Faz o que tu
queres há de ser tudo da Lei.
("Do what thou wilt shall be the whole of the Law.")
Amor é a lei,
amor sob vontade
("Love is the law, love under will.")
Aleister crowley
Este é o lema da
filosofia proposta por Aleister Crowley, antes de ser um filósofo inglês, era
um profundo pensador. Indiscutivelmente um homem “a frente de seu tempo”.
Inteligente, estudioso,... mas, que a meu ver deixou de usar o “equilíbrio” de
Libra (seu Signo Solar) e de forma intrépida, foi descortinando os véus do
ocultismo, sem a menor prudência. Isso, as perdas, além de outros augúrios de
seu Mapa Natal, o tornou uma “presa fácil” de energias que ele pensava que
conhecia, acabando por se tornar um homem perseguido, cheio de vícios e muito
angustiado, levando-o quase a loucura. No fim de sua vida transformou-se numa
figura decadente.
Foi na Universidade, que Crowley finalmente se encontrou. Com
muito dinheiro (da herança de seu pai) e livre da repressão da família, exerceu
todas as atividades pelas quais ficou conhecido: alpinismo, poesia, enxadrismo,
sexo e magia, e, dizem, foi excepcional em cada uma delas.
Edward Alexander Crowley, ou Aleister Crowley (12 de
outubro de 1875 - 1 de dezembro de 1947.) - No entanto se julga ele - era um homem
fascinante que viveu uma vida incrível. Ele é mais conhecido como sendo um
influente ocultista britânico responsável pela fundação da doutrina Thelema. Co-fundador
da A∴A∴ e eventualmente um líder da Ordo Templi Orientis
(O.T.O.). Um ocultista infame e o escriba do Livro da Lei, que introduziu
Thelema para o mundo. Crowley foi um membro influente nas organizações ocultas,
várias, incluindo a Golden Dawn. Ele foi um escritor prolífico e
poeta, um viajante do mundo, montanhista, mestre de xadrez, o artista, yogi,
provocador social, viciado em drogas e libertino sexual. A imprensa adorava
demonizá-lo e apelidado - Crowley "O pior homem do mundo".
Criador da filosofia de Thelema
como é entendida atualmente.
Em 1904, (no Retorno de Saturno – 29 anos) em uma
experiência mística, teve o Livro da Lei ditado a ele por uma
entidade denominada Aiwass, livro
sagrado que atua como pedra fundamental para o sistema filosófico, religioso,
social e mágico chamado Thelema. E que Crowley resumia seu pensamento e
pregação no conteúdo desta obra.
Os princípios hedonistas de Crowley, com a pregação do
aproveitamento dos prazeres terrenos, incluindo sexo e drogas, foram base para
todas as doutrinas satanistas que se seguiram, embora Crowley não tenha de
maneira clara em sua obra se declarado satanista, sendo mais apenas um
anti-cristão, tendo tomado para si a denominação de "Número 666". Por ser uma figura controversa, Aleister Crowley
despertou muito interesse entre artistas de rock, em especial de heavy metal.
THELEMA
Do grego θέλημα: Vontade, a partir do verbo θέλω: desejar, ter
um propósito.
Thelema é a filosofia ou religião - dependendo do ponto de vista
- baseada nos dois preceitos fundamentais da chamada Lei de Thelema:
Estes foram apresentados ao mundo, desta forma, no Livro da Lei
(Liber AL vel Legis), escrito por Aleister Crowley nos dias 8 a 10 de abril de
1904. Seus adeptos são chamados de "thelemitas".
Crowley desenvolveu o sistema thelemico a partir de uma série de
experiências metafísicas experimentadas por ele e sua então esposa, Rose Edith
Kelly Crowley, no início de 1904. A partir dessas experiências ele argumentava
ter sido contatado por uma inteligência não-corpórea denominada [Aiwass] também conhecido como oz (a quem identificou mais tarde como
seu Sagrado Anjo Guardião), a qual ditou a ele, entre o meio-dia e as 13 horas
dos dias 8, 9 e 10 de abril daquele ano, o Livro da Lei (Liber AL vel Legis).
Sabe-se, além disso, que pensadores anteriores a Crowley apresentaram traços da
cosmovisão e sistema contidos no livro, de modo que o conhecimento thelêmico,
embora coroado pelo Liber AL, não se restringe a ele.
O livro contém tanto a frase "Faze o que tu queres será o todo da Lei" quanto o termo
θέλημα, o qual Crowley tomou como nome do sistema filosófico, místico e
religioso que veio a se desenvolver a partir do texto daquele livro,
considerado como sagrado pelos thelemitas (aqueles que seguem a filosofia ou
religião de Thelema). O sistema thelemico inclui uma série de referências de
magia, ocultismo, misticismo e religião, tanto ocidentais quanto orientais,
tais como a Cabala e a Yoga. Segundo Crowley, Thelema representaria um novo
sistema ético e filosófico para a humanidade, caracterizando um Novo Eon (nova
era).
É comum que a Lei de Thelema seja compreendida, à primeira
leitura, como uma licença para que se executem todos os desejos e caprichos que
uma pessoa tenha, sem que haja responsabilidade ou consequências por seus atos.
Contudo, esta filosofia prega justamente
o oposto, partindo da idéia de que cada ser humano, por possuir livre
arbítrio, é inteiramente responsável por sua existência e por suas ações, sem
ser absolvido ou culpado por nenhum Deus ou Diabo no que tange o destino de sua
própria vida. A liberdade de todo Homem e toda Mulher é, portanto, cultuada,
uma vez que, como consta no Liber AL, "todo homem e toda mulher é uma
estrela". O resultado disso é um profundo respeito a si próprio, à
cada indivíduo e à cada forma de vida, como sendo expressões particulares do
Divino.
Além disso, Thelema conclama cada um à descoberta e realização
de sua Vontade (a inicial maiúscula sendo utilizada para diferenciar esta da
vontade trivial, a expressão Verdadeira Vontade também sendo utilizada para
tanto). Cada um de nós tem por obrigação descobrir e cumprir essa Verdadeira
Vontade, deixando de lado todo capricho e distração que possa nos afastar deste
objetivo máximo. Ao realizá-la, estamos nos integramos perfeitamente à nossa
Natureza, que reflete a ordem do Universo. Portanto, realizar a Verdadeira
Vontade é despertar para a Vontade do Universo.
Em Thelema, considera-se a Divindade como algo imanente: isto é,
que vive dentro de tudo. Logo, conhecer sua Vontade mais íntima também é
conhecer a Vontade de Deus. Esse
processo de descoberta da Vontade além dos desejos do Ego constitui um método de realização
espiritual baseado principalmente no autoconhecimento. Infelizmente, os escritos de Crowley são usualmente mal
interpretados e incrivelmente
tomados no sentido oposto ao original, dando origem a comportamentos
anti-sociais que nada têm a ver com Thelema.
A nível social, Thelema pode ser entendida como a luta pela
vivência da Liberdade de cada indivíduo, de modo que ele possa se realizar de
acordo com sua órbita particular, isto é, dentro de suas vivências e escolhas
específicas. Considerar a importância essencial do indivíduo para o mundo pode
ser uma postura menos pragmática do que a tradição política adotada por
sociedades opressoras e massificantes. No entanto, pelo que foi explicado
anteriormente, está claro como a tirania e regimes tirânicos nada têm a ver com
Thelema.
Aleister Crowley era um libriano nada diplomático ou afável: ele
nasceu quando Mercúrio já se encontrava no signo de Escorpião, daí o sarcasmo
e a ironia de seus escritos aliados a um conhecimento aprofundado de
pesquisador obsessivo nas áreas da Magia, da Egiptologia, da Mitologia,
Astrologia, Numerologia, Cabala, Gematria dentre outras.
Ele é conhecido hoje em dia por seus escritos sobre magia,
especialmente o Livro da Lei, o texto sagrado e central da Thelema, apesar de
ter escrito sobre outros assuntos esotéricos como magia, Crowley também era um
hedonista, usuário recreacional de drogas, e crítico social. Em muita de suas
façanhas ele "iria contra os valores morais e religiosos do seu
tempo", defendendo o libertarianismo baseado em sua regra de "Faz o
que tu queres". Por causa disso, ele ganhou larga notoriedade em
sua vida, e foi declarado pela imprensa do seu tempo, como já vimos acima,
"O homem mais perverso do mundo”.
O protestantismo vitoriano foi uma das manifestações mais
repressoras de que já se teve notícia e Crowley, juntamente com alguns artistas
de vanguarda de sua época teve a ousadia de se colocar contra todo esse sistema
de valores e criar um sistema próprio, que por pior que fosse era melhor do que
o sistema estabelecido.
A mente de Crowley, um misto de Nietzsche e Rabelais, com
uma estética egípcia e um negro senso de humor, era, de certa forma,
inescrutável. Apesar de freudianamente seus complexos serem óbvios, lendo
Crowley nunca se tem certeza do que ele realmente quis dizer. Ele brincava com
o leitor, geralmente o superestimando (principalmente nos primeiros livros,
cheios de referências obscuras imprecindíveis para a compreenção da obra).
Apesar disto escreveu excelentes poesia e prosa, mas que de
forma alguma superaram o interesse do mundo na história de sua vida,
atribulada, trágica e cheia de aventuras como foi, por si só uma obra de arte.
Crowley nasceu em 1875, filho de um pastor de uma seita
fundamentalista protestante, que também era dono de uma fábrica de cerveja. Seu
pai morreu cedo, deixando boas lembranças no menino, mas sua mãe, segundo ele,
era uma "estúpida criatura", e as brigas da adolescência logo fizeram
com que sua mãe o chamasse de "Besta",
apelido que adotou posteriormente e que lhe trouxe mais tarde boa parte da
fama.
Aleister
Crowley
Em 29 de Fevereiro de 1880, uma irmã, Grace Mary Elizabeth,
nasceu mas sobreviveu apenas cinco horas. Crowley foi levado para ver o corpo,
em suas próprias palavras em As
Confissões de Aleister Crowley, o qual escreveu em terceira pessoa:
"O incidente criou uma curiosa impressão nele. Ele não
entendia o porque de ser perturbado tão inutilmente. Ele não poderia fazer
nada; a criança estava morta; aquilo não era de sua conta. Essa atitude
continuou com o passar de sua vida. Ele nunca visitara outro funeral a não ser
o do próprio pai, que ele não se importou em fazer, pois sentiu que ele na
verdade era o centro de interesse."
Na escola se mostrou brilhante e obediente, até que foi culpado
injustamente de um pequeno delito e foi posto de castigo, a pão e água, o que
piorou sua já fraca saúde (tempos depois lhe receitariam heroína para a asma,
substância que usou até os 72 anos de
idade, quando morreu de parada cardíaca).
Crowley nunca esqueceu desse tratamento, e desde menino começou
a achar que havia algo de errado com o "senso comum" da época.
Decidiu ser um homem santo, e cometer o maior pecado, como em uma lenda dos
Plymouth Brothers (culto de seu pai) que afirmava que o maior santo cometeria o
maior pecado.
Crowley pode parecer extremamente arrogante e narcisista em seus
escritos, mas isso não parece ser verdade, se examinamos sua vida a fundo. Ele
sempre buscou o reconhecimento e aprovação das pessoas, e quando notou que isso
não era possível, mantendo sua crítica atroz aos absurdos do puritanismo
inglês, ele resolveu aparecer fazendo escândalos, reais ou falsificados, ao
estilo do esteriótipo "falem mal,
mas falem". Seus escândalos com drogas e sexo foram muitos, e essa sua
faceta poderia ser explicada (talvez até possa ser justificada) como uma fuga
genial da pútrida sociedade ultrapuritana em que foi criado.
Mesmo assim em sua autobiografia ("Confessions of Aleister Crowley") ele se mostrou extremamente
magoado quando a imprensa marrom inglesa (conhecidíssima até hoje e abominada
pela família real inglesa) inventava alguma coisa absurda e terrível ao seu
respeito, como em uma ocasião em que o acusaram de comer carne humana na
expedição ao monte K2.
Ele tomou a decisão de mudar o nome Edward Alexander para
Aleister. Sobre isso ele declarou:
"Por muitos anos eu
me aborreci sendo chamado de Alick, em parte devido ao som desagradável e a
visão da palavra, e em parte pois esse era o nome que minha mãe me chamava.
Edward não parecia se ajustar a mim e os
diminutivos Ted ou Ned eram ainda menos apropriados. Alexander era muito longo
e Sandy sugeria ser loira com sardas. Eu tinha lido em um livro ou outro que o
nome mais favorito a se tornar famoso era composto de um dátilo seguido por um
espondeu como no fim de um hexametro... Aleister Crowley preenchia essas
condições e Aleister é a forma gaélica de Alexander. Adotar este nome
satisfaria meu ideal romântico. A ortografia atroz A-L-E-I-S-T-E-R foi sugerido
como a forma correta pelo Primo Gregor, que deveria saber melhor. De qualquer
modo, A-L-A-I-S-D-A-I-R cria um dátilo muito ruim. Por essas razões eu decidir
ficar com meu pseudonimo presente—Eu não posso dizer que tenho certeza que
facilitei o processo de ficar famoso com isso. Eu deveria ter feito isso sem
dúvida, qualquer que tivesse sido o nome que eu escolhesse.”
Crowley, na época da universidade, travou contato com a Golden
Dawn, uma ordem pseudo-maçonica de prática ritualística e iniciatória que
esteve em seu auge no fim do século passado, quando Crowley a frequentou. Subiu
rapidamente pelos graus da ordem, mas foi barrado por um grupo de pessoas que
chegaram a afirmar que a "ordem não era um reformatório". Crowley era
desconsiderado pelos intelectuais e desprezado pela burguesia, fato que o pode
ter levado a suas inúmeras viagens e expedições de alpinismo.
A Golden Dawn recusou iniciação a Crowley, mas seu chefe,
McGreggor Mathers não. Talvez interessado no dinheiro do jovem Aleister Crowley
ele o iniciou, e logo se tornou um mestre para Crowley.
