eu somente postei este recado, para alertar a todos que se aventuram.

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  2. eu li tudo que voce postou, obrigado pela informação.
    O baralho dele é intrigante, realmente Prudencia é o fundamento. Mas ainda quero um livro que seja base, se puder me indicar um , aceito.
    Obrigado.

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  3. Muito bom, eu li tudo, mas achei que fosse fazer a explanação dos arcanos, a razão dele ter trocado alguns etc.

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