A crença de que existe um grupo de iniciados secretos que carregam
o conhecimento humano e são os verdadeiros "chefes" da terra é
compartilhada no sentido estritamente literal por muitas pessoas e seitas.
Crowley aceitou essa idéia de uma forma ou de outra até o fim da vida, mas
empregou diversas interpretações para estas entidades, algumas baseadas na
psicologia (recém estabelecida como uma ciência por Freud, na mesma época).
Seus trabalhos mágicos e estudos místicos o levaram as mais
diversas partes do mundo, experimentando com todas as formas de catarse e intoxicaçõo,
que considerava como bases da religião. Mas pouco a pouco se distanciava de
Mathers, que a essa altura já havia se proclamado em contato direto com os
"mestres" que regem a terra, e com isso seu autoritarismo se tornou
insuportável. Crowley foi o único a defendê-lo até o final, quando percebeu que
tudo não passava de uma farsa.
Mas, desiludido, passou alguns meses afastado da magia, e pouco
a pouco se reaproximou, trabalhando sozinho. Então numa viagem ao Cairo em
1904, recém casado, sua esposa começou a falar algumas coisas estranhas das
quais ela não poderia ter conhecimento.
Ela o mandou invocar o deus Hórus. Dessa invocação surgiu um
texto pequeno, de três capítulos, intenso e esquisito, ditado por um dos
"ministros" da forma de Hórus conhecida por
"Hoor-Paar-Kraat", Harpócrates, Hórus, a criança. Aiwass era o nome
dessa entidade, depois reconhecida como o Sagrado Anjo Guardião do próprio
Crowley.
Com isso três coisas estão subentendidas: Aiwass era um dos
"mestres" que regiam o presente Éon, dedicado ao Deus Hórus, seu
mentor; era também uma entidade não totalmente separada de Crowley, embora
devesse ser tratado como tal, alguns poderiam dizer que ele era o self
junguiano de Crowley (mesmo ele reconheceu isso), outros, maldosamente, que era
sua Sombra (termo que em psicologia junguiana designa a parte de nós que
reprimimos e que contém aquilo que temos medo de admitir)
Crowley demorou cerca de 5 anos para acatar o que o texto dizia.
Uma das profecias previa a morte de seu filho, que acabou por morrer mesmo, de
doença desconhecida.
(Inclusive, ele perturbadamente, permitia que seu filho de cinco
anos fumasse e bebesse)
A queda de Crowley começou depois que uma pessoa morreu na
abadia em virtude de ferimentos recebidos durante uma punição. Crowley teve de
abandonar a Sicília e sua esposa - que retornou a Londres, tornou públicas as
práticas realizadas na abadia e liquidou de vez sua reputação.O mago faleceu em
1947, tendo ao seu lado a Mulher Escarlate, Leah, que depois desapareceu
misteriosamente.
Esposa
de Crowley
Crowley sobreviveu de doações e venda de livros até o fim da
vida. E morreu em relativa miséria, ainda viciado em heroína, pouco tempo
depois de terminar seu último trabalho, um livro sobre o Tarô que Lady Frieda
Harris havia pintado com suas indicações. Um baralho magnífico.
Crowley
decadente
Quando finalmente aceitou o Livro da Lei estava em contato com
um corpo germânico de iniciados, que em outro livro dele ("The
Book of Lies") encontraram um segredo de magia sexual que pensavam
ter o monopólio no ocidente. Nem Crowley havia entendido o que tinha escrito,
mas aceitou mesmo assim um alta posição hierárquica na Ordem. Era a Ordo Templi
Orientis, que até hoje detém os direitos sobre os textos de Crowley posteriores
a 1910.
A O.T.O. existe até hoje (ou melhor existem, visto que houveram
cisões e brigas e etc, que somando com os charlatães, devem somar mais de 30
O.T.Os., por alto. A maioria clama legitimidade.)
Crowley perdeu muito dinheiro publicando seus próprios livros e
os vendendo a preço de banana. E a incompetência de um tesoureiro da O.T.O.,
que perdeu um galpão cheio de livros num lance mal entendido até hoje, acabou
causando sua bancarrota final.
Além da O.T.O. que tinha bases massônicas, Crowley criou um
corpo próprio, designado como A.:.A.:.., esse corpo, muito mais velado, deveria
servir como que "escola de treinamento" para os possíveis
"mestres" da humanidade.
Para aqueles que se interessarem e desejarem saber um pouco mais
do profeta da Nova Era, este site disponibiliza a maioria de seus trabalhos em
inglês
Infelizmente, em português o material sério é muito escasso, já
que o tradutor também deve ser um iniciado para não cair nas armadilhas
metafóricas. Entretanto, para conhecer um pouco do Tarot de Thoth vale a pena
adquirir o “Tarot de Crowley - Palavras Chave” de Hajo Banzhaf e Brigitte
Theller lançado pela Madras Editora.
O título completo deste livro é
Liber AL vel
Legis
sub figura CCXX
O Livro da Lei
como entregue por XCIII=418 a DCLXVI
O movimento místico/ocultista conhecido como Thelema foi
estabelecida com a escritura do Livro da Lei. Este foi escrito (ou recebido)
por Aleister Crowley no Cairo, Egito, no ano de 1904. É formado por três
capítulos totalizando 220 versículos (referenciados normalmente como AL C:v,
onde C é o capítulo e v o versículo), cada qual escrito no período de uma hora,
começando ao meio-dia, dos dias 8, 9 e 10 de abril. Segundo Crowley, o autor
foi uma entidade espiritual elevada denominada Aiwass, a qual posteriormente
ele identificou como sendo seu próprio Sagrado Anjo Guardião. Os ensinamentos
contidos nesse curto livro são claramente expressos na Lei de Thelema,
sintetizada nestas duas frases:
• "Faze o que tu
queres será o todo da Lei" (AL I:40) e
• "Amor é a lei, amor
sob vontade" (AL I:57)
A interpretação deste livro é considerada uma questão
estritamente individual. A colocação de idéias pessoais acerca do livro ou seu
conteúdo é fortemente desencorajada para que não se criem dogmas ou
interpretações oficiais sobre ele. Ainda que Crowley tenha expressado o desejo
de ver a Lei de Thelema promulgada em todas as áreas da sociedade, o sucesso
desta promulgação baseia-se mais no exemplo pessoal de cada thelemita, levando
a que outras pessoas considerem aquela filosofia de vida como válida para si
mesmas, assim adotando-a, do que pela evangelização ou tentativas de conversão.
Como se diz no próprio Livro, "O
sucesso é a tua prova: não argumentes, não convertas; não fales demasiado!"
(AL III:42)
É também proibida qualquer alteração, redução ou inclusão de
trechos no Liber AL vel Legis, devendo ser mantida intacta sua estrutura, texto
e mesmo o estilo de escrita. Todas as edições devem, também, trazer incluso o
fac-símile do manuscrito original e, se possível, as traduções devem ter
presente também o texto original em inglês. Isso é feito para evitar versões do
livro sagrado.
As Invocações
De acordo com Crowley, a história do Livro da Lei tem início em
16 de março de 1904, quando ele buscava "invocar os Silfos" por meios
ritualísticos para entreter sua esposa, Rose Kelly. Ainda que ela não tenha
conseguido ver nada, pareceu entrar em uma forma leve de transe e repetidamente
começou a dizer "Eles estão esperando por você!". Posto que Rose não
tinha o menor interesse em magia ou misticismo, Crowley não lhe deu muita
atenção. Porém, em 18 de março, após invocar a divindade egípcia Thoth (o deus
do conhecimento), ele a ouviu mencionar outra divindade egípcia, Hórus, dizendo
que este o estava esperando. Crowley, ainda cético, fez a sua esposa várias
perguntas sobre Hórus, as quais ela respondeu acertadamente, ainda que sem
nenhum conhecimento ou estudo prévio sobre aquela mitologia. A prova final de
que a mensagem era verdadeira foi a identificação da figura de Hórus em uma
peça funerária egípcia hoje conhecida como a Estela da Revelação, então exposta
no Museu Boulaq, com o número de identificação 666 (que para os ocultistas está
ligado não ao demônio, mas sim às divindades solares).
Em 20 de março Crowley invocou o deus Hórus, sendo bem sucedido
na tarefa. De 23 de março a 8 de abril passou traduzindo os hieróglifos da
Estela. Ainda, Rose revelou que seu "informante" não era Hórus por
si, mas seu porta-voz, Aiwass. Finalmente, em 7 de abril, Rose deu a Crowley instruções
sobre como proceder dali em diante. Por três dias ele entrou no
"templo" no horário determinado e escreveu até as 13h.
A Escritura
Crowley escreveu o Livro da Lei nos dias 8, 9 e 10 de abril de
1904, entre o meio-dia e as 13h. Crowley descreve seu encontro com Aiwass no
"The Equinox of the Gods" ("O Equinócio dos Deuses"). Ele
conta que a Voz de Aiwass vinha por sobre seu ombro esquerdo, como se o orador
estivesse parado em um dos cantos do quarto. A voz é descrita como [...] de um
timbre profundo, musical e expressivo, com tons solenes, voluptuosos e tenros,
flamejante e despida de tudo que não fosse o conteúdo da mensagem. Não um
baixo, talvez um rico tenor ou barítono.
Posteriormente, a voz de Aiwass foi dita por Crowley como
destituída de qualquer sotaque, nativo ou estrangeiro.
Ainda que ele não tenha olhado ao redor, Crowley teve a
impressão de que Aiwass era feito de um corpo de "matéria fina" como
um "véu de gaze". Posteriormente, após outras experiências de contato
com essa entidade dita "preter-humana", ele o descreveu como "um
homem alto e escuro, com cerca de trinta anos, composto, ativo e forte, com o
rosto de um rei selvagem, cujos olhos eram velados pois seu olhar poderia
destruir o que estivesse olhando". As roupas não seriam árabes mas
vagamente sugerindo vestes assírias ou persas.
Crowley também deixou claro que a escritura não foi um ato de
escrita automática ou psicografia e sim que ele apenas escrevia o que era
ditado por uma voz real falando a ele. Isso é mostrado pelos vários erros de
escrita no manuscrito original, corrigidos na hora por Crowley. Ele admitia que
Awiass podia ser uma manifestação de seu subconsciente, mas mesmo assim
considerava que a mensagem ditada estava além da experiência ou conhecimento
humanos, sendo necessária uma inteligência de nível superior que apenas um deus
poderia possuir. Sobre isso, comentou:
“É claro que eu o escrevi,
tinta no papel, no sentido material; mas aquelas não eram Minhas palavras, a
não ser que Aiwass não fosse mais do que meu self subconsciente (sic) ou alguma
parte disto: nesse caso, meu Self consciente, sendo ignorante acerca da Verdade
do Livro e hostil à maior parte da ética e da filosofia do Livro, Aiwass seria
uma parte severamente suprimida de mim. Esta teoria implicaria que eu sou,
ainda que desconhecendo, possuidor de toda sorte de conhecimento e poder
preternaturais”.
Em sua introdução ao "The Law is for All" ("A Lei
é Para Todos"), o discípulo e secretário de Crowley, Israel Regardie
coloca que:
De fato, faz pouca diferença no fim das contas se o Livo da Lei
foi ditado a [Crowley] por uma inteligência preter-humana chamada Aiwass ou se
fluiu das profundezas criativas de Aleister Crowley. O livro foi escrito. E se
tornou a pedra fundamental para o Zeitgeist, acertadamente expressando a
natureza intrínseca de nosso tempo como ninguém mais havia feito até então.
Mudanças ao
Manuscrito Original
A versão final do Liber AL vel Legis inclui textos que não
apareciam no manuscrito original, incluindo muitas pequenas alterações de
grafia. Em vários casos, trechos da Estela da Revelação foram inseridos no
texto. Por exemplo, na segunda página do Capítulo I, na linha 9 está escrito
"V.1. of Spell called the Joy", que foi alterado para:
Above, the gemmed azure is
The naked splendour of Nuit;
She bends in ecstasy to kiss
The secret ardours of Hadit.
The winged globe, the starry blue,
Are mine, O Ankh-af-na-khonsu!
(Acima, o adornado azul-celeste é
O esplendor nu de Nuit;
Ela se curva em êxtase a beijar
Os ardores secretos de Hadit.
O globo alado, o azul estrelado,
São meus, Ó Ankh-af-na-khonsu!)
Na página 6 do Capítulo I, o seguinte estava no manuscrito
original:
And the sign shall be my ecstasy, the consciousness of
the continuity of existence, the unfragmentary non-atomic fact of my
universality.
(E o sinal deverá ser meu êxtase, a consciência da continuidade
da existência, o fato infragmentável não atômico da minha universalidade.)
Juntamente com uma nota: "Escrever isso com palavras mais
claras. Mas seguir adiante."
Posteriormente, isso foi alterado para:
And the sign shall be my ecstasy, the consciousness of
the continuity of existence, the omnipresence of my body. (AL I:26)
(E o sinal deverá ser meu êxtase, a consciência da continuidade
da existência, a onipresença de meu corpo.)
Novamente, no Capítulo I, na página 19, Crowley escreveu
"(Perdi uma frase) A forma de minha estrela é--". Posteriormente, foi
Rose Kelly quem completou a frase perdida: "A Estrela de Cinco Pontas com
um Círculo no Meio, & o círculo é Vermelho." (AL I:50)
O Capítulo II tem muito poucas correções. O Capítulo III tem
algumas correções de grafia e inclui grandes pedaços de paráfrases da Estela da
Revelação incluídos por Crowley.
Interpretação do
Livro da Lei
Considera-se que a interpretação do Livro da Lei -
principalmente por causa do Comento - deva ser feita sempre de forma
individual, a partir da leitura pessoal do texto e das vivências, conhecimentos
e intuições particulares de cada um. De modo a não se criarem dogmas ou
interpretações oficiais do texto é amplamente aceita entre os thelemitas a
idéia de que não se devem escrever textos que expliquem ou interpretem as
passagens do Liber AL vel Legis. Diz-se que ao ser questionado sobre um trecho
do livro, a melhor resposta de um thelemita seria sempre "o que você
acha?". Desta forma, toda e qualquer interpretação do Livro da Lei é
considerada correta dentro do escopo individual e ninguém deveria impor sua
própria leitura a outrem.
De acordo com o próprio Livro (especificamente em AL I:36), o
único autorizado a escrever um comento sobre o Livro da Lei foi o próprio
Crowley. O método que ele geralmente utilizava para interpretar o Liber AL vel
Legis era a Cabalá, especialmente através da ferramenta conhecida como
Gematria, a numerologia cabalística. Ele escreveu:
Muitos casos de duplo sentido, paronomásia em uma língua ou
outra, às vezes as duas coisas de uma vez, quebra-cabeças numéricos e literais,
e até mesmo (em uma ocasião) uma esclarecedora conexão de letras em várias
linhas em uma disposição arrasadora, será encontrada na sessão cabalística do
Comentário.
No "Magick Without Tears" ("Magick Sem
Lágrimas"), ele disse também:
Agora era compreensível o suficiente no momento para
assegurar-me que o autor do livro sabia Cabala pelo menos tanto como eu: eu
descobri posteriormente, mais do que suficiente que ele sabia sem possibilidade
de erro muitíssimo mais, e que de uma ordem totalmente superior, do que eu
sabia; finalmente, tempo e estudo desesperado, jogaram lampejos de luz em
muitas outras passagens obscuras, para estabelecer sem qualquer dúvida em minha
mente que ele é realmente o cabalista supremo de todos os tempos.
Entenda-se que Crowley dá ao leitor de seus comentário sobre o
Livro da Lei (o "Comento" e o "The Law is for All" ["A Lei
é para Todos"]) não respostas prontas ou interpretações
definitivas mas pistas e ferramentas que auxiliem o próprio leitor do Livro
Sagrado a encontrar sua própria leitura.
Os Três Capítulos
Ainda que o "mensageiro" do Liber AL vel Legis seja
Aiwass, o Livro apresenta várias personalidades que são as reais inteligências
por trás das palavras dele. As três figuras principais são as divindades
ligadas individualmente a cada um dos três capítulos do Livro: Nuit, Hadit e
Ra-Hoor-Khuit.
Primeiro Capítulo
O Primeiro Capítulo é ditado por Nuit, a deusa egípcia do céu
noturno, chamada Rainha do Espaço. Crowley a chamava de "Senhora dos Céus
Estrelados, que é também Matéria em seu sentido metafísico mais profundo, que é
o infinito em quem todos vivemos e nos movemos e possui nosso ser".
Este capítulo também introduz:
• Ankh-af-na-Konshu,
o sacerdote histórico que criou a Estela da Revelação
• A Besta,
representativa do arquétipo masculino em sua natureza mais instintiva
• A Mulher
Escarlate, também chamada de Babalon, a Prostituta Sagrada
• Thelema como sendo
a Palavra da Lei.
Segundo Capítulo
Este é ditado por Hadit, que refere-se a si mesmo como sendo o
"complemento de Nu", sua noiva. Ele é o ponto infinitamente
condensado, o centro da infinita circunferência de Nuit. Crowley diz dele:
Ele é a energia eterna, o Infinito Movimento das Coisas, o
núcleo central de todo ser. O Universo manifestado vem do casamento de Nuit e
Hadit; sem o quê nada poderia ser. Este festejar eterno, perpétuo é, assim, a
própria natureza das coisas em si; e assim, tudo que é, é uma
"cristalização do êxtase divino", e "Ele vê a expansão e o
desenvolvimento da alma através da alegria.
Terceiro Capítulo
Ra-Hoor-Khuit é o terceiro a falar, identificado como a Criança
Coroada e Conquistadora, e como um deus de Guerra e Vingança. Dos três
Capítulos, este é o que costuma deixar impressões mais fortes nos que lêem o
Livro da Lei de forma despreparada e superficial. Seus versículos iniciais são
os que mais facilmente são vistos como conflituosos; contudo a segunda metade
assume já um tom mais ameno, estabelecendo um equilíbrio.
Crowley une os três da seguinte forma:
Temos Nuit, Espaço, Hadit, o ponto de vista; estas experiências
se unem, e então produz-se Heru-Ra-Ha, que combina as idéias de Ra-Hoor-Khuit e
Hoor-paar-Kraat.
O Comento
Baseado em diversas passagens, incluindo "Meu escriba Ankh-af-na-khonsu, o sacerdote
dos príncipes, não deve uma só letra mudar deste livro; mas a fim de que não
haja tolice, ele comentará a respeito pela sabedoria de Ra-Hoor-Khu-It."
(Liber AL I:36), Crowley sentiu-se compelido a interpretar por escrito o Livro
da Lei. Ele deixou dois grandes grupos de comentários onde tentava decifrar
linha por linha. Contudo, não se sentiu satisfeito com estas tentativas. Em
1912, preparou o Liber AL vel Legis e
seus comentários de então para serem publicados em "The Equinox, vol I". Em seu livro "Confessions"
("Confissões") ele recorda-se ter considerado os comentários
existentes como "vergonhosamente escassos e incompletos".
Posteriormente, ele explica:
Eu havia estupidamente suposto este comentário serem uma
exposição acadêmica do Livro, uma elucidação de suas obscuridades e uma
demonstração da sua origem preter-humana. Entendo finalmente que esta idéia é
um disparate. O comentário deve ser uma interpretação do livro inteligível para
a mente mais simples e tão prático como os Dez Mandamentos.
Mais do que isso, esse Comentário deveria ocorrer por
inspiração, como o próprio Livro da Lei sugeria.
Anos mais tarde, em 1925, quando estava na Tunísia, Crowley
recebeu sua inspiração. Publicou, então, o que foi chamado simplesmente de
"O Comento" (também conhecido pelos nomes de "Breve
Comento" ou "Comento de Túnis"), assinando-o como
Ankh-f-n-Khonsu (que se traduz literalmente como "Aquele que vive em
Khonsu", nome de um sacerdote real da 26ª Dinastia egípcia, criador da
Estela da Revelação). Nele, o leitor é advertido que "o estudo" do
Livro é proibido e declara que aquele que "discutir seu conteúdo"
deve ser evitado como um "centro de pestilência". O resultado é a
idéia de que a interpretação por vezes críptica do Livro é de responsabilidade
apenas do leitor.
Posteriormente, deu a seu amigo pessoal e companheiro da OTO,
Louis Wilkinson, a tarefa de preparar uma versão editada dos comentários de
Crowley que foram publicados após sua morte com o título de "The Law os
for All" ("A Lei é para Todos").
No Brasil, Marcelo Ramos Motta publicou uma versão do Livro da
Lei (curiosamente faltando dois versículos do Primeiro Capítulo, provavelmente
por erro de revisão) onde ele fazia também a sua interpretação das passagens do
Liber AL vel Legis versículo a versículo. Este livro, hoje considerado uma
raridade, contudo vai de encontro a todos os conselhos de não se criar interpretações
públicas.
Publicações
As principais publicações do Livro da Lei são:
• Ordo Templis Orientis, Londres, 1938, edição privativa (a
edição estadunidense é de 1942, ainda que datada de 1938)
• Weiser Books (Reimpressão; maio, 1987; ISBN 0-87728-334-6)• Weiser Books (Edição do 100º Aniversário; março, 2004; ISBN 1-57863-308-7)
• Mandrake of Oxford (abril, 1992; brochura; ISBN 1-869928-93-8)
O Livro da Lei foi publicado também como parte de outros livros,
dentre os quais:
• The Equinox (III:10). (2001). York
Beach, ME : S. Weiser. ISBN 0-87728-719-8
• The Holy Books of Thelema (Equinox
III:9). (1983). York Beach, ME : S. Weiser. ISBN 0-87728-579-9• Magick : Liber ABA, Book Four, Parts I-IV. (1997). York Beach, ME : S. Weiser. ISBN 0-87728-919-0
Em Português, as principais publicações do Livro da Lei são:
• "O Equinócio dos Deuses", de Marcelo Ramos Motta
(1976). Publicação particular
• "Os Livros de Thelema". Ed. Madras (1997). ISBN
85-7374-017-5• "Os Livros Sagrados de Thelema". Ed. Madras (1998). ISBN 85-86453-09-9
• "Liber AL vel Legis - O Livro da Lei". Loja Quetzalcoatl/OTO (2004). Edição limitada comemorativa
Desinformação
sobre o Livro
Graças a fama de Aleister Crowley ser um "mago negro"
ou satanista (reputação esta baseada sempre em difamações e mitos acerca de sua
pessoa e não em pesquisas biográficas sérias), deu-se também ao Livro a fama de
ele ser uma obra ligada a outras religiões, como o Satanismo, ou ainda um livro
de invocações demoníacas. O que é de se espantar e se constitui de puro
preconceito e desinformação, já que em nenhum momento do Livro da Lei é feita
qualquer descrição de rituais de invocação a qualquer entidade
"demoníaca", pactos, ou menção ao diabo, Satã ou semelhante figura
que represente uma idéia de maldade. O Livro da Lei se baseia na cosmologia egípcia,
para a qual essa visão do mal sequer existe.
O Livro também não incita a violência, intolerância religiosa ou
atitude criminosa. Além disso, a Lei de Thelema, que é uma Lei de Liberdade,
não é desculpa para libertinagem. Crowley escreveu, em "A Mensagem
do Mestre Therion":
(...) Deve tornar-se claro que "Faze o que tu queres" não quer
dizer "Faze o que quiseres". A Lei é a
apoteose da liberdade; mas é também a mais estrita das injunções. Faze o que tu
queres - então faze nada mais. Deixa que nada te desvie daquela tarefa austera e santa Liberdade
para fazer a tua vontade é absoluta, mas procura fazer qualquer outra coisa, e instantaneamente
obstáculos devem levantar-se. Todo ato que não está definitivamente no curso
daquela órbita única é um ato errático e um empecilho. A vontade não pode ser duas, mas uma.
O Livro, assim, convida todos que o lerem a atingir o
conhecimento e consecução do objetivo de sua própria existência (a chamada
Verdadeira Vontade, ou Thelema, em grego), o respeito ao indivíduo (pois todo
homem e toda mulher é uma estrela, viajando em sua própria órbita) e a criação
de uma sociedade baseada no Amor Universal, fluindo através das Verdadeiras
Vontades individuais, que são parte e estão afinadas com a Vontade do próprio
Universo, sendo portanto harmônicas.
O Livro da Lei
Contra a Bíblia
O Livro da Lei: "O
estudo deste Livro é proibido. É sábio destruir esta cópía após a primeira
leitura. Quem não presta atenção a isto incorre em perigo e risco pessoais.
Estes são dos mais pavorosos Aqueles que discutem o conteúdo deste Livro devem
ser evitados por todos, como focos de pestilência."
Bíblia: "E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro
desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e
das coisas que estão escritas neste livro." (Apocalipse 22 : 19)
O Livro da Lei: "[Faze o que tu queres], que há de ser todo
da [Lei]" (Faça sua vontade)
Bíblia: "Venha o teu reino, seja feita [a tua vontade],
assim na [terra] como no [céu];" (Mateus 6 : 10)
O Livro da Lei: "[Amor é a lei], amor sob vontade"
Bíblia: "O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o
cumprimento da [lei é o amor]." (Romanos 13 : 10)
O Livro da Lei: "3. Todo homem e toda mulher é uma
estrela."
Bíblia: "Eis que até a lua não resplandece, e as estrelas
não são puras aos seus olhos." (Jó 25 : 5)
O Livro da Lei: 4. Todo número é infinito não há diferença
Bíblia: "Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; [o seu
entendimento é infinito]." (Salmos 147 : 5)
O Livro da Lei: "10. Que [meus seguidores] sejam poucos
& secretos: eles regirão os muitos & os conhecidos"
Bíblia: "Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou
a luz do mundo; [quem me segue] não andará em trevas, mas terá a luz da
vida." (João 8 : 12)
O Livro da Lei: "13. Eu estou sobre vós e em vós. Meu
êstase está no vosso. Minha alegria é ver vossa alegria."
Bíblia: "A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor
Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo." (Romanos 10 : 9)
O Livro da Lei: "15. Agora sabereis que o escolhido vate
& apóstolo do espaço infinito é o sacerdote-príncipe a [Besta]; e em sua
mulher chamada a [Mulher Escarlate] é todo poder dado. Eles ajuntarão minhas
crianças em seu cercado: eles trarão a glória das estrelas para dentro dos
corações dos homens."
Bíblia: "E EU pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do
mar uma [besta] que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres
dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia." (Apocalipse
13 : 1) "E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma [mulher] assentada
sobre uma [besta] de cor de [escarlata], que estava cheia de nomes de
blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres." (Apocalipse 17 : 3)
O Livro da Lei: "21... Eu sou o Céu, [e não outro Deus que]
mim e meu senhor [Hadit]"
Bíblia: "Eu sou o SENHOR, [e não há outro]; fora de mim não
há [Deus]; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças;" (Isaías 45 : 5)
O Livro da Lei: "57. [Invocai-me] sob as minhas estrelas!
Amor é a Lei, amor sob vontade"...
Bíblia: "Dizendo: [Graças] te damos, Senhor Deus
Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande
poder, e reinaste." (Apocalipse 11 : 17)
O Livro da Lei: "6. Eu sou a chama que queima em todo
coração do homem, e no ãmago de toda estrela. [Eu sou Vida], e o doador de
Vida. no entanto por isto conhecer-me é conhecer a morte."
Bíblia: "Disse-lhe Jesus: [Eu sou] o caminho, e a verdade e
a [vida]; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14 : 6)
O Livro da Lei: "7. Eu sou o Mago e o Exorcista. Eu sou o
eixo da roda, e o cubo no circulo "[Vinde a mim]" [é uma palavra
tola]; pois sou eu que vou"
Bíblia: "[Vinde a mim], todos os que estais cansados e
oprimidos, e eu vos aliviarei." (Mateus 11 : 28)
O Livro da Lei: "15. Pois eu sou [perfeito], Não
sendo"...
Bíblia: "Disse-lhe Jesus: Se queres ser [perfeito], vai,
vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e
segue-me." (Mateus 19 : 21)
O Livro da Lei: "21. Calçai os pés dos [fracos]: está é a
lei do forte: está é nossa lei."
Bíblia: "[Fiz-me como fraco] para os fracos, [para ganhar
os fracos]. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar [a salvar]
alguns." (I Coríntios 9 : 22)
O Livro da Lei: "22. [Eu sou] a Serpente que dá
Conhecimento & Deleite e brilhante glória, e movo os corações dos homens
com embriaguês." ...
Bíblia: "E Jesus lhes disse: [Eu sou] o pão da vida; aquele
que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede." (João 6 :
35)
O Livro da Lei: "23. Eu sou só: não existe Deus onde Eu
sou"
Bíblia: "E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com
verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele;" (Marcos
12 : 32)
O Livro da Lei: "26. Eu sou a secreta [Serpente] enroscada
a ponto de pular: em minhas roscas há alegria."
Bíblia: "ORA, a [serpente] era mais astuta que todas as
alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É
assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?" (Gênesis 3
: 1)
O Livro da Lei: "27. [Existe grande perigo em mim]; pois
quem não compreende estas runas fará uma grande falha. Ele cairá dentro do
mundéu chamado Por que, e lá [perecerá] com os Cães da Razão"
Bíblia: "[Mas não perecerá] um único cabelo da vossa
cabeça." (Lucas 21 : 18)
O Livro da Lei: "45. Existe morte para os câes"
Bíblia: "[Ficarão de fora os cães] e os feiticeiros, e os
que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete
a mentira." (Apocalipse 22 : 15)
O Livro da Lei: "48. Não tenhais piedade dos caídos! [Eu
nunca os conheci]. Eu não sou para eles. Eu não consolo: Eu odeio o consolado
& [o consolador]"
Bíblia: "E então lhes direi abertamente: [Nunca vos
conheci]; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade." (Mateus 7 :
23) "Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu
não for, [o Consolador] não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo
enviarei." (João 16 : 7)
O Livro da Lei: "49. Eu sou unico & conquistador. Eu
não sou dos escravos que perecem. Sejam eles danados & mortos! Amen"
Bíblia: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e
oprimidos, e eu vos aliviarei." (Mateus 11 : 28)
O Livro da Lei: "51. Com minha cabeça de Falcão Eu bico os
olhos de [Jesus] enquanto ele se dependura da [cruz]."
Bíblia: "Bem sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o
[Filho do homem] será entregue para ser [crucificado]." (Mateus 26 : 2)
O Livro da Lei: "52. Eu ruflo minhas asas na face de
[Mohammed] & cego-o 53. Com minhas garras eu dilacero e puxo fora a carne
do [Hindu] e do [Budista], [Mongol] e [Din]. 54. [Bahlast]! [Ompehda]! Eu cuspo
nos vossos credos crapulosos. 55. Que [Maria] inviolada seja despedaçada sobre
rodas: por causa dessa que todas as mulheres castas sejam compretamente
desprezadas entre vóz!"
Bíblia: "E abriu a sua boca em [blasfêmias] contra Deus,
para [blasfemar] do seu nome, e do seu tabernáculo, [e dos que habitam no
céu]." (Apocalipse 13 : 6)
O Livro da Lei: 56..."Todas as palavras são sagradas e
[todos profetas verdadeiros]; apenas salvo que eles compreendem um pouco;
resolvem a primeira metade da equação, deixam a segunda inatacada"...
Bíblia: "E surgirão muitos [falsos profetas], e enganarão a
muitos." (Mateus 24 : 1)
O Livro da Lei: "47. [Este livro] será traduzido em [todas
as línguas]: mas sempre o original pela mão da Besta;"
Bíblia: "E [este evangelho] do reino será pregado em todo o
mundo, em testemunho a [todas as nações], e então virá o fim." (Mateus 24
: 14)
O Livro da Lei: "63. [O tolo] lê este livro, e seu comento
& ele não o compreende"
Bíblia: "[O tolo] cruza as suas mãos, e come a sua própria
carne." (Eclesiastes 4 : 5)
O Livro da Lei: "65. [Eu sou o Mestre]: tu és o Santo
Escolhido"
Bíblia: "Vós me chamais [Mestre] e Senhor, e dizeis bem,
porque [eu o sou]." (João 13 : 13)
O Livro da Lei: "70. Eu sou o Senhor de Cabeça de Falcão do
[Silêncio & da Força]; minha [nêmes] cobre o céu azul noturno."
Bíblia: "Eu sou o [Alfa e o Ômega], o princípio e o fim,
diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o [Todo-Poderoso]."
(Apocalipse 1 : 8)
O Livro da Lei: "72. Eu sou o Senhor da [Dupla Baqueta] de
poder; a baqueta da força de Coph Nia - mas minha mão esquerda está vazia, pois
[Eu esmaguei o Universo & nada resta]"
Bíblia: "Eu sou o [Alfa e o Ômega], o princípio e o fim, o
primeiro e o derradeiro." (Apocalipse 22 : 13)
O Livro da Lei: "O Livro da Lei está Escrito e Escondido
Aum. Ha."
Bíblia: "A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com
todos vós. Amém." (Apocalipse 22 : 21)
Antecedentes
Históricos
A palavra Thelema é incomum no Grego Clássico, significando o
desejo, mesmo o sexual. Porém já se torna comum na Septuaginta (versão da
Bíblia hebraica para o dialeto grego Koiné). Antigas escrituras cristãs
utilizavam esta palavra por vezes para se referir à vontade humana, mas era
mais usual como referência à vontade de Deus. Na oração do Pai Nosso, por
exemplo, em "Venha a nós o Vosso
reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu;" (Mateus
6:10), o original de "vontade" é θέλημα. Ainda no mesmo evangelho, em
Mt 26:37, tem-se Jesus dizendo a Deus: "faça-se a Tua vontade", novamente com o termo Thelema no
original. Ainda além, Santo Agostinho, em um sermão do Séc. V d.C., utiliza a
frase "dilige et quod vis fac" ("ama e faze o que tu queres").
O texto renascentista "''Hypnerotomachia Poliphili''",
creditado ao monge dominicano Francesco Colonna e com primeira publicação em
1449, possui uma personagem chamada Thelemia, representativa da vontade ou
desejo, que em conjunto com Logistica (a razão) guiavam o protagonista Polifilo
por sua jornada em busca de sua amada. Quase sempre, ao ser obrigado a escolher
entre os conselhos de Logistica e Thelemia, Polifilio dava ouvidos à seus
impulsos sexuais e não à lógica. Esse livro teve grande influência sobre outra
obra de grande importância para a base filosófica thelemica, a novela do Séc.
XVI, "Gargantua e Pantagruel", do monge franciscano François
Rabelais. Neste texto clássico se descreve a "Abadia de Thélème", cuja
única regra consistia em "faix çe que tu veux" ("faze o que tu
queres"). Já em meados do Séc. XVIII, Sir Francis Dashwood inscreve este
adágio, que se tornaria o lema do Hellfire Club, na porta de entrada de sua
própria abadia, em Medhenmam, Inglaterra. "Gargantua e Pantagruel"
também é referenciado na novela de Sir Walter Besant e de James Rice, Os Monges
de Thelema (1878), e na utopia A Construção de Thelema (1910), de C. R. Ashbee.
Rabelais, que viveu no Sec. XVI, foi inicialmente um monge franciscano
e posteriormente beneditino que depois deixou o monastério para estudar
medicina em Lyon (1532). Lá escreveu "Gargantua e Pantagruel", uma
série de livros muitas vezes satíricos sobre dois gigantes, respectivamente pai
e filho, e suas aventuras divertidas e extravagantes, a partir de uma
perspectiva humanista cristã. Nestas histórias, thelema é referenciada sempre
como a vontade divina, a qual seria a suprema regente da Abadia. Ainda que os
textos apresentem elementos de estoicismo e caridade cristã, estes são
considerados precursores diretos da filosofia thelemica.
A Abadia de Thelema é descrita no primeiro livro (caps. 52 a
57). Construída por Gargantua - uma clássica utopia gerada como crítica à
sociedade nos tempos de Rabelais, nela os desejos de todos eram plenamente
satisfeitos. Ainda que satíricos, os princípios ali colocados correspondem os
ideais considerados por Rabelais como os mais elevados. Os habitantes da Abadia
eram governados apenas por sua livre vontade e por seu prazer, sendo o "faze
o que tu queres" a única regra. Rabelais acreditava que o ser humano
livre, bem nascido e com suas necessidades supridas seria pleno de honra; o que
terminaria por resultar em atos virtuosos. A natureza nobre do ser humano,
entretanto, seria suprimida juntamente com sua liberdade, pois quando os
desejos são negados busca-se alcançá-los por quaisquer meios.
Alguns thelemitas contemporâneos consideram o trabalho de
Crowley como visando justamente a natureza intrinsecamente nobre do homem, tal
como no pensamento de Rabelais. Assim, credita-se ao franciscano a criação da
base filosófica de Thelema, tendo sido um dos primeiros a se referirem a tais
idéias. Muitas vezes, Rabelais é chamado de "O Primeiro Thelemita".
Contudo, nas palavras de Sabazius, o atual Rei (Grande Mestre Nacional) da Ordo
Templi Orientis para os Estados Unidos da América:
São Rabelais jamais considerou que sua ficção satírica fosse um
esquema para uma sociedade humana real… [A filosofia de] Thelema é aquela do
Livro da Lei e dos escritos de Aleister Crowley.
Por outro lado, Aleister Crowley escreveu no texto "Os
Antecedentes de Thelema" (1926) que Rabelais, tanto quanto
possível, chegou muito perto da Lei de Thelema conforme Crowley a compreendia,
antecipando-se, assim, à escritura do Livro da Lei. Porém, afirmava também que
seu próprio trabalho era mais profundo, apresentando uma metodologia praticável
por qualquer pessoa, baseada nos mesmos princípios da pesquisa científica,
revelando mistérios que Rabelais guardou para si mesmo ao buscar um ideal, ao
invés de uma forma prática de se pensar questões políticas, econômicas e
sociais. Sem esse trabalho prático, segundo Crowley, é impossível a realização
da Lei.
Rabelais está incluído entre os Santos da Ecclesia Gnostica
Catholica, juntamente com 70 outros nomes como Virgílio, Catullus, Swinburne e
William Blake.
Acima retrato de Francis Dashwood, 15º Barão de le Despencer,
por William Hogarth, final dos anos 1750.
Sir Francis Dashwood adotou alguns dos ideais de Rabelais e
aplicou a regra do "faze o que tu queres" no grupo fundado por ele,
os Monges de Medmenham (grupo mais conhecido como Hellfire Club). Uma abadia
foi estabelecida em Medmenham, uma propriedade que englobava as ruínas de uma
abadia cisterciense fundada em 1201. O grupo era conhecido como
"franciscanos", ainda que sem ligação com a ordem católica dos
Franciscanos ou com São Francisco de Assis, mas sim por conta de seu fundador.
Dentre os membros do clube destacam-se políticos como John Wilkes e George
Dodington. Há poucas evidências das atividades ou crenças praticadas no Clube
do Inferno. Os poucos testemunhos existentes foram deixados por Wilkes, que
jamais entrou na capela principal ou chegou a ser membro do círculo interno.
Contudo, ele descreve os membros como hedonistas que "se encontravam para
celebrar as mulheres e o vinho" e acrescentavam às suas atividades as
idéias dos antigos apenas para tornar a experiência mais decadente.
Na opinião do Tenente-Coronel Towers, o grupo tinha pouco mais
com Rebelais do que a inscrição "faze o que tu queres" sobre a porta
de entrada. O pesquisador acredita que eles usavam o complexo de cavernas na
propriedade como um templo oracular dionisíaco, baseando-se nas próprias
interpretações dos capítulos de "Gargantua e Pantagruel" que
interessavam a Dashwood. Sir Nathaniel Wraxall, em suas "Memórias
Históricas" (1815), acusou os monges de realizarem rituais satânicos, mas
os membros do Clube alegaram que isso era uma heresia. Gerald Gardner e outros
como Mike Howard alegam que os monges adoravam "a Deusa". Daniel
Willens, que estariam ligado à Maçonaria (o que é negado por instituições
maçônicas) bem como que Dashwood poderia ter conhecimentos sobre sacramentos secretos
da Igreja Católica, sem entretanto apresentar qualquer evidência de tanto.
O sistema thelemico tem início com a escritura do Livro da Lei,
cujo nome oficial é Liber AL vel Legis. Foi escrito no Cairo, Egito, durante a lua
de mel de Crowley e sua primeira esposa, Rose Kelly. Este pequeno livro contém
três capítulos, cada um escrito durante o período entre o meio-dia e as 13h00,
dos dias 8, 9 e 10 de abril de 1904. Crowley dizia que escreveu o livro segundo
o que lhe foi ditado por uma entidade "preter-humana" de nome Aiwass,
a qual posteriormente identificou como sendo o seu próprio Sagrado Anjo
Guardião. Israel Regardie, discípulo e secretário particular de Crowley,
preferia atribuir a voz ao próprio subconsciente de Crowley, mas as opiniões
sobre a identidade de Aiwass variam enormemente entre os thelemitas. Apesar das
referências a Rabelais, a análise de Dave Evans do Livro da Lei apresenta
maiores semelhanças com o texto "O Amado de Hathor e a Capela do Gavião
Dourado", peça de Florence Farr, do que com "Gargantua e
Pantagruel". Evans diz que isso pode resultar do fato de que tanto Farr
quanto Crowley terem sido membros da Ordem Hermética da Aurora Dourada e dela
tenham absorvido os ensinamentos e a simbologia, e que Crowley talvez
conhecesse o material anterior e tenha se inspirado nos textos de Farr. Sutin
também encontra similaridades com o trabalho de W. B. Yeats, atribuindo tais
similaridades a "inspirações compartilhadas" (como em uma espécie de
''zeitgeist'') ou talvez ao conhecimento por parte de Yeats do trabalho do
próprio Crowley.
Crowley escreveu vários comentários sobre o Livro da Lei, o
último dos quais em 1925. Este breve trabalho, intitulado apenas "O
Comento" avisa sobre os perigos do estudo do Livro e da discussão de seu
conteúdo, assinando como ANKH-F-N-KHONSU e deixando claro que
Todas as questões da Lei são para serem decididas apenas por
apelos aos meus escritos, cada pessoa por si mesma.
Verdadeira
Vontade
De acordo com Crowley, todo indivíduo é dotado de uma Verdadeira
Vontade, a qual deve ser diferenciada das vontades ordinárias e dos desejos do
ego. A Verdadeira Vontade é,
essencialmente, o "chamado" ou "propósito" da vida de
alguém. Alguns magos recentes concluem disso que chegar à auto-realização
deve ser feito por seus próprios esforços, sem a ajuda de Deus ou qualquer
outra autoridade divina. De trabalhos como o "Liber II - A Mensagem de Mestre Therion" pode-se entender que
a Verdadeira Vontade do indivíduo é nada mais que uma porção da própria vontade
divina. "Faze o que tu queres será o todo da Lei" não se refere ao
hedonismo, acatando-se qualquer desejo mundano, mas no atender do chamado desse
propósito maior. O thelemita é um místico que, de acordo com Lon Milo Duquette, baseia suas ações no
sentido de descobrir e executar essa Vontade; quando alguém a realiza é como se
encontrasse sua própria órbita entre os demais corpos celestes na ordem
universal, e o universo passa a auxiliá-lo. Não se deve confundir esta idéia com
o a chamada "Lei da Atração", proposta no livro "O
Segredo": Thelema não implica no desejo por algo, mas sim na descoberta da
sua própria natureza [intima, de modo a se alcançar paz e unidade com o
Universo. De forma a alguém se tornar capaz de seguir sua Verdadeira Vontade,
as inibições instiladas pela sociedade no Self devem ser quebradas por um
processo de descondicionamento. Crowley acreditava que isso seria alcançado
pela libertação de todos os desejos inconscientes e pelo controle da mente
consciente, especialmente das restrições colocadas à expressão sexual, que é
associada ao poder da criação divina. Thelema associa a Verdadeira Vontade de
cada indivíduo com o Sagrado Anjo Guardião, o daimon único de cada ser humano.
A busca espiritual para se alcançar e cumprir essa Verdadeira Vontade também é
conhecida em Thelema como parte da chamada Grande Obra.
Cosmologia
A Estela da Revelação, onde se vêem Nuit, Hadit como o globo
solar alado, Ra-Hoor-Khuit sentado em seu trono, e o criador da estela, o
escriba Ankh-af-na-khonsu .
Thelema utiliza como principais divindades de sua cosmologia os
deuses e deusas da religião do Antigo Egito. Os três principais deuses são os
relativos aos três capítulos do Livro da Lei. Estes deuses são
• Nuit, representada na arte antiga como uma mulher cujo corpo
estrelado e curvado de horizonte a horizonte é a própria abóboda celeste. Ela é
percebida como a Grande Mãe, a fonte primal de todas as coisas. Ligada ao
Primeiro Capítulo do Livro da Lei.
• Hadit, o ponto infinitesimal, complemento e consorte de Nuit.
Hadit simboliza a manifestação, o movimento e o tempo. Também é descrito no
Livro da Lei como "a chama que queima em todo coração humano, e no âmago
de cada estrela" (Liber Al vel Legis II:6). Ligado ao Segundo Capítulo do
Livro da Lei.
• Ra-Hoor-Khuit, uma das manifestações de Hórus. Ele é
simbolizado como o homem entronado com cabeça de falcão, carregando um cetro. É
associado ao Sol e às energias ativas na magia thelemica. Ligado ao Terceiro
Capítulo do Livro da Lei.
Outras divindades de importância em Thelema são:
• Hoor-Paar-Kraat (ou Harpócrates), deus do silêncio e da força
interior, irmão e contraparte de Ra-Hoor-Khuit,
• Babalon, a deusa de todos os prazeres, conhecida como a
Prostituta Sagrada, também ligada ao conceito da Grande Mãe e pertencente à
linhagem de arquétipos de Nana, Inana, Astarte, Afrodite e outras.
• Therion, a besta montada e controlada por Babalon, que
representa o aspecto viril e dinâmico da Natureza, além das forças mais
naturais do ser humano.
Magia e
Ritualística
Magick
Thelema possui um conjunto próprio de práticas mágicas que
recebe o nome de "Magick". Esta denominação foi utilizada por Crowley
(a partir da forma vitoriana do termo "magic") para diferenciar seu
sistema mágico da magia de salão (em inglês, não existem termos distintos para
magia e mágica). É um sistema físico, mental e espiritual englobando exercícios
e práticas que buscam levar o adepto ao encontro de seu Sagrado Anjo Guardião
e, através dele ao conhecimento da Verdadeira Vontade e sua execução - ainda
que alguns dos ritos sejam de celebração de datas ou aspectos. Crowley foi um
autor prolífico, integrando práticas místicas orientais com práticas ocultistas
ocidentais, muitas advindas do trabalho da Aurora Dourada. Ele recomendava uma
série básica destas práticas a seus discípulos, incluindo o básico do Yoga
(asana e pranayama), o Ritual Menor do Pentagrama, da Aurora Dourada, a Missa
da Fênix e o Liber Resh, que consiste de quatro adorações diárias ao Sol
(representando o Self). São também práticas criadas ou recomendadas por Crowley
várias de magia sexual e de origem gnóstica. Muito de seu trabalho pode ser
encontrado tanto em livros como o "Magick Without Tears"
("Magick sem Lágrimas") e o "Gems of the Equinox" ("Jóias
do Equinox"), bem como em diversos sites da Internet.
Em ordens thelemicas como a Ordo Templi Orientis ou a Astrum
Argentum o trabalho mágico é feito através de uma série de Graus iniciáticos.
Thelemitas que seguem seus caminhos de forma autônoma costumam basear-se em
trabalhos de Crowley disponíveis publicamente como um guia e em sua própria
intuição.
A ênfase da magia thelemica não é na obtenção de resultados
materiais (para tanto, os thelemitas costumam recorrer a outros sistemas
mágicos como a Goécia, a Sigilização ou a Feitiçaria) mas sim no
desenvolvimento espiritual através do auto-conhecimento e do contato com o
Sagrado Anjo Guardião, sendo este seu principal objetivo. Este contato
consciente é conhecido como o "Conhecimento e Conversação com o Sagrado
Anjo Guardião" e leva ao conhecimento da Verdadeira Vontade. Ainda que
Crowley considerasse o Sagrado Anjo Guardião como uma entidade separada da
pessoa, muitos thelemitas atuais o vêem como uma manifestação do Self - isto é,
centro da totalidade psíquica do ser humano, o que, para a Psicologia Jungiana,
equivale a Deus.
Nas linhas de trabalho por Graus mágicos, os Graus mais altos
são alcançados através do cruzar do Abismo com o auxílio do Sagrado Anjo
Guardião e o abandonar do ego. Contudo, caso o adepto não esteja preparado
adequadamente, será tragado por seu próprio ego, tornando-se um Irmão Negro.
Assim, ao invés de se tornar uno com Deus, derramando seu sangue na taça de
Babalon e se abrindo pela fórmula do Amor para todo o Universo, o Irmão Negro
passa a considerar seu ego como sendo Deus, fechando-se nele. De acordo com
Crowley, o Irmão Negro desintegra-se gradualmente, passando a depender da
adoração de outras pessoas para seu próprio auto-engrandecimento.
Crowley pregava um exame cético sobre todos os resultados
obtidos através da meditação ou da magia. Ele insistia na necessidade da
manutenção de um diário mágico, que deveria conter todas as condições
observáveis de um evento para posterior análise e comparação. Com isso, buscava
uma metodologia para a experiência mística ou mágica semelhante à metodologia
empregada pela ciência tradicional e, com isso, separar ''Magick'' do
misticismo barato e da superstição. Crowley definia Magick como tendo "o
método da ciência e o objetivo da religião", alegando que toda experiência
mágica deveria ser passível de comprovação e repetição não acidental. Sendo a
magia, porém, uma ciência empírica, os resultados são quase sempre subjetivos,
de modo que o que pode ser visto como sucesso por um praticante pode ser
entendido como fracasso por outro ou como fantasia por um cético. Contudo, a
idéia é que se um mesmo praticante repete o mesmo processo com as mesmas
condições, os resultados obtidos devem ser reconhecíveis como sendo
suficientemente próximos para que se aceitem como verdadeiros.
Não é necessário, entretanto, que se pratique qualquer forma de
sistema mágico para ser um thelemita. Considera-se como sendo um thelemita todo
aquele que aceita o Livro da Lei como seu livro sagrado e siga a filosofia ali
expressa segundo suas próprias interpretações.
Ética
O Liber AL vel Legis coloca alguns preceitos básicos para a
conduta individual. O principal destes é o "Faze o que tu queres",
que representa tanto a primeira instância da Lei como um direito inerente a
todo ser humano. Posto que os thelemitas utilizam a Lei de Thelema também como
um cumprimento, entende-se que esse direito inclui a obrigação de permitir que
o outro cumpra também sua Vontade sem interferências, ainda que tal pensamento
não esteja presente no Liber AL de forma explícita.
Ainda que Crowley tenha dito não haver necessidade de se
detalhar uma ética thelemica, uma vez que tudo está incluso na própria Lei de
Thelema, escreveu vários documentos apresentando sua visão pessoal de conduta
individual à luz da Lei thelemica, sendo que alguns fazem referência à questão
da interferência sobre o caminho alheio: "Liber Oz",
"Dever", "Liber II". "Liber Oz", considerado por
muitos como a primeira Carta de Direitos Humanos, enumera uma série de direitos
individuais derivados do "Faze o que tu queres", que incluem, entre
outros, o direito de viver por sua própria lei, trabalhar como desejar, morrer
como e quando desejar, amar quem, como e quando desejar etc. Estas declarações,
contudo, não devem ser interpretadas como uma licença para que se ignore a
legislação ou o direito alheio, uma vez que em Thelema considera-se que cada um
deve assumir integralmente a responsabilidade por seus atos e suas
consequências.
"Dever" é descrito como "Uma nota sobre as principais
práticas de conduta a serem observadas por aqueles que aceitam a Lei de
Thelema". Divide-se em quatro sessões:
• A - Seu dever para consigo mesmo: descreve o Self como o
centro do universo, com um chamado a que cada um aprenda sua natureza interna.
Incita o leitor a desenvolver cada faculdade sua de forma equilibrada,
estabelecendo sua própria autonivia e devotando-se ao serviço de sua própria
Verdadeira Vontade.
• B - Seu dever para com os outros: explica que se deve eliminar
a ilusão de que exista uma separação entre alguém e todos os outros, a lutar
quando necessário, a evitar a interferência com a Vontade alheia, a iluminar os
outros quando necessário e a adorar a natureza divina de todas os outros seres.
• C - Seu dever para com a Humanidade: coloca que a Lei de
Thelema deveria ser a única base de conduta, que as leis mundanas deveriam ter
como objetivo assegurar a liberdade maior de cada indivíduo, sendo o crime
descrito como uma violação da Verdadeira Vontade de alguém.
• D - Seu dever para com todos os outros seres e coisas: diz que
a Lei de Thelema deveria ser aplicadas a todos os problemas e usada para se
decidir toda questão ética, sendo uma violação da Lei utilizar um animal ou
objeto para um propósito distinto daquele para o qual foi criado, tal como é
arruinar algo de forma que se torne inútil a seu propósito; os recursos
naturais podem ser utilizados pelo ser humano, mas isso deve ser feito
sabiamente ou a quebra da Lei seria vingada (por exemplo, o deflorestamento
causando erosão do solo).
Em "Liber II - A
Mensagem de Mestre Therion", a Lei de Thelema é apresentada
sucintamente como sendo "faze o que
tu queres, então não faça mais nada". Crowley descreve a busca da
Vontade não apenas como alheia a qualquer resultado como também com incansável
energia. É o Nirvana alcançado e mantido de forma dinâmica e não estática. A
Verdadeira Vontade é descrita como uma órbita individual e, se apenas ela é
buscada, sem obstáculos em seu caminho.
De forma geral, cada thelemita é instigado a estabelecer seu
próprio código de conduta e sua própria ética, de acordo com sua interpretação
individual do Livro da Lei e de sua própria experiência de vida, seus estudos e
suas conclusões. Em Thelema um código padronizado de conduta é impossibilitado
pela inexistência de dogmas ou interpretações oficiais ou "corretas"
de qualquer um dos textos sagrados.
O Fim do Eon
Ao contrário da absoluta maioria das religiões, que se baseiam
em uma continuidade eterna de suas verdades espirituais, dentro do próprio
Liber AL vel Legis já se prenuncia o fim da validade da fórmula atual de
Thelema (Liber AL III:34), na chamada queda do Grande Equinócio: quando
Hrumachis erguer-se-á e aquele da dupla baqueta assumirá meu trono e lugar. Um
outro profeta deverá erguer-se, e trazer febre fresca dos céus; uma outra
mulher despertará a volúpia e a adoração da Serpente; uma outra alma de Deus e
da besta misturar-se-á no sacerdote englobado, um outro sacrifício maculará a
tumba; um outro rei deverá reinar; e a bênção não mais será derramada Ao
místico Senhor da cabeça de Falcão.
Isso se deve à idéia thelemica de que a evolução espiritual
humana baseia-se em ciclos, chamados Eons, cada um regido por um arquétipo,
normalmente representado por uma divindade egípcia entre os thelemitas. Até
hoje dois ciclos foram completados:
• Eon de Ísis - A época da Deusa Mãe, onde o ser humano cultuava
os aspectos femininos da nutrição. O ser humano é visto espiritualmente como um
bebê de colo.
• Eon de Osíris - A época do Deus Pai, cultuando-se os aspectos
masculinos da ordem e do sacrifício. Entende-se o ser humano espiritualmente
como uma criança que já não mais se nutre do leite materno, mas necessita ainda
do amparo e da disciplina paternas.
Thelema atua dentro do terceiro ciclo, o Novo Eon:
• Eon de Hórus - A época do Deus Interior, onde cultua-se a
individuação (não o individualismo), nos aspectos hermafroditas, equilibrando
masculino e feminino, disciplina e compaixão. O ser humano evolui até a
maturidade, não necessitando mais de divindades externas e tornando-se ele
próprio um deus em seu próprio contexto.
Crowley assume que o próximo Eon - que deve ocorrer por volta do
ano 3100, será o de Maat, a deusa da Justiça, quando a fórmula atual já terá
cumprido seu objetivo e não será mais necessária, devendo deixar um novo
pensamento tomar lugar no mundo.
Lugares
Importantes
Cefalú
Em 1920 Crowley fundou na cidade de Cefalú, sul da Itália, uma
comunidade à qual deu o nome de Abadia de Thelema. Nesta comunidade foi escrito
um de seus mais pungentes livros, "Diary of a Droug Fiend" ("Diário de Um Viciado
em Drogas"), onde conta sua luta para livrar-se do vício em heroína
(adquirido como forma de tratamento da época para a asma) e sua derrota. Sua
filha, Anna Leah morreu ali de febre tifóide ainda na infância, ocasionando um
dos momentos de maior dor na vida de Crowley.
Raoul Loveday discípulo de Crowley e morador da Abadia morreu lá
de infecção e sua esposa, Betty May, narrou o caso de forma sensacionalista
para tablóides britânicos. Isso resultou em um escândalo que fez com que o
governo fascista de Benito Mussolini expulsasse Crowley da Itália em 1923. As
ruínas da Abadia, cujas paredes ainda exibem pinturas murais de Crowley, atraem
turistas até hoje. Próximo a elas, algumas vezes encontram-se pequenas cruzes
de madeira cobertas de rosas.
Boleskine
Em outubro de 1899 Crowley comprou uma mansão às margens do lago
Loch Ness, próximo à Inverness, na Escócia, chamada de Boleskine. Lá realizou o
rito de Abramelin, cuja execução completa durou um ano e meio. Por este motivo,
Boleskine é considerada como o "Leste Mágico" de Thelema, similar à
Meca dos muçulmanos. Lá foi também executada pela primeira vez o mais
importante rito da Ordo Templi Orientis, a Missa Gnóstica - Liber XV.
A casa mudou de donos várias vezes e nos últimos anos foi
propriedade do músico Jimmy Page, guitarrista do grupo Led Zeppelin. Page é um
dos maiores colecionadores de materiais relativos a Crowley e permite que
turistas acampem na propriedade.
Celebrações
Entre os thelemitas, os dias 8, 9 e 10 de abril são considerados
como sagrados, chamados de "Três Dias da Escritura do Livro da Lei".
Costuma-se celebrá-los lendo-se a cada dia o Capítulo correspondente.
Conforme definido pelos versículos II:36 a II:44, uma série de
celebrações são festejadas anualmente ou esporadicamente pelos thelemitas.
Celebrações Anuais
• As Festas das Estações: os Equinócios e Solstícios,
aproximadamente nos dias 20 dos meses de março, junho, setembro e dezembro
• O Supremo Ritual: comemorado durante o Ano Novo Astrológico,
no Solstício de março (corresponde ao Ano Novo Thelemico)
• Os Três Dias de Escritura do Livro da Lei: em celebração à
escrita do Liber AL vel Legis, nos dias 8, 9 e 10 de abril
• Primeira Noite do Profeta e Sua Noiva: comemorando a união de
Crowley e Rose Kelly, que resultou no Livro da Lei, no dia [12 de agosto]
• O Equinócio dos Deuses: comemorado durante o Equinócio de
Outono
Também é muito comum entre os thelemitas que se comemore o
Nascimento do Profeta (12 de outubro) e a Morte do Profeta (1º de dezembro).
Celebrações Esporádicas
• Festa para o Fogo: maturidade de um menino, em seu aniversário
de 14 anos
• Festa para a Água: maturidade de uma menina, no dia de sua
menstruação
• Festa para a Vida: nascimento de uma criança
• Festa para a Morte: também chamado de Grande Celebração, no
falecimento de um thelemita
Números
Importantes
Já na leitura do Liber AL vel Legis percebe-se que os números
ocupam um lugar importante dentro da simbologia thelemica. Em Liber AL I:3 há
uma pista em relação a isso quando se diz que "todo número é infinito, não
há diferença". Assim, todo número assume uma condição especial, com um
denominador comum. Alguns números são conhecidos por seu uso regular na
simbologia thelemica:
• 31 - Não presente no Liber AL vel Legis mas, de acordo com
Crowley, é "a chave para o Livro da Lei", uma vez que o termo
hebraico "EL" - que geralmente é utilizado para representar Deus -
possui esse valor dentro da Gematria, a numerologia cabalística.
• 93 - É o próprio valor numérico de Thelema, bem como de Agape
(o Amor sublime que é citado na segunda injunção da Lei de Thelema). Desta
forma, Vontade e Amor são correspondentes dentro da filosofia thelemica.
• 11 - Correspondendo à soma de 5 (o Microcosmo) com 6 (o
Macrocosmo), representa o todo, a Grande Obra. É também relativo à 11ª Esfera
da Árvore da Vida, Daath, cujo Abismo deve ser cruzado para que se chegue ao
pleno auto-conhecimento.
• 220 - É a totalidade do Universo.
• 418 - Valor numérico da palavra "Abrahadabra",
considerada por Crowley como a fórmula mágica do Novo Eon.
• 666 - Número de catálogo da Estela da Revelação no Museu
Boulaq, onde estava. Costuma ser considerado pelo cristianismo como o número do
Anti-Cristo, mas dentro do ocultismo (vide quadrado mágico do Sol para mais
detalhes) é o número correspondente ao Sol, símbolo do Self para a filosofia
thelemica, não recebendo conotações ligadas ao mal.
Thelema Hoje
A Diversidade do Pensamento Thelemico
O núcleo do pensamento thelemico é a Lei de Thelema: "Faze
o que tu queres será o todo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade."
Contudo existe uma vasta variedade de interpretações para esta Lei, sendo cada
adepto de Thelema possui a sua e cada uma delas é considerada correta dentro do
escopo individual. Thelemitas evitam fortemente todo tipo de pensamento
dogmático ou fundamentalista a respeito da Lei de Thelema, o que torna Thelema,
nos dias de hoje, uma filosofia ou religião altamente sincrética. Crowley
colocou forte ênfase na natureza única da Vontade inerente a cada indivíduo,
insistindo que não deveria ser seguido em suas idéias particulares ou em seu
caminho individual, dizendo que não desejava ser mais um em meio a muitos.
Desta forma, muitos thelemitas entendem Thelema como uma
religião em si enquanto outros seguem outras religiões como o Discordianismo,
Wicca, Gnosticismo, Satanismo, Cristianismo (em suas várias vertentes),
religiões afro como a Umbanda, o Candomblé ou o Voodoo, ou mesmo Agnosticismo
ou Ateísmo. Reconhecendo as ligações entre as práticas thelemicas e as de
outras linhas de magia ou religiões, muitos thelemitas praticam métodos
provenientes das mais diversas fontes como o Taoísmo, o Tantra, a Astrologia, a
Cabalá, Magia do Caos e outras.
Alguns thelemitas aceitam o Liber AL vel Legis, mas não os
outros trabalhos de Crowley (sejam ou não "inspirados"), ou seus
ensinamentos. Outros tomam aspectos específicos do sistema como um todo - tal
como as práticas de Magick - e ignoram o resto. Alguns preferem criar seus
próprios sistemas, sem problemas em distanciar-se do pensamento original de
Crowley, tal como Maggie Ingalls (Nema) e sua "Maat Magick", ou
Keneth Grant. Todos estes são considerados thelemitas.
Literatura
Thelemica Crowleyana
Aleister Crowley escreveu intensamente sobre Thelema durante
mais de 35 anos e muitos dos seus livros estão em catálogo até os dias de hoje,
sendo que vários textos podem ser encontrados livremente na Internet. Os textos
clássicos de Crowley dividem-se em dois tipos básicos: os Libri (plural de
Liber) e os textos escritos como cartas, livros, artigos e outros livremente
criados. Os Libri, em sua marioria escritos "inspirados" (sagrados)
ou criados como instruções para a Astrum Argentum ou ritos são classificados da
seguinte forma:
• Classe A - Textos considerados sagrados e que não podem ser
modificados de forma alguma
• Classe B - Textos considerados inspirados mas não sagrados
• Classe C - Textos considerados de grande importância
• Classe D - Rituais e instruções oficiais
• Classe E - Explicações e ensaios
Literatura
Thelemica Contemporânea
Outros autores têm produzido uma extensa literatura thelemica,
ampliando o conhecimento e o campo de visão sobre Thelema, sua filosofia, seus
rituais, etc. Dentre os grandes autores podem ser citados Charles Stansfeld
Jones (Achad), cujos trabalhos sobre Cabalá ainda são publicados.
Jack Parsons, cientista do Instituto de Tecnologia da
Califórnia, um dos primeiros discípulos estadunidenses de Crowley e membro
líder de um grupo local da Ordo Templi Orientis. Ele escreveu vários textos
durante sua vida, alguns deles compilados no livro "Freedom is a Two-Edged
Sword" ("A Liberdade é uma Espada de Dois Gumes"). Morto em uma
explosão em seu laboratório particular, teve sua vida descrita em duas
biografias: "Sex and Rockets" ("Sexo e Foguetes"), de John
Carter, e "Strange Angel" ("Estranho Anjo"), de George
Pendle.
Israel Regardie não apenas editou muitos trabalhos de Crowley
como escreveu uma biografia sobre ele: "The Eye in the Triangle"
("O Olho no Triângulo"). Sua obra thelemica é restrita,
sendo mais conhecidos seus trabalhos sobre Cabalá (como "O Jardim das
Romãs") ou sobre a Ordem Hermética da Aurora Dourada.
Kenneth Grant escreveu vários livros sobre Thelema e sobre
ocultismo em geral, tais como "O Renascer da Magia", "Aleister
Crowley e o Deus Oculto", "Fora dos Círculos do Tempo" e "A
Fonte de Hécate".
Lon Milo Duquette é um dos mais prolíficos escritores thelemicos
atuais, com vários livros explorando o sistema mágico de Crowley, como
"Understanding Aleister Crowley's Thoth Tarot" ("Entendendo
o Tarot de Thoth de Aleister Crowley"), "The Chicken Qabalah
of Rabbi Lamed Ben Clifford" ("A Cabalá Galinácea do Rabi Lamed Ben
Clifford"), "The Magick of Aleister Crowley" ("A Magia de
Aleister Crowley") e "The Key to Solomon's Key." ("A Chave
para a Clavícula de Salomão").
Nema apresenta uma visão própria de Thelema, com elementos
Maatianos. Dentre seus vários livros destaca-se "A Magia Thelemica de
Maat".
Outros notáveis escritores
contemporâneos de Thelema incluem Jerry Edward Cornelius, Gerald del Campo, J.
Daniel Gunther, Allen H. Greenfield, Christopher Hyatt, Richard Kaczynski,
Jason Augustus Newcomb, Rodney Orpheus, James Wasserman, and Sam Webster.
Fora isso, várias publicações especializadas em Thelema podem
ser encontradas como "Doomsayer's Digest", "Cornelia",
"Journal of Thelemic Studies", "Light In Extension",
"Lion & Serpent" e "The Scarlet Letter", em sua maioria
editadas por grupos afiliados à Ordo Templi Orientis. No Brasil, a revista
"Safira Estrela" foi muito conhecida durante o início dos anos 90 mas
atualmente não é mais publicada. Em português existiu também a revista
eletrônica "eMagick", editada pela Loja Quetzalcoatl, grupo da O.T.O.
radicado no Rio de Janeiro.
Organizações
Thelemicas
O
Lamen (símbolo mágico)
e
marca registrada da Ordo Templi Orientis.
Várias organizações contemporâneas seguem os preceitos
thelemicos, aceitando ou não o Livro da Lei como sua obra sagrada. As mais
importantes foram comandadas por Aleister Crowley durante sua vida: a Astrum
Argentum (fundada por Crowley tendo por base os Graus iniciáticos da Aurora
Dourada) e a Ordo Templi Orientis, originalmente uma organização maçônica que
sob o comando de Crowley afastou-se da Maçonaria em termos de filosofia e
ritualística, não possuindo mais ligação nenhuma com esta. Dentro da O.T.O.
encontra-se também a Ecclesia Gnostica Catholica, seu braço religioso.
Desde a morte de Crowley em 1947 várias organizações foram
formadas sob a égide de Thelema ou adotaram-na como filosofia principal. Dentre
estas podemos citar o Colégio de Thelema de Phyllis Seckler, o Templo de
Thelema, a Ordem Typhoniana de Kenneth Grant, a Sociedade OTO de Marcelo Ramos
Motta (sem ligação com a Ordo Templi Orientis), a Ordem Thelemica da Aurora
Dourada, a Sagrada Ordem de Ra-Hoor-Khuit, a Ordem Aberta da Aurora Dourada, a
Ordem dos Cavaleiros Thelemicos e a Ordem dos Cavaleiros de Thelema de Euclydes
Lacerda (sem ligação com a Ordem dos Cavaleiros Thelemicos).
Outros grupos, ainda que não adotem Thelema como sua filosofia
principal, buscam inspiração nesta filosofia e em seus métodos, como os
Illuminati de Thanateros e o Templo de Set. Alguns grupos aceitam a Lei de
Thelema mas omitem certos aspectos do sistema de Crowley, incorporando o
trabalho de outros místicos, filósofos ou sistemas religiosos. Dentre estes
podemos citar a Fraternitas Saturnii, a Sociedade de Thelema, também alemã e a
Loja Horus-Maat de Nema. A presidente da Igreja de Todos os Mundos, LaSara
Firefox, identifica-se como thelemica e maga sexual, sendo que uma pequena
parte de seus seguidores também se identifica como thelemita.
Influência
Cultural
Ainda que em grande parte desconhecida das pessoas, a filosofia
thelemica exerceu influência em vários setores da cultura mundial,
principalmente na cultura pop e no meio musical.
Música
• Os Beatles, na capa de seu icônico disco "Sgt. Pepper's
Lonely Hearts Club Band" colocaram imagens de várias personalidades que
tiveram influência sobre sua música, dentre as quais está uma fotografia de
Aleister Crowley.
• O tecladista Graham Bond, líder da banda Graham Bond
Organisation gravou uma música intitulada "Holy Magick", baseada na
Missa Thelemica (Liber XV) de Crowley.
• A música "Quicksand", de David Bowie, do álbum
"Hunky Dory'" traz o trecho "sou ligado à Aurora Dourada, imerso
no imaginário uniforme de Crowley".
• Crowley aparece no início da música "Bal-a
Versailles", do grupo australiano de pub rock Cold Chisel.
• Um sem número de bandas e músicos de heavy metal incorporaram
o nome de Crowleyàs suas letras, ainda que pelo viés "satanista" do
ocultista do que por seu trabalho real. Tais letras costumam citar o uso por
vezes sarcástico ou blasfemo de Crowley do imaginário cristão, como o número
666.
• Ozzy Osbourne, em seu álbum solo "Blizzard of Ozz",
gravou a música "Mr. Crowley", sobre as crenças e posturas de
Crowley.
• O grupo Ministry faz referências a Crowley na letra de
"Golden Dawn", do disco "Rape and Honey", na qual
samplearam gravações de sua voz. No álbum "Psalm 69", nos versos
finais da música de mesmo nome, traz o trecho "A forma de se ter sucesso
ou o modo de sugar ovos", plagiada de "The Book of Lies"
("O Livro das Mentiras"), de Crowley.
• A banda de heavy metal Iron Maiden também faz referências a
Crowley em várias de suas músicas (como em "Moonchild, título de um
romance de Crowley, do álbum "Seventh Son of a Seventh Son"). Bruce
Dickinson, líder do grupo é fã de ocultismo e costuma fazer referências a
Crowley em seus projetos solo.
• Na Suécia existe a banda chamada Therion, abertamente ligada a
Thelema.
• A banda de thrash metal/black metal suíça Celtic Frost gravou
um álbum intitulado "To Mega Therion", um dos títulos adotados por
Crowley.
• O grupo alemão de power metal Edguy tem uma música, "Out
of Control", que cita Crowley nominalmente.
• O roqueiro performático Marilyn Manson já declarou ser Crowley
um de seus autores favoritos. Em seu álbum "Antichrist Superstar", a
frase "quando estiver sofrendo, saiba que eu terei te traído"
alegadamente baseia-se em um versículo do Livro da Lei: "Debandai! vós
zombadores; ainda que gargalheis em minha honra, vós não gargalhareis por muito
tempo; então quando estiverdes tristes sabereis que eu vos abandonei." (AL
II:56). Também na letra de "Disposable Teens" está a frase
"Jamais odiei um deus verdadeiro mas o deus daqueles a quem odeio",
parafraseada de "Confessions" ("Eu não odeio Deus ou Cristo, mas
apenas o Deus ou o Cristo daqueles a quem eu odiei"). Ainda na música
"Misery Machine" o coro canta "Tomemos o caminho da Abadia de
Thelema".
• O grupo experimental Coil, próximo ao final de seu remake do
vídeo da música "Tainted Love" (uma referência à AIDS) mostra as
frases "LOVE IS THE LAW" e "LOVE UNDER WILL", tiradas
diretamente da segunda parte da Lei de Thelema.
• O grupo britânico Current 93, que recebeu seu nome de um termo
diretamente referente à filosofia Thelemica, também chamada de Corrente 93,
manifesta extensa inspiração na obra de Crowley. O líder do grupo, David Tibet,
ex-membro da OTO, escreveu um artigo para a revista Flexipop sobre a influência
de Crowley na música contemporânea.
• O grupo de death metal Behemoth possui um disco intitulado
"Thelema 6"
• A banda de gothic rock britânica Fields of the Nephilim faz
várias referências a Thelema em seu trabalho, como nas músicas
"Moonchild" e "Love Under Will". O álbum "
Elizium" traz trechos da gravação da voz de Crowley lendo um de seus trabalhos.
• O grupo de música pop Alphaville, que possui em sua obra
vários exemplos de influência mística, gravou a faixa "Red Rose" em
homenagem à primeira esposa de Crowley, Rose Kelly, co-responsável pelo Liber
AL vel Legis, com referências a Thelema e outras ligações com o ocultismo.
• O grupo estadunidense de folk music Annwn gravou uma música
intitulada "The Scarlet Muse", sobre Leila Waddell, amante de
Crowley. O mesmo grupo, com o nome Nuit, gravou o álbum "Mother
Night", parcialmente baseado em conceitos thelemicos.
• O quarteto de nu metal estadunidense Mudvayne tem em seu álbum
"The End of All Things to Come" a sentença "a dor da divisão é
como nada, e a alegria da dissolução é tudo", retirado diretamente do
Livro da Lei (AL I:30). A Lei de Thelema é parafraseada em "(K)now F(orever)"
como "Faça o que quiser, faça isso a totalidade de sua lei".
• A banda de rock britânica Manic Street Preachers mostra uma
imagem de Crowley no vídeo de sua música "You Love Us".
• O guitarrista Jimmy Page, da banda Led Zeppelin é conhecido
por seus estudos de ocultismo dentro da filosofia thelemica, influência esta
que passou para várias músicas do grupo. Page também foi o proprietário de
Boleskine, antiga residência de Crowley, entre os anos 1971 e 1992. Um retrato
de Crowley já idoso aparece na capa do quarto álbum do Led Zeppelin, ("IV,
Zoso, Runes etc").
• John Frusciante, do Red Hot Chili Peppers é um admirador de
Crowley e suas músicas "666", "I'm Around",
"Emptiness" e "Look On" (do álbum solo "Inside of
Emptiness") são todas de inspiração thelemica.
• Raul Seixas não apenas teve uma série de músicas influenciadas
por Thelema, em parceria com Paulo Coelho e Marcelo Ramos Motta como gravou uma
versão musicada do "Liber Oz" e baseou nessa filosofia a criação de
sua Sociedade Alternativa.
• O grupo Os Mutantes, de Rita Lee possui também influência de
Thelema em algumas de suas músicas.
• A música MR. Crowley da banda Cradle of filth é uma clara
homenagem ao místico.
Cinema e
Televisão
Vários cineastas tiveram suas obras ou mesmo alguns de seus filmes
baseados nas idéias de Thelema ou fizeram filmes onde elementos desta filosofia
estão presentes.
• No filme "House of 1000 Corpses", do rockeiro Rob
Zombie, foi utilizada uma gravação da voz de Crowley lendo seu poema "The
Poet" ("O Poeta").
• O cineasta experimental Kenneth Anger possui obras inteiras
baseadas tanto na ritualística quanto na filosofia de Thelema. Os filmes
"Lucifer Rising" teve a trilha sonora composta por Jimmy Page
enquanto a de "Invocation of my Demon Brother" foi escrita por Mick
Jagger.
• No curta-metragem "Crowley", de 1987, apresenta um
monólogo onde o próprio Crowley (Ricardo Islas) fala sobre Thelema.
• O documentário uruguaio de 1990, ""Las cenizas de
Crowley" busca estabelecer uma biografia do ocultista inglês.
• O curta-metragem "Apocrifi sul caso Crowley", de
1994, é um pequeno documentário sobre os acontecimentos na Abadia de Thelema.
• Crowley é citado como uma das inspirações das religiões
satânicas estadunidenses no documentário "America's Best Kept
Secret", (EUA, 1998).
• A série de documentários britânica "Masters of
Darkness" teve um episódio dedicado a Aleister Crowley: Aleister Crowley -
The Wickedest Man in the World" (2002)
• O curta-metragem biográfico espanhol "Perdurabo" (um
dos nomes mágicos de Crowley), de 2003, conta um pouco da vida na Abadia de
Thelema.
• O curta-metragem canadense "Aleister Crowley: The Beast
666" (2007) mostra outra biografia de Crowley.
• O filme estadunidense "Abbey of Thelema", de 2007,
também conta, de forma mais romanceada, a história da Abadia em Cefalú.
• A animação de micro-metragem tcheca "The Adventure of a
Worm: A Short Tribute to Mr. Aleister Crowley, the Magus" (2008) faz uma
brincedeira com a vida e as idéias de Crowley.
• O longa-metragem brasileiro "Bellini e o Demônio" (2010)
utiliza o Livro da Lei e o nome de Aleister Crowley em seu roteiro, mas de
forma descontextualizada e com graves erros históricos.
Literatura
Fora a extensa literatura thelemica própria, vários autores
incorporaram as idéias de Thelema em seus escritos Alguns dos mais famosos são
Aldous Huxley, W. Somerset Maugham e Robert A. Heinlein. Fora da literatura
clássica, os quadrinistas e novelistas ingleses Neil Gaiman e Alan Moore são
fortemente influenciados pelo pensamento e obra de Crowley. A série de
quadrinhos "Promethea", de Moore traz numerosas referências não
apenas à filosofia de Thelema quanto a seu sistema de magia; sendo que o
próprio Crowley é citado ou aparece em diversos pontos da história. Gaimann, em
seu livro "As Belas e Terríveis Maldições" tem como um dos
personagens centrais um demônio bem humorado chamado Crowley, que termina
ajudando a salvar o mundo do Apocalipse. A visão do divino de Thelema aparece
em sua série de romances interligados "Deuses Americanos", "Os
Filhos de Anansi", etc.
Thelema no Brasil
A introdução de Thelema no Brasil ocorreu com a chegada da
Fraternitas Rosicruciana Antiqua, de Arnold Krumm-Heller, em fevereiro de 1933.
Além de ter os seus rituais dos primeiro e segundo graus calcados no Liber Al
vel Legis, e de haver publicado, pioneiramente, em sua revista GNOSE vários
artigos de Aleister Crowley, os irmãos da FRA denominavam-se Thelemitas, ainda
que disso não fizessem alarde, e muito menos proselitismo.
Contudo, a ocultação dos ensinamentos do Mestre Therion acabou,
com o ingresso de Marcelo Ramos Motta na A.•. A.•., cerca de trinta anos
depois, na década de 1960. Saindo da FRA, por não aceitar a maneira velada com
que tratavam os ensinamentos thelemicos, Marcelo Motta tornou-se discípulo de
Karl Germer na A.•. A.•., e, baseando-se no fato de seu Mestre ser também líder
internacional da Ordo Templi Orientis tentou assumir a liderança desta Ordem na
ocasião da morte de Germer. Todavia, perdeu a batalha judicial, mesmo tendo
criado, nos EUA, a Society-OTO, organização sem ligação com a OTO, mas, ainda
assim, primeiro grupo thelemico, após a FRA, a atuar no Brasil de forma
regular. Contudo, após a morte de Motta, as atividades da S-OTO foram
diminuindo gradativamente até praticamente não se manterem mais.
Na década de 1980, o Mestre Genelohim, Iniciado egresso da FRA,
criou, em Niterói e no Rio de Janeiro, o Sagrado Círculo de Thelema - SCT, com
o objetivo de divulgar os ensinamentos do Mestre Therion, já que a FRA
permanecia ocultando-os. Mas os mestres do SCT foram surpreendidos com a Ordem
Superior da Hierarquia, determinando a recepção de uma nova mensagem de Horus,
o Novo Livro da Lei (NLL), que seria, na visão dos membros do SCT, a qual não é
compartilhada pela maior parte dos seguidores de Thelema, o continuador e
atualizador do Liber Al vel Legis recebido em 1904 pelo Mestre Therion. Ainda
hoje o SCT continua atuante, divulgando essa nova mensagem e os elementos que
criou: a Spira Legis e o Oráculo de Thelema.
Em novembro de 1995 é fundado o primeiro Corpo Local (grupo
oficial) da OTO no Brasil, o Acampamento Sol no Sul, embrião do Oásis
Quetzalcoatl, atualmente Loja Quetzalcoatl, grupo thelemico ainda em atividade
no Rio de Janeiro. A Ordo Templi Orientis conta também com outro Corpo Local no
estado de Minas Gerais, o Acampamento Opus Solis. Funcionando continuamente
desde sua chegada ao Brasil, a OTO é a mais regular presença thelemica em
terras brasileiras e principal fonte de referência.
Outros grupos thelemicos também tiveram , como a Loja Nova Isis,
em Niterói, estado do Rio de Janeiro e a Ordem dos Cavaleiros de Thelema. Ainda
ativo encontra-se o Collegium ad Lux et Nox, organização não-iniciática voltada
para o ensino de magia sob a égide thelemica.
A Lei de Thelema
também foi divulgada no Brasil por Raul Seixas na década de 1970. Inclusive, Raul
Seixas e Paulo Coelho chegaram a criar a Sociedade Alternativa baseada nos
preceitos do Livro da Lei de Crowley. A música Sociedade Alternativa é um
grande exemplo disso. Na música A Lei, Raul Seixas chega a ditar todos os
preceitos do Livro da Lei.
Thelema em
Religião Comparada
Thelema vem atraindo muita atenção nos últimos anos de
estudiosos de outras linhas religiosas, especialmente dos interessados em novos
movimentos religiosos, como o Gnosticismo Contemporâneo e o Hermetismo. Talvez
a tentativa mais fora do comum tenha sido feita pelo bispo Frederico Tolli, em
seu livro ((em alemão)) "Thelema — Im Spannungsfeld zwischen Christentum,
Logentradition und New Aeon" ("Thelema - Na Tensão Entre o Cristianismo,
a Tradição e o Novo Eon"). Para Tolli, Thelema é uma consequência
dialética do Cristianismo. A Cristiandade, para Tolli, existe como uma
comunidade em Cristo, de forma que Thelema seria uma resposta individualística
para o mundo.
Tomando de um dicionário teológico de 1938 (para o Novo
Testamento) o conceito de "salvação histórica" (Heilsgeschichte) teve
grande efeito no pensamento de Tolli e é neste conceito que ele discute
Thelema. Tolli vê o Heilsgeschichte de Crowley como aquele em que o todo do
Universo (logo, a Vontade de Deus) está para se combinar (análogo à fórmula
alquímica do "coagula"). O Amor, na forma da combinação atrativa
("Amor é a lei, amor sob vontade") é um princípio universal, estando
assim próximo ao conceito de uma religião natural. A principal diferença, para
Tolli, é que na Cristiandade a salvação do Universo como um todo
("Ganzheit") não pode ser feita pelo homem solipsista. O bispo vê
Crowley como um artista ou um "mistagogo" falho - ainda que brilhante
- mas não como "satanista". O mérito e contribuição do bispo Tolli
para os estudos thelemicos reside no fato de ter primeiro experimentado uma
genuína compreensão de que a idéia de Thelema não necessariamente contradiz os
ensinamentos de Jesus, como o próprio Crowley afirmava.
Outras Leituras
• Del Campo, Gerald. Rabelais:
The First Thelemite. The Order of Thelemic Knights.
• Melton, J. Gordon (1983).
"Thelemic Magick in America." Alternatives to American Mainline
Churches, ed. Joseph H. Fichter. Barrytown, NY: Unification Theological
Seminary.
• Starr, Martin P. (2004) A Hundred
Years Hence: Visions of a Thelemic Future (Conference Paper presented at the
Thelema Beyond Crowley )
• Starr, Martin P. (2003). The Unknown
God: W.T. Smith and the Thelemites. Bolingbrook, IL: Teitan Press.
• van Egmond, Daniel (1998).
"Western Esoteric Schools in the Late Nineteenth and Early Twentieth
Centuries." in van den Broek, Roelof and Hanegraaff, Wouter J. Gnosis and
Hermeticism From Antiquity To Modern Times. Albany: State University of New
York Press.
Textos de Aleister Crowley ((em inglês))
• OTO-USA Web Library - Coleção limitada de textos de alta
qualidade, incluindo quase todos os Libri Classe A
• The Libri of Aleister Crowley - Extensa coleção de obras de
Aleister Crowley (alguns documentos contém erros ou omissões)
Notas e
referências
1. ↑ Não há um consenso sobre a tradução da Lei de Thelema para
o Português. Além da tradução apresentada neste artigo existem outras versões
como "Faze o que tu queres deverá ser o todo da Lei." (OTO/Pt),
"Faze o que tu queres pois é tudo da
Lei." (Raul Seixas), "Faze o que tu queres há de ser o todo da
Lei." (Marcelo Motta) e outras. Desde que seja mantido o estilo literário
utilizado, não seja alterada a pontuação da frase e que se respeite o uso da
maiúscula em "Lei" todas são consideradas válidas. A forma aqui
colocada é a utilizada pela OTO brasileira.
ATENÇÃO: Em minhas experiências pessoais, soube que o Tarô de Crowley é incorreto, no que diz respeito as correspondências com letras hebraicas. De forma, que acredita-se que ele pode ter feito isso propositalmente, para levar a quem estuda a determinadas experiências "negativas". Então, está avisado.
Baralho de Taro
que Crowley desenvolveu e Lady Frieda Harris ilustrou:
Arcano I.
O Mago
O Verdadeiro Eu é
o significado da Verdadeira Vontade:
Conhecete-te a ti
mesmo segundo o teu Caminho.
Calcule bem a Fórmula
do Teu Caminho.
Criar livremente;
absorver alegremente; dividir atentamente;
consolidar
completamente.
Trabalho tu, Onipotente,
Onisciente, Onipresente,
em e pela
Eternidade.
Aquele que realiza, trabalhador, o que põe em prática,
habilidade, astuto, sábio, sabedoria,
impulso rápido,
inteligência.
Sabedoria, habilidade, destreza, a elasticidade de artesanato,
astúcia, engano, roubo. Às vezes, sabedoria oculta ou poder, às vezes um
impulso rápido, um de ondas cerebrais ". Pode implicar mensagens, transações
de negócios, a interferência de aprendizagem ou de inteligência com o assunto
em mãos.
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Arcano II
A Sacerdotiza
Pureza é viver
apenas para o Altíssimo,
e o Altíssimo é
Todo;
sejas tu como
Artemis para Pan
Lê no Livro da
Lei, e abra-te passo
através do véu da
Virgem.
Intuição, confiança, boa influência, troca, alternância,
necessidade de manter o equilíbrio.
Influência, exaltadas e gracioso entra no assunto. Assim,
mudança, alternância aumentar, ou diminuir, de flutuação. Há, no entanto, um
passivo a ser levado pelo entusiasmo; pode tornar-se uma
"lua-golpeado" a menos cuidadoso equilíbrio é mantido.
|
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Arcano III
A Imperatriz
Esta é a Harmonia
do universo, que o Amor
se una a Vontade
para criar com a Compreensão
dessa Criação:
Compreende tu a
tua própria
Vontade.
Ame e deixe amar.
Alegrai-vos em cada forma de amor,
e obtenha o teu
êxtase e teu alimento dele.
Amor, beleza, felicidade, determinação, fertilidade, amizade,
doçura, êxito, equilíbrio, consecução, prazer, sucesso, realização,
graciosidade, elegância, luxo, ociosidade, dissipação, libertinagem,
gentileza, prazer.
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Arcano IV
O Imperador
descobre-te em
cada Estrela.
Leve à cabo toda
possibilidade.
Use toda a
energia para governar teu pensamento:
queima
o teu pensamento
como a Fênix.
Vitória, conquista, guerra, ambição, integralidade,
estabilidade, poder, tendencioso, obstinado, guerra, vitória, conflito,
ambição, originalidade, confiança jactanciosa e megalomania, belicosidade,
energia, vigor, teimosia, impraticabilidade, precipitação, têmpera-tratos.
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Arcano V
O Hierofante
Oferece-te Virgem
ao Conhecimento e
Conversação do
teu Sagrado Anjo Guardião.
Tudo mais é uma armadilha.
Seja um atleta nos
oitos ramos do Yoga: pois
sem elas não
estás disciplinado para
luta alguma.
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Arcano VI
Os Amantes
é a Voz da
Criança do Amor
em Tua própria
Alma; escuta-a.
Ouça a Voz da
Sereia dos Sentidos,
ou a Voz do
Espectro da Razão;
descansa na
Simplicidade, e escuta o Silêncio.
abertura à inspiração, intuição, inteligência, segundo a visão,
infantilidade, frivolidade, divorciado da consideração de ordem prática, a
indecisão, auto-contradição união, em um grau superficial com os outros,
instabilidade, contradição, trivialidade, o "testa alta".
|
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Arcano VII
A Carruagem
A Prole do
Abutre, Dois-em-Um, unidos;
transmitida;
esta é a
Carruagem do Poder.
TRINC: o oráculo
passado.
O último oráculo.
Multiplicidade de idéias, vitória, decisão, fidelidade,
impiedoso, esperança,obediência, autoridade sob a autoridade, triunfo,
esperança, a autoridade de memória, digestão, violência na manutenção de
idéias tradicionais, crueldade, luxúria de destruição, obediência,
fidelidade, sob autoridade.
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Arcano VIII
O Ajustamento
Contrapese cada
pensamento
com seu oposto exato.
Pois o Matrimônio
destes
é a Aniquilação
da Ilusão.
Ajustamento, busca do equilíbrio, pactos, Justiça, ou melhor,
justesse, o ato de ajuste, a suspensão de todas as decisões de ação pendente;
em matéria material, pode se referir a processos judiciais ou processos.
Socialmente, casamento ou contratos de casamento; politicamente, tratados.
|
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Arcano IX
O Eremita
Vá só; leve a Luz
e o Báculo.
E que a Luz seja
tão brilhante que nada te veja.
Que nada de fora
ou de dentro te influencie:
guarda sempre
Silêncio
em todos os
sentidos.
Introspecção, estudo, reflexão, planos práticos, solidão, o grande
buscador, pureza do caminho, Iluminação do interior, impulso secreto de
dentro; planos práticos derivados em conformidade. Aposentadoria da
participação em eventos atuais.
|
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Arcano X
A Fortuna
O eixo não se
move: tu que deverá atingir.
alcance-o.
Mudança de sorte, estabilidade, matéria, interiorização, fase,
movimento, oportunidades constantes, boa fortuna.
Mudança de fortuna. (Isso geralmente significa boa sorte, porque
o fato da consulta implica ansiedade ou descontentamento).
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Arcano XI
A Luxúria (O
Tesão)
Modere a Energia
com Amor,
mas deixe o Amor
devorar todas as coisas
Adore o nome
____, quadrangular, místico,
maravilhoso, e o
nome de Sua Casa 418.
Ansiedade, domínio da situação, valor, energia, força, geração, coragem,
energia e ação, une a paixão grande, recorrer à magia, o uso de poder mágico.
|
<><><><><><><><> </><><><><><><><><> </>
Arcano XII
O Homem Pendurado
E, uma vez tenhas
chegado a praia, planta a
Videira e goze
sem envergonhar-se.
Sacrifício sob vontade, superação, sofrimento inevitável e
imposto, forçados sacrifícios, castigo, perda fatal ou voluntária, derrota,
fracasso, morte.
|
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Arcano XIII
A Morte
efeito de um Ato
de Amor, todos os Atos de Amor
contém pura
alegria. Morrem diariamente. A morte é o ápice de uma curva da Vida da
serpente:
contemple todos
os opostos como complementos necessários e regozija-te.
Transformação consciente, necessidade de renovação, fim de uma
etapa, desenvolvimento lógico de uma situação, morte ou destruição manifestadas,
mudança, voluntário ou involuntário, em qualquer caso, o desenvolvimento
lógico das condições existentes, mas talvez repentina e inesperada. Aparente
morte ou destruição, mas tal interpretação é ilusão.
|
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Arcano XIV
A Arte
do Vaso em tua
mão direita,
sem perder nenhuma
gota.
Não tem a tua mão
esquerda um vaso?
Transmuta tudo na
Imagem de tua Vontade,
e leve cada coisa
a seu verdadeiro signo de Perfeição.
Dissolva a Pérola
na Taça de vinho; bebe, e põe de manifesto a Virtude dessa Pérola.
Combinação de forças, união perfeita, realização, ação baseadas
em cálculos corretos após elaboradas manobras, o caminho de fuga, sucesso.
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Arcano XV
O Diabo
Com teu Olho
direito cria tudo para ti,
e com o esquerdo
aceite tudo criado de outra forma.
Confusão, libido, impulso cego, rigidez, tudo o que foge ao
controle da vontade, iniciação,
obstinação, desequilíbrio, unidade, irresistivelmente forte e
inescrupuloso, ambição, tentação, obsessão, plano secreto prestes a ser
executado; trabalho duro, a rigidez, obstinação descontentamento dor,
resistência.
|
<><><><><><><><></><><><><><><><><> </>
Arcano XVI
A Torre
para que tua
Verdade saia liberta de suas ruínas.
Transformação radical, perigo, ruína, combate, morte repentina, disputa,
destruição de planos, morte súbita, fuga da prisão.
|
<><><><><><><><> </><><><><><><><><></>
Arcano XVII
A Estrela
assim, tu serás uma
fonte para o Universo.
Veja tu mesmo em
toda Estrela.
Alcance todas as
tuas possibilidades.
Dedica toda tua
energia a governar tua mente:
queima teus
pensamentos como a Fênix.
Claridade de visão e de idéias, ajuda inesperada, julgamento errôneo, decepção, precepção de
possibilidades, ilusão, visão espiritual, esperança, a realização de
possibilidades, discernimento espiritual, com aspectos ruins, erro de
julgamento, devaneio, desapontamento.
|
<><><><><><><><> </><><><><><><><><></>
Arcano XVIII
A Lua
Desligue-se da
Ilusão do Mundo; não lhe preste atenção,
quando passares
da Meia-noite à Manhã.
|
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Arcano XIX
O Sol
Projete sem
reparos tua luz no todo;
as nuvens e
sombras carecem para ti de importância.
Faz da Palavra e do
Silêncio, da Energia e da Calma
formas gêmeas de
teu jogo.
Glória, riqueza, sucesso, proteção, ganância, arrogância, união
de forças, ganho, triunfo, prazer, franqueza, verdade, despudor, vaidade,
manifestação, a recuperação da doença, mas às vezes morte súbita.
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Arcano XX
O Aeon
Seja todo Ato um
Ato de Amor e Adoração.
Seja todo Ato o
Fiat de um Deus.
Seja todo Ato uma
fonte de Glória radiante.
Olhar para frente, rompimento radical com o passado, novos
projetos, futuro, nascimento;
decisão final em relação ao passado, nova corrente em relação ao
futuro, sempre representa a tomada de um passo definitivo.
|
<><><><><><><><></><><><><><><><><>
</>
Arcano XXI
O Universo
Tratar o tempo e
todas as condições dos Eventos
como Servos de
tua Vontade,
designados para
apresentar o Universo para
ti em forma de
teu Plano.
E: bênção e
adoração ao profeta da
amável Estrela.
Expansão, rompimento com as limitações, inércia, demora na
realização, paciência, perseverança, cristalização de algo muito desejado e
importante, A questão de a pergunta em si, a síntese, o fim da questão, pode
significar atraso oposição, obstinação, teimosia persistente na dificuldade.
A cristalização de toda a questão envolvida.
|
Vontade pura,
desaliviada da ânsia de resultado, é de todo perfeita
Aleister Crowley
Pois é pessoal, faz um ano que um amigo e integrante do Grupo de Astrologia_autoconhecimento, o Antônio Guilherme Dolzan, faleceu. Ele adorava Crowley. E eu sempre dizia a ele, que o mínimo que se espera quando se estuda Aleister Crowley, é PRUDÊNCIA. Ele estava no Retorno de Saturno e aos 29 anos nos deixou.
ResponderExcluirEu somente postei este recado, para alertar a todos que se aventuram.
eu li tudo que voce postou, obrigado pela informação.
ResponderExcluirO baralho dele é intrigante, realmente Prudencia é o fundamento. Mas ainda quero um livro que seja base, se puder me indicar um , aceito.
Obrigado.
Muito bom, eu li tudo, mas achei que fosse fazer a explanação dos arcanos, a razão dele ter trocado alguns etc.
